Luís Pargana
Passadas as festas natalícias, entramos em pleno no novo ano de 2010.
O ano zero da nova década, ou, em maior rigor, o último ano da primeira década do milénio e do século XXI.
É tempo de traçar planos, projectar esperanças e expectativas. Mas é também tempo de fazer balanços, perceber o que correu bem e o que correu mal, aprender com os erros e corrigir o necessário para uma vida melhor, neste nosso quotidiano colectivo.
Entre muitos acontecimentos, a primeira década do século ficou marcada pela escalada do terrorismo internacional com expoentes máximos no atentado às Torres Gémeas, em pleno coração de Nova Iorque, planeado pelo multimilionário saudita Bin Laden e a invasão do Iraque ordenada pelo presidente da superpotência americana, Georges Bush, com base numa hipotética existência de armas de destruição maciça que afinal se provou nunca terem existido.
Desta escalada irracional resultou uma crise económica e social sem paralelo na história, cujas consequências estão longe de estar sanadas.
No plano internacional, a primeira década do milénio tem muito pouco para se orgulhar. Resta-nos a consolação da substituição, sem glória, de Georges Bush, na presidência dos Estados Unidos, e a emergência de novas nações que se consolidam com lógicas de governação e organização económica alternativas, como sejam os denominados países BRIC, com destaque para o Brasil, a China e a Índia. Mas esse será assunto para futuros balanços pois o caminho está ainda por percorrer.
Em Portugal, a década ficou marcada pela turbulência na governação do País, com sucessivos abandonos do primeiro posto do Governo, primeiro Guterres, depois Barroso e, em seguida a nomeação, sem eleição, de Santana Lopes para o cargo de Primeiro-ministro de Portugal. De toda esta instabilidade resultou a primeira maioria absoluta do PS, e a aparição de José Sócrates como paladino do rigor e da modernidade porque o País ansiava.
Cedo nos desenganámos. O rigor resultou na maior crise do Estado de Direito do País, com o descrédito das instituições que deveriam garantir o respeito entre os cidadãos, primeiro os magistrados e todo o sistema judicial, depois os médicos e o sistema nacional de saúde e, por fim, os professores e o sistema educativo. De uma penada, Sócrates desacreditou as mais sólidas instituições sociais da nação, ao mesmo tempo que edificava uma máquina de controlo da informação e da economia, sem precedentes na nossa história democrática.
Acabou por se desacreditar com uma sucessão de casos mal resolvidos e de teias de influência mal explicadas que lhe desbarataram a recente maioria absoluta e por pouco lhe faziam perder as eleições, o que só não aconteceu pelas fragilidades da oposição que com ele concorreu.
E em Portalegre? Que balanço fazer nesta década de fraca memória? Como em qualquer cidade do interior as consequências da crise fizeram-se sentir ainda com maior impacto: o desemprego, a falência e encerramento de empresas, o sobreendividamento das famílias.
Entretanto, também tivemos a nossa maioria absoluta histórica: Depois de um primeiro mandato em que Mata Cáceres dirigiu um Executivo pluripartidário que abriu expectativas de progresso aos portalegrenses, o mesmo Presidente geriu a maior maioria absoluta de sempre no Município (com 6 eleitos, em 7) com a delicadeza de um “elefante em loja de porcelanas”. Afastou muitos dos que nele acreditaram e que com ele colaboraram em parte ou no todo do seu primeiro mandato, desde logo, em primeiro lugar o Professor Martinó, depois os Arquitectos Sequeira Mendes e Ana Pestana, também o Professor Landeiro, ou a Dr.ª Ana Cristina Pais que dirigia exemplarmente o Museu da Tapeçaria de Portalegre. Descartou chefes de gabinete como quem muda de camisa: Primeiro José Manuel Barradas, depois Jaime Pinheiro, mais tarde António Oliveira e agora Mafalda Serrote.
Conseguiu resumir o futuro de Portalegre à miragem de um centro de realidade virtual, a anunciada “Game City”, que atrairia milhares de pessoas para a cidade. Triste miragem…
Enfim, Mata Cáceres desbaratou a maior maioria absoluta de sempre, no concelho de Portalegre, baixou de 6 eleitos para 3 e só não perdeu as eleições, mais uma vez por falta de comparência do maior partido da oposição. Apesar de tudo conseguiu o feito de ser o primeiro Presidente de Câmara a ser eleito para um terceiro mandato em Portalegre, e inscreveu o seu nome na primeira década do século XXI.
Fica a dúvida se terá capacidade de governar sem a maioria a que se habituou nos últimos quatro anos. Aparentemente o partido que o suporta politicamente aposta que não, a avaliar pelas declarações públicas de ingovernabilidade da Câmara e pelos significativos silêncios que tem mantido nas sessões da Assembleia Municipal, em torno de documentos fundamentais como as Grandes Opções do Plano e o Orçamento para 2010.
Não faltará muito para desfazermos esta dúvida. Mas esse será assunto para um próximo desabafo.
Termino fazendo votos para que o ciclo negativo desta década comece a inverter-se no ano 2010 e, sobretudo, que este seja um ano de esperança e de concretização das nossas vontades colectivas.
