Luís Pargana
DESABAFOS – XIV
Sessão solene
No Domingo passado a Revolução de Abril fez anos. 36!
Quando se faz anos costuma fazer-se uma festa. Comemorar-se! Ainda mais quando se trata de um acontecimento maior da nossa história colectiva, como é a instauração da Liberdade e do Regime Democrático.
Em Portalegre, no Domingo, a Câmara Municipal comemorou o 25 de Abril com um hastear da Bandeira e uma Sessão Solene.
Nesta Sessão discursaram os Partidos. Os que têm assento na Assembleia Municipal, mais o Bloco de Esquerda, porque o Presidente da Câmara o convidou. Democraticamente, ou não fosse o Dia 25 de Abril.
Naturalmente, nos seus discursos, solenes como manda a sessão, cada Partido expressou os seus pontos de vista sobre a Revolução - golpe de estado, para o CDS…
Não deixou de ser curioso que foram os discursos do CDS e do PSD os únicos que falaram de Otelo, de Vasco Gonçalves, de Vasco Lourenço. Evocaram também a Reforma Agrária e as Nacionalizações. O PREC, como ficou conhecido o Processo Revolucionário em Curso. E fizeram-no, ao mesmo tempo que criticavam o saudosismo do 25 de Abril e depreciavam os cravos chamando-lhes arranjos florais. Nos seus discursos, falaram até da União Soviética, da Carbonária e dos Jacobinos.
Foram discursos modernos, sem dúvida. Imbuídos de pragmatismo.
E, tal como quando se cospe na sopa que se está a comer, foram discursos que aproveitaram a comemoração de Abril para dele escarnecer. Pelo menos do seu dia 25. Que “chatice”… tivesse este mês menos um dia e teríamos tido discursos mais alegres, menos amargurados no seu conteúdo.
O último discurso foi do Presidente da Câmara. Diferente de todos os outros porque se pôs fora dos Partidos. Acima deles. No final convidou todos os presentes, com a solenidade da ocasião, a aproveitarem a tarde do Dia 25 de Abril para visitarem a Feira de Doçaria Conventual que decorria no Mosteiro de São Bernardo. Acrescentou que isso poderia “adoçar algumas bocas mais amargas”…
E foi então que percebi porque é que a comemoração do 25 de Abril de Mata Cáceres se resume à Feira de Doçaria Conventual, arriscando desafiar os dias já mais quentes do final do mês de Abril: Para adoçar algumas bocas mais amarguradas com a Revolução que aconteceu, em Portugal, há 36 anos.
É caso para dizer que se não há Festa, pelo menos que haja bolos…
Eu, por mim, digo: 25 de Abril, sempre!
27/04/2010
Luís Pargana
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