Eleições na SCMP
Eleições na SCMP – III
Rumo à eternidade
Pouco distingue hoje o que foi o denominado Hospital Civil e a actual Santa Casa da Misericórdia de Portalegre em termos de fachada, arquitectura. Tal pode funcionar como imagem de um certo imobilismo que, infelizmente, caracteriza esta importante Instituição de Portalegre e seu Concelho.
Mas se hoje, segundo a sua Provedora em entrevista ao semanário Fonte Nova de terça-feira dia 6 de Dezembro de 2011, página 3, a SCMP tem saldo líquido positivo em termos financeiros, tempos houve em que a sua situação era de total ruptura financeira. E os culpados daquela situação de desgoverno da Instituição ‘passeiam-se’ impunemente, sem que alguma vez tivessem sido incomodados, responsabilizados pelos gravíssimos actos de gestão, e não só, que praticaram nos respectivos mandatos. Diga-se, contudo, em abono (?), que era gente da política de então dos partidos locais.
Graças à actual Provedora, esses tempos e essas práticas foram erradicadas da SCMP. Mas é importante determo-nos na supracitada entrevista ao Fonte Nova.
Está há dezoito anos à frente da Instituição. Se lhe é devido o saneamento económico-financeiro, também se diga que em quase duas décadas não conseguiu resolver o principal problema daquela Casa da Misericórdia, as instalações. Vai fazê-lo, afirma. Mas agora? Ao fim de dezoito anos é que estão criadas as condições para a construção de novas instalações e a recuperação do edifício principal? Acreditemos que sim.
Mas se a promessa de ‘obras’ é o leitmotiv da candidatura, a entrevista é mais do que isso.
Fica-se a saber que os Estatutos da SCMP terão que ser alterados para que se candidate de novo. E aqui surge a primeira interrogação. Porquê uma nova candidatura?
Na equipa que lidera há gente nova que tem capacidade para dar continuidade ao que a actual Direcção tem em consecução. Para que servem os Estatutos? Não é para que sejam cumpridos? Diz a Provedora que «“ainda não é altura de sair”, apontando o próximo mandato como o último».
É clássico que quando alguém assume um lugar de chefia, de liderança, à medida que o tempo passa se sinta como que ‘única’, insubstituível. A seguir a ela será o caos, o dilúvio, o fim. E sabe-se que os cemitérios estão cheios de insubstituíveis!
À medida que os mandatos se sucedem, seja à frente de uma equipa de futebol, se as coisas estiverem a correr bem, à frente de uma Junta de Freguesia, até se ser derrotado em eleições, ou à frente de uma Instituição de forte cariz corporativista, o sentimento de imunidade face à crítica, face a movimentos oposicionistas, é total. Todo e qualquer acto crítico é visto como afronta e ataque pessoal. Não é permitido discordar, não é permitido apresentar alternativas, tudo é considerado pessoal.
Acreditamos ser totalmente verdade quando «afirma ter passado, nos últimos anos por “muitas maledicências, mesquinhices, invenções, ataques à minha pessoa, ao meu passado activo e honrado, às pessoas que eu amo”». A cobardia do anonimato é um mal de sempre, e publicamente assumimos toda a solidariedade face a estas fortes afirmações.
Acreditamos que a Assembleia Geral vai permitir nova candidatura, e consequente eleição para novo mandato. Por que vai voltar a ganhar. A outra lista, partidária, totalmente ligada a uma facção do PSD local, não apresenta argumentos sólidos para ser alternativa.
Mas, então serão vinte e um anos à frente da SCMP, uma eternidade, a eternidade!
E não havia necessidade.
Mário Casa Nova Martins
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