\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

terça-feira, abril 06, 2010

Luís Filipe Meira

Diabo Na Cruz - Dona Ligeirinha

Em Noite de Sexta Feira Santa
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O Diabo Fugiu da Cruz e Subiu ao Palco
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Tenho para mim que a música portuguesa atravessa um período muito estimulante e bastante criativo. Hoje os jovens músicos têm a possibilidade de ter pequenos estúdios domésticos e poderem criar em casa a música que gostam e através da rede partilhar experiências de toda a espécie, bebendo influências um pouco por todo o lado. Talvez por isso estão a reaparecer alguns projectos que procuram conciliar quer o fado – os Deolinda ou a Naifa – quer a música de cariz mais tradicional com o rock. Aqui entram os Diabo na Cruz, que estiveram no CAEP na última sexta feira, ou os Anaquin projecto coimbrão liderado por José Rebola levemente inspirado na música ligeira portuguesa dos anos 60 e que editou recentemente o excelente 'As Vidas dos Outros'. Mas foram os Diabo na Cruz que subiram ao palco do CAEP na noite de sexta-feira santa.
Os Diabo na Cruz que editaram o ano passado 'Virou' – cotado por mim nos melhores 10 discos portugueses do ano – nasceram de uma boa ideia de Jorge Cruz, admirador de José Afonso e um verdadeiro saltimbanco da música moderna portuguesa que nos últimos tempos tem espalhado o seu talento por alguns dos mais interessantes projectos que por aí vão aparecendo.
Diabo na Cruz é também um projecto partilhado com o grande B. Fachada, Bernardo Barata (Feromona), João Pinheiro (TV Rural) e João Gil (V.Economics). Músicos consistentes, experimentados e que suportam na perfeição o desenvolvimento desta belíssima ideia de Jorge Cruz, que em ritmo frenético e com guitarras 'sempre a abrir' cruza influências desde os inatacáveis GAC ou dos Almanaque até ao folclore mais manhoso.
Foi esta caldeirada popular, cozinhada com mestria e com ingredientes de boa qualidade, que foi servida em noite de Pascoa no CAEP. A sala apresentou-se bem composta por um público jovem que sabia ao que ia e por isso ajudou a festa a acontecer e a tornar-se um sucesso.
Diria que foi uma Pascoa celebrada de uma forma pouco religiosa... ou talvez não. Tudo dependendo da perspectiva.
Pois cantou-se e dançou-se à volta do Diabo na Cruz
Luís Filipe Meira