\ A VOZ PORTALEGRENSE: António Martinó de Azevedo Coutinho

segunda-feira, março 07, 2011

António Martinó de Azevedo Coutinho

O tema é interminável e, portanto, tem de ser dado por findo de modo “radical”.
O que atrás ficou exposto é -assim o creio- suficientemente explícito para mostrar que o caso Astérix/McDonald’s é apenas um banal episódio, inserido numa longa série, talvez empolado pelos valores materiais e imateriais em causa e pelo contexto, muito politizado...
Da imensidade de exemplos ainda disponíveis farei uma rigorosa selecção, apenas apresentando os dotados -pelo seu ineditismo ou pela curiosidade inerente- de interesse mais relevante. É claro que esta modalidade pecará sempre por ficar reduzida aos meus próprios e subjectivos critérios. Assumo a responsabilidade.
Recomeço com uma aventura de Tintin, praticamente desconhecida: As Aventuras da 2CV e a Caverna Assombrada. Trata-se de um folheto de 8 páginas com formato A4, editado pela Citroën em 1988, criado por Hergé e pelo seu colaborador Bob de Moor. Eis-nos, portanto, perante uma BD publicitária, envolvendo uma conhecida marca francesa de automóveis e um famoso herói belga.
Não se conhece, no entanto, qualquer reação chauvinista por parte dos franceses ou dos belgas...
E até houve reincidências, como se prova a seguir.
As Aventuras da 2CV e As Aventuras da 2CV e o Homem das Neves continuaram a saga, acrescentando os Dupont/d a Tintin, Milou e Haddock. Tudo normal no universo da publicidade, como no dos quadradinhos...
Mas estes universos por vezes algo promíscuos poderão ser um pouco mais baralhados. Então que tal mostrar como, neste mundo de “transferências” e de trocas sujeitas a “leilão”, então que tal mostrar que Tintin se poderá ter vendido ao “inimigo”?
Sabe-se, de há muito, das óbvias rivalidades entre os grandes fabricantes do mundo automóvel, como é, em França, o que se passa entre os gigantes Citroën e Renault. Pois não aconteceu que, em 2001, a quando do lançamento do modelo Twingo, da Renault, foi criada uma série especial, limitada aos mercados belga e luxemburguês, denominada -precisamente- Tintin?!
Segundo os fabricantes, toda a diferença se resumia a uma discreta decoração, interior e exterior, onde Tintin e Milou estavam, no entanto, omnipresentes.
Hergé, como se sabe, já não estava entre nós nesta data. Porém, os detentores do seu império, este próprio adornada por uma imensa publicidade, não tiveram qualquer escrúpulo na mudança de “patrocínio” automóvel. O peso dos euros conta... e de que maneira!
António Martinó de Azevedo Coutinho