\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quarta-feira, abril 01, 2009

Crónica de Nenhures

O Futuro da Ibéria
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O principal legado político de Alexandre, Aníbal, César, Carlos Magno, Napoleão, Lenine, Hitler, foi a mudança de paradigma na sociedade que lhes sucedeu. Depois deles, nada mais foi como era. O ‘mundo de ontem’ acabara. Uma nova realidade surgia por entre os escombros da velha ordem. Assim foi, e assim será.
Por três vezes a península ibérica esteve unificada politicamente: durante a ocupação romana, a visigoda e entre 1580 e 1640. Contudo, durante esses dois períodos temporais, muitas foram as revoltas dos autóctones contra o jugo de Roma, de que é exemplo a luta do povo lusitano liderado por Viriato, e contra Castela, com as revoltas em Portugal e na Catalunha.
A nova ordem mundial, nascida após o final da Segunda Grande Guerra, impôs uma bipolarização entre os EUA e a então URSS. A satelização de países em torno das duas grandes potências caracterizou aquele período, que terminou na década de oitenta do século passado.
Na região europeia dos Balcãs, teve lugar a unificação forçada de vários povos sob o jugo de um ditador, Josip Broz Tito, que criou uma entidade política contra-natura, a Jugoslávia. Passadas duas décadas e meia, as consequências daquela situação ainda não foram totalmente resolvidas. Bósnia, Croácia, Kosovo, Montenegro, são nomes que continuam a fazer parte do léxico político corrente.
Após a união Romana, a Ibéria dividiu-se entre Suevos e Visigodos. Depois vieram os Árabes, que quase a ocuparam totalmente. A resistência às gentes do Islão deu lugar à Reconquista, que por sua vez originou vários reinos, os quais criaram ao longo do tempo factores que os individualizavam. A unificação ocorrida em 1580 foi feita pela força, resultado de uma querela dinástica. Castela era, na época, a potência dominante numa Península com entidades políticas bem definidas.
Já no século XX, as tentativas de unificação protagonizadas por Afonso XIII, esbarraram sempre contra a vontade da potência marítima de então, a Inglaterra. E, hoje a Península Ibérica vive uma situação política que, a breve prazo, poderá e deverá ver surgir três novos Estados: Catalunha, Galiza e País Basco!
Hoje, as línguas oficialmente faladas na Península Ibérica são o basco, o catalão, o espanhol, o galego e o português. E todas elas correspondem a Estados geográfica e etnicamente perfeitamente definidos.
O Futuro da Ibéria tem que representar o início do processo da independência daqueles povos que, no passado mais recente, a ditadura franquista tanto sufocou.
Mário Casa Nova Martins