Dia Mundial da Poesia
Amor que morre
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.
E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!
FLORBELA ESPANCA
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O Outro
Vão para ti, amor de algum dia,
os gritos rubros da minha alma em sangue;
vives em mim, corres-me nas veias,
andas a vibrar
na minha carne exangue!
Mas, quando nos teus olhos poisa o meu olhar
enoitado e triste,
vejo-te diferente…
Aquele que tu eras, e que eu amo ainda,
perdeu-se de ti
…e só em mim existe!
Agosto, 1924, JUDITH TEIXEIRA
Vão para ti, amor de algum dia,
os gritos rubros da minha alma em sangue;
vives em mim, corres-me nas veias,
andas a vibrar
na minha carne exangue!
Mas, quando nos teus olhos poisa o meu olhar
enoitado e triste,
vejo-te diferente…
Aquele que tu eras, e que eu amo ainda,
perdeu-se de ti
…e só em mim existe!
Agosto, 1924, JUDITH TEIXEIRA
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por último
dia após dia volto às palavras
esgotando o ano as águas
sabendo que a cidade branca
a memória hão-de silenciar-me.
resisto séculos passado
se contra o silêncio escrevo
não temendo a defecção
ou os lugares desabitados.
antes das chuvas sinto a pele
abrindo estiolando na carne
as vinhas desordenadas
apodrecidas já dentro do corpo.
voltarei a lisboa ao poema litoral
cortando a noite o desejo breve
e nada direi da solidão do vento
nem do mar afundado na terra.
do ano que finda anoitece a lua
o fogo das ravinas o abismo cego
dos nomes dezembrinos rindo
esmagados pela violência do betão.
eu ainda não conheço as palavras
e menos sei do rumor emparedado.
Viseu, 2006-12-31, MARTIM DE GOUVEIA E SOUSA
dia após dia volto às palavras
esgotando o ano as águas
sabendo que a cidade branca
a memória hão-de silenciar-me.
resisto séculos passado
se contra o silêncio escrevo
não temendo a defecção
ou os lugares desabitados.
antes das chuvas sinto a pele
abrindo estiolando na carne
as vinhas desordenadas
apodrecidas já dentro do corpo.
voltarei a lisboa ao poema litoral
cortando a noite o desejo breve
e nada direi da solidão do vento
nem do mar afundado na terra.
do ano que finda anoitece a lua
o fogo das ravinas o abismo cego
dos nomes dezembrinos rindo
esmagados pela violência do betão.
eu ainda não conheço as palavras
e menos sei do rumor emparedado.
Viseu, 2006-12-31, MARTIM DE GOUVEIA E SOUSA
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FADO LUSÍADA
Que geração tão sem par
(assunção d’ar, terra e mar)
ao nosso olhar se descerra?
esta floração solar
d’ombros em onda passar
- fez a guerra. Andou na guerra!
E é sem histórico estrondo
que a pátria os contempla e guarda,
no metal que vai impondo
ao peito de cada farda.
Sem o mais leve desdouro
de qualquer outro tesouro
(povo meu!) que idealizes,
vem aqui ouvir o coro:
- todo o coro das raízes!
Que geração tão sem par
(assunção d’ar, terra e mar)
ao nosso olhar se descerra?
esta floração solar
d’ombros em onda passar
- fez a guerra. Andou na guerra!
E é sem histórico estrondo
que a pátria os contempla e guarda,
no metal que vai impondo
ao peito de cada farda.
Sem o mais leve desdouro
de qualquer outro tesouro
(povo meu!) que idealizes,
vem aqui ouvir o coro:
- todo o coro das raízes!
RODRIGO EMÍLIO
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21 de Março de 2009, Dia Mundial da Poesia
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