\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crítica do Liberalismo

quarta-feira, maio 28, 2008

Crítica do Liberalismo

Bolsa de Valores de Nova Iorque
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Este Liberalismo, fruto da Globalização que também previu, não é o remédio certo para Portugal, a Europa e o Mundo, revelando-se gerador de injustiças económicas e sociais gravíssimas.
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Perfeitamente de acordo! Aliás, acho sinceramente que haverá poucas coisas tão de Direita como a prossecução de políticas que, em nome do Bem Comum, harmonizem - o que difere radicalmente de dizer «igualitarizem» - o escalonamento social, impedindo com o mesmo vigor a proletarização da classe média e o emergir de arquimilionários. Há de resto muito de esquerdista no ideário liberal - se os comunistas querem pôr o Estado como distribuidor equitativo de riqueza, o liberalismo quer pôr o mercado a seleccionar naturalmente os que merecem, premiando-os, e a despojar os que não se esforçam, centrifugando-os para a margem da sociedade. Ambos enfermam do erro grave de considerarem que há «mãos invisíveis» que por si só garantem o funcionamento da sociedade e a plenitude do bem-estar dos cidadãos. E esta é a ideia base de todo o pensamento de Esquerda: a suposição de que um determinado maquinismo, normalmente espoletado ou aperfeiçoado por uma revolução, é por si só suficientemente importante para garantir o bom andamento das relações sociais. Pensar assim não é apenas utópico mas leva também à perversa ideia de que o Mundo pode todo ser reduzido a relações de troca, a relações de produção e distribuição de subsistências, e a única coisa a fazer é criar a ambiência em que essas relações se fazem da forma «perfeita».
Ora, não é assim: desde logo, e evidentemente, o Homem não é apenas um cadáver adiado que mastiga: integra-se numa entidade nacional histórica e identitariamente definida de que o seu Estado é garante, e cujo engrandecimento e manutenção nenhuma destas formas de Governo assegura (aliás, bem pelo contrário, que todas estas formas de Governo hostilizam abertamente). Mas ainda que assim fosse não há uma forma, concreta e acabada, de boa distribuição da riqueza entre as pessoas, de fisco suportável, de lucro justo, de salário digno, etc. A evolução das relações económicas dentro do país e deste com os restantes constituem a base da economia e as instituições políticas precisam estar numa situação em que tenham sempre as mãos livres para que, dependendo do clima em que se viva, possam distender ou apertar, distribuir ou concentrar, em suma, garantir que se vive do melhor modo possível.Nem a distribuição igualitária é essencialmente boa, porque o mérito deve merece ser beneficiado, nem o mercado é garantia do favorecimento do mérito, porque só em ficção se pode pressupor que todos partem para as relações económicas em igualdade de circunstâncias, sendo a Natureza a distinguir quem merece de quem padece. A única forma de garantir o Bem Comum é permitir a criação de riqueza na quantidade máxima, e estabelecer, pelo fisco, pelo auxílio social, numa palavra, pela acção política, formas de impedir a miséria e a sumptuosidade, a adaptar sempre que a conjuntura se modifique. No fundo, e passe a linguagem futebolística, o Estado não joga mas também não vai para a bancada - arbitra.
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PS - Peço desculpa pelo «manifesto» em que transformei este comentário. Mas já há algum tempo que precisava dizer em algum lado que o Liberalismo é de Esquerda, ao contrário do que querem vender. E dificilmente arranjaria pretexto melhor do que o artigo que o Mário publicou.
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Caro JV, é uma honra poder editar como Postal o seu Comentário.
O que escreveu é de uma
lucidez a toda a prova!
Cumprimentos.
Mário