O INDY (ponto) FIM
Por que não?
MIGUEL ESTEVES CARDOSO
SAIU ontem pela última vez o jornal que eu considerava meu: «O Independente». Por ele deixei o EXPRESSO. Num aziago momento de entusiasmo, Paulo Portas chegou a prometer que esse jornal que ambos fundámos haveria de ultrapassar o EXPRESSO. Não ultrapassou. E, passados dezoito anos, eis-me de novo a escrever no EXPRESSO — sobre a morte de «O Independente». É bem feito. Ironias como esta nunca são suficientes neste mundo. Só é pena calharem-me tanto a mim.
Se calhar, «O Independente» não era um jornal. Era uma campanha permanente. Havia tanto para fazer e mostrar, denunciar, experimentar e escrever! Por muitos princípios que tivéssemos, o mais forte deles todos sempre foi o «Por que não?». Para mais, era um «por que não?» cheio de pressa. E de prazer.
Que não desanime quem tem hoje vinte ou trinta anos e vontade de fazer um jornal capaz de sacudir o país: «O Independente» fez-se; fez-se como tinha sido imaginado e foi um êxito durante muito tempo. Foi fácil fazê-lo. Não foi fácil mantê-lo. Mas lá foi arejando, divertindo e dando que pensar. Tinha que se lesse e que se visse.
Valeu a pena.
in, EXPRESSO, corpo principal, 2 SETEMBRO 06, p. 25
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