Bom ano novo!
O ano zero da nova década, ou, em maior rigor, o último ano da primeira década do milénio e do século XXI.
É tempo de traçar planos, projectar esperanças e expectativas. Mas é também tempo de fazer balanços, perceber o que correu bem e o que correu mal, aprender com os erros e corrigir o necessário para uma vida melhor, neste nosso quotidiano colectivo.
Entre muitos acontecimentos, a primeira década do século ficou marcada pela escalada do terrorismo internacional com expoentes máximos no atentado às Torres Gémeas, em pleno coração de Nova Iorque, planeado pelo multimilionário saudita Bin Laden e a invasão do Iraque ordenada pelo presidente da superpotência americana, Georges Bush, com base numa hipotética existência de armas de destruição maciça que afinal se provou nunca terem existido.
Desta escalada irracional resultou uma crise económica e social sem paralelo na história, cujas consequências estão longe de estar sanadas.
No plano internacional, a primeira década do milénio tem muito pouco para se orgulhar. Resta-nos a consolação da substituição, sem glória, de Georges Bush, na presidência dos Estados Unidos, e a emergência de novas nações que se consolidam com lógicas de governação e organização económica alternativas, como sejam os denominados países BRIC, com destaque para o Brasil, a China e a Índia. Mas esse será assunto para futuros balanços pois o caminho está ainda por percorrer.
Em Portugal, a década ficou marcada pela turbulência na governação do País, com sucessivos abandonos do primeiro posto do Governo, primeiro Guterres, depois Barroso e, em seguida a nomeação, sem eleição, de Santana Lopes para o cargo de Primeiro-ministro de Portugal. De toda esta instabilidade resultou a primeira maioria absoluta do PS, e a aparição de José Sócrates como paladino do rigor e da modernidade porque o País ansiava.
Cedo nos desenganámos. O rigor resultou na maior crise do Estado de Direito do País, com o descrédito das instituições que deveriam garantir o respeito entre os cidadãos, primeiro os magistrados e todo o sistema judicial, depois os médicos e o sistema nacional de saúde e, por fim, os professores e o sistema educativo. De uma penada, Sócrates desacreditou as mais sólidas instituições sociais da nação, ao mesmo tempo que edificava uma máquina de controlo da informação e da economia, sem precedentes na nossa história democrática.
Acabou por se desacreditar com uma sucessão de casos mal resolvidos e de teias de influência mal explicadas que lhe desbarataram a recente maioria absoluta e por pouco lhe faziam perder as eleições, o que só não aconteceu pelas fragilidades da oposição que com ele concorreu.
E em Portalegre? Que balanço fazer nesta década de fraca memória? Como em qualquer cidade do interior as consequências da crise fizeram-se sentir ainda com maior impacto: o desemprego, a falência e encerramento de empresas, o sobreendividamento das famílias.
Entretanto, também tivemos a nossa maioria absoluta histórica: Depois de um primeiro mandato em que Mata Cáceres dirigiu um Executivo pluripartidário que abriu expectativas de progresso aos portalegrenses, o mesmo Presidente geriu a maior maioria absoluta de sempre no Município (com 6 eleitos, em 7) com a delicadeza de um “elefante em loja de porcelanas”. Afastou muitos dos que nele acreditaram e que com ele colaboraram em parte ou no todo do seu primeiro mandato, desde logo, em primeiro lugar o Professor Martinó, depois os Arquitectos Sequeira Mendes e Ana Pestana, também o Professor Landeiro, ou a Dr.ª Ana Cristina Pais que dirigia exemplarmente o Museu da Tapeçaria de Portalegre. Descartou chefes de gabinete como quem muda de camisa: Primeiro José Manuel Barradas, depois Jaime Pinheiro, mais tarde António Oliveira e agora Mafalda Serrote.
Conseguiu resumir o futuro de Portalegre à miragem de um centro de realidade virtual, a anunciada “Game City”, que atrairia milhares de pessoas para a cidade. Triste miragem…
Enfim, Mata Cáceres desbaratou a maior maioria absoluta de sempre, no concelho de Portalegre, baixou de 6 eleitos para 3 e só não perdeu as eleições, mais uma vez por falta de comparência do maior partido da oposição. Apesar de tudo conseguiu o feito de ser o primeiro Presidente de Câmara a ser eleito para um terceiro mandato em Portalegre, e inscreveu o seu nome na primeira década do século XXI.
Fica a dúvida se terá capacidade de governar sem a maioria a que se habituou nos últimos quatro anos. Aparentemente o partido que o suporta politicamente aposta que não, a avaliar pelas declarações públicas de ingovernabilidade da Câmara e pelos significativos silêncios que tem mantido nas sessões da Assembleia Municipal, em torno de documentos fundamentais como as Grandes Opções do Plano e o Orçamento para 2010.
Não faltará muito para desfazermos esta dúvida. Mas esse será assunto para um próximo desabafo.
Termino fazendo votos para que o ciclo negativo desta década comece a inverter-se no ano 2010 e, sobretudo, que este seja um ano de esperança e de concretização das nossas vontades colectivas.
Bom ano novo!
19 de Janeiro de 2010
Luís Pargana
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