Carl Schmitt
Modernidade e geopolítica
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UMA OPOSIÇÃO ELEMENTAR MARCA
A GEOPOLÍTICA MODERNA
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O PENSAMENTO político de Carl Schmitt é certamente estranho ao corpo doutrinário do liberalismo político moderno, mas a acuidade dos conceitos schmittianos para uma análise da actualidade assegura-lhe uma recepção fecunda, mesmo (ou sobretudo?) em meios filosóficos de Esquerda.
De Benjamin — que manteve uma «ligação perigosa» com o eminente jurista e teórico do «grande espaço» alemão, defensor da política expansionista do Reich e do Führer como protector do direito — a Agamben, a hipótese da «teologia política» que Schmitt elevou a chave hermenêutica para explicar a génese dos conceitos da ciência política moderna teve ecos de longo alcance.
A eficácia do pensamento de Schmitt na compreensão da estrutura profunda da modernidade e do funcionamento da construção tipicamente moderna que é o Estado encontra o seu exemplo supremo nesta afirmação: «Todos os conceitos significativos da moderna doutrina do Estado são conceitos teológicos secularizados».
De Schmitt, em português, não havia mais do que alguns vestígios. Com este Terra e Mar. Breve Reflexão sobre a História Universal não acedemos certamente a nenhum dos lugares centrais do seu pensamento político, mas entramos num interessante intervalo em que o jurista e o politólogo se entrega ao delineamento de uma «história universal», exercício tão do agrado dos representantes da «revolução conservadora», de cuja frente Schmitt fez parte. Mas, agora, o contexto já não é o da República de Weimar, mas o da Segunda Guerra.
Este é um texto de 1942, escrito em Berlim, sob a forma de uma narrativa «contada à minha filha Anima», que tinha então 11 anos. E o que aqui se conta como «história universal» é «uma história do combate de potências marítimas contra potências terrestres e de potências terrestres contra as potências marítimas». Schmitt entrega-se então à tarefa de interpretar a história do Mundo através de categorias «elementares». A terra e o mar adquirem, assim, um carácter histórico, concreto e político que lhes dão um carácter de representações geofilosóficas.
É à luz da contraposição destes dois elementos que Schmitt lê as grandes dicotomias da história humana e faz a reconstrução da modernidade como a época iniciada com a «revolução espacial planetária» que é a descoberta do novo mundo. Surge aí o «nomos» da terra que a Segunda Guerra vem destruir. E, discretamente, no fim do texto, Schmitt aponta para um novo «nomos» centrado na Alemanha.
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O PENSAMENTO político de Carl Schmitt é certamente estranho ao corpo doutrinário do liberalismo político moderno, mas a acuidade dos conceitos schmittianos para uma análise da actualidade assegura-lhe uma recepção fecunda, mesmo (ou sobretudo?) em meios filosóficos de Esquerda.
De Benjamin — que manteve uma «ligação perigosa» com o eminente jurista e teórico do «grande espaço» alemão, defensor da política expansionista do Reich e do Führer como protector do direito — a Agamben, a hipótese da «teologia política» que Schmitt elevou a chave hermenêutica para explicar a génese dos conceitos da ciência política moderna teve ecos de longo alcance.
A eficácia do pensamento de Schmitt na compreensão da estrutura profunda da modernidade e do funcionamento da construção tipicamente moderna que é o Estado encontra o seu exemplo supremo nesta afirmação: «Todos os conceitos significativos da moderna doutrina do Estado são conceitos teológicos secularizados».
De Schmitt, em português, não havia mais do que alguns vestígios. Com este Terra e Mar. Breve Reflexão sobre a História Universal não acedemos certamente a nenhum dos lugares centrais do seu pensamento político, mas entramos num interessante intervalo em que o jurista e o politólogo se entrega ao delineamento de uma «história universal», exercício tão do agrado dos representantes da «revolução conservadora», de cuja frente Schmitt fez parte. Mas, agora, o contexto já não é o da República de Weimar, mas o da Segunda Guerra.
Este é um texto de 1942, escrito em Berlim, sob a forma de uma narrativa «contada à minha filha Anima», que tinha então 11 anos. E o que aqui se conta como «história universal» é «uma história do combate de potências marítimas contra potências terrestres e de potências terrestres contra as potências marítimas». Schmitt entrega-se então à tarefa de interpretar a história do Mundo através de categorias «elementares». A terra e o mar adquirem, assim, um carácter histórico, concreto e político que lhes dão um carácter de representações geofilosóficas.
É à luz da contraposição destes dois elementos que Schmitt lê as grandes dicotomias da história humana e faz a reconstrução da modernidade como a época iniciada com a «revolução espacial planetária» que é a descoberta do novo mundo. Surge aí o «nomos» da terra que a Segunda Guerra vem destruir. E, discretamente, no fim do texto, Schmitt aponta para um novo «nomos» centrado na Alemanha.
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