\ A VOZ PORTALEGRENSE: A crise que Cavaco Silva 'prometera'

sexta-feira, março 25, 2011

A crise que Cavaco Silva 'prometera'

A crise que Cavaco Silva ‘prometera’

As promessas são para cumprir. E Aníbal Cavaco Silva cumpre o que promete. O seu ‘magistério de influência’, prometido para o segundo mandato como presidente da República, teve na passada quarta-feira dia 23 de Março uma primeira concretização. A crise política que provocara com o seu discurso da tomada de posse deu o primeiro fruto. O primeiro-ministro pediu a demissão, que foi de imediato aceite pelo presidente da República.
Como há muito afirmámos, a primeira consequência da reeleição de Cavaco Silva para o Palácio de Belém, seria a queda do Governo liderado por José Sócrates Pinto de Sousa. A recusa pelo Parlamento da República do denominado «PEC IV», não foi mais de o pretexto para ‘uma morte anunciada’.
O governo entregou na Assembleia da República a actualização do Programa de Estabilidade e Crescimento para 2012-2013, o «PEC IV». Os partidos políticos da oposição com assento parlamentar clarificaram a sua posição face à crise económico-financeira que Portugal enfrenta, através da apresentação de projectos de resolução que o vieram a inviabilizar. Votados esses projectos de resolução, o «PEC IV» é o nado-morto que conduz á apresentação da demissão do primeiro-ministro junto do presidente da República.
E ao pedir a demissão do Governo a que preside neste momento, quando o segundo mandato de Cavaco Silva está no início, o primeiro-ministro mostrou sentido de Estado, não protelando mais tempo ‘a crise política anunciada’, o que poderia trazer ainda mais custos de toda a ordem ao país.
É que o partido de Cavaco Silva, o PSD, e a Presidência da República, apenas ‘desejavam’ a crise política quando da votação do Orçamento de Estado para 2012, no próximo Outono, não se preocupando com a ‘paz podre’ que vem minado o sistema político português, e que de certeza iria progressivamente agudizar-se.
Portugal há muito entrara em campanha eleitoral. Há muito que o Governo ‘caíra’ na praça pública.
E agora?
O CDS realizou o seu XXIV Congresso nos passados dias 19 e 20 de Março em Viseu, onde consciente da proximidade de eleições legislativas antecipadas traçou as linhas mestras do Programa de Governo que irá apresentar ao eleitorado.
A defesa da independência política, ideológica e de estratégia face ao PSD foi o facto político mais relevante aprovado em Congresso. Assumindo que não existem diferenças programáticas de monta entre PSD e PS, clarificou a sua posição quanto ao resultado das próximas eleições legislativas. O CDS coloca o interesse de Portugal acima de estratégias de tomada de poder do PSD e de Cavaco Silva. Também, assim, abre espaço político de crescimento ao outro partido da Direita, o PNR, que tem neste momento a oportunidade histórica de eleger um deputado.
Já quanto à campanha eleitoral, o seu líder, Paulo Portas, avançou com três compromissos, sendo o primeiro que o CDS fará uma campanha pela positiva sem se envolver em polémicas gratuitas, o segundo que o CDS só fará compromissos que sejam exequíveis e financiáveis, e em terceiro lugar que o CDS fará em termos de gastos uma campanha austera.
À Esquerda, o PS tem a sua estratégia bem definida, assim como o BE. O PCP, eterno ‘aliado’ do PSD e compagnon de route de Aníbal Cavaco Silva, não consegue sair do gueto que é o antifascismo serôdio, parecendo que o tempo em que faz política é o de 24 de Abril de 1974.
Os dados estão lançados. A crise política aí está, e para durar!
Mário Casa Nova Martins