Professores
É muito estranho que a classe profissional que mais avalia seja aquela que mais resiste a ser avaliada
Muitos professores protestam e quase se ofendem quando alguém diz ou escreve, como já aconteceu nesta página, queboa parte da classe, talvez a maioria, anda a reboque do PCP, por interposta Fenprof, nesta guerra interminável com a ministra da Educação. Mas não há dúvida de que os sindicatos comunistas são quem mais ordena e sabe aproveitar o sentimento de insatisfação que reina nas escolas, liderando a contestação, enquadrando-a de forma a capitalizar politicamente e ganhando força para travar as mudanças pretendidas por Maria de Lurdes Rodrigues.
A prova de que a maioria dos professores hoje descontentes vai a reboque ou se deixa conduzir pelo PCP está no processo que desembocou nesta segunda marcha dos 100 mil ou dos 120 mil. Primeiro, apareceram organizações autónomas de professores a convocar uma manifestação para hoje, 15 de Novembro. De imediato a Fenprof se movimentou, desencadeando uma campanha contra os “divisionistas”, usando toda a sua máquina de influência para os desacreditar e organizando outra manifestação, obviamente para uma data anterior, a fim de neutralizar uma iniciativa cujo controlo lhe escapava. Ora, se os manifestantes do último fim-de-semana eram todos professores - e a menos que a manifestação de hoje seja igualmente representativa - isso prova que, podendo escolher entre uma iniciativa independente e outra de organização sindical, a esmagadora maioria dos docentes preferiu, de facto, ir a reboque dos sindicatos do PCP, que são, desde sempre e entre todos, os mais mobilizadores. Não têm, por isso, os docentes nenhuma razão para se ofenderem quando se lhes aponta esta preferência política dominante.
O comportamento dos sindicatos na sua relação com o Ministério da Educação tem sido, no mínimo, de duvidosa seriedade negocial. Em Abril, assinaram um acordo para que as avaliações prosseguissem. Mas decidiram rasgar esse ‘memorando de entendimento’ assim que se aperceberam de que o processo estava a gerar grande incomodidade entre os professores e uma consequente perturbação nas escolas. Com negociadores assim, não há “entendimentos” que resistam nem ministros que possam sentir-se seguros de que os compromissos sindicais são para cumprir.
Não há dúvida de que, como se escreveu aqui em Fevereiro, o processo de avaliação é burocrático, complexo, difícil de aplicar e com todas as condições para ser injusto. Mas, hoje, também é muito claro para toda a gente que, ao recusarem esta avaliação, os sindicatos - e seguramente muitos dos professores que os seguem acriticamente - estão, de facto, a recusar qualquer avaliação. Ou já teriam apresentado publicamente as suas propostas de um sistema mais simples e exequível, em vez de se limitarem a recusar o do Ministério e a reivindicar a sua suspensão.
No ponto em que nos encontramos, a ministra pode render-se ou mesmo cair às mãos dos sindicatos, que obterão com isso uma significativa vitória política. Mas os professores só têm a perder com a imagem que projectam na sociedade. Isto porque é estranho e até um pouco patético que a classe profissional que mais avalia seja aquela que mais resiste a ser avaliada. Não pense que com isso se prestigia - como pretende e como precisa.
Muitos professores protestam e quase se ofendem quando alguém diz ou escreve, como já aconteceu nesta página, queboa parte da classe, talvez a maioria, anda a reboque do PCP, por interposta Fenprof, nesta guerra interminável com a ministra da Educação. Mas não há dúvida de que os sindicatos comunistas são quem mais ordena e sabe aproveitar o sentimento de insatisfação que reina nas escolas, liderando a contestação, enquadrando-a de forma a capitalizar politicamente e ganhando força para travar as mudanças pretendidas por Maria de Lurdes Rodrigues.
A prova de que a maioria dos professores hoje descontentes vai a reboque ou se deixa conduzir pelo PCP está no processo que desembocou nesta segunda marcha dos 100 mil ou dos 120 mil. Primeiro, apareceram organizações autónomas de professores a convocar uma manifestação para hoje, 15 de Novembro. De imediato a Fenprof se movimentou, desencadeando uma campanha contra os “divisionistas”, usando toda a sua máquina de influência para os desacreditar e organizando outra manifestação, obviamente para uma data anterior, a fim de neutralizar uma iniciativa cujo controlo lhe escapava. Ora, se os manifestantes do último fim-de-semana eram todos professores - e a menos que a manifestação de hoje seja igualmente representativa - isso prova que, podendo escolher entre uma iniciativa independente e outra de organização sindical, a esmagadora maioria dos docentes preferiu, de facto, ir a reboque dos sindicatos do PCP, que são, desde sempre e entre todos, os mais mobilizadores. Não têm, por isso, os docentes nenhuma razão para se ofenderem quando se lhes aponta esta preferência política dominante.
O comportamento dos sindicatos na sua relação com o Ministério da Educação tem sido, no mínimo, de duvidosa seriedade negocial. Em Abril, assinaram um acordo para que as avaliações prosseguissem. Mas decidiram rasgar esse ‘memorando de entendimento’ assim que se aperceberam de que o processo estava a gerar grande incomodidade entre os professores e uma consequente perturbação nas escolas. Com negociadores assim, não há “entendimentos” que resistam nem ministros que possam sentir-se seguros de que os compromissos sindicais são para cumprir.
Não há dúvida de que, como se escreveu aqui em Fevereiro, o processo de avaliação é burocrático, complexo, difícil de aplicar e com todas as condições para ser injusto. Mas, hoje, também é muito claro para toda a gente que, ao recusarem esta avaliação, os sindicatos - e seguramente muitos dos professores que os seguem acriticamente - estão, de facto, a recusar qualquer avaliação. Ou já teriam apresentado publicamente as suas propostas de um sistema mais simples e exequível, em vez de se limitarem a recusar o do Ministério e a reivindicar a sua suspensão.
No ponto em que nos encontramos, a ministra pode render-se ou mesmo cair às mãos dos sindicatos, que obterão com isso uma significativa vitória política. Mas os professores só têm a perder com a imagem que projectam na sociedade. Isto porque é estranho e até um pouco patético que a classe profissional que mais avalia seja aquela que mais resiste a ser avaliada. Não pense que com isso se prestigia - como pretende e como precisa.
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