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segunda-feira, março 03, 2008

Revista Leonrado

Três tipos de portugueses
Leonardo, revista de filosofia portuguesa - Monday, 03 de March de 2008
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Três tipos de portugueses
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Autoria de Nuno Cavaco
Corria uma noite de verão no Bairro Alto, passam mais de dezasseis anos, em uma daquelas tertúlias de café em que sábios da tradição portuguesa generosamente abriam portas que permitiam a conquista de conhecimentos aos jovens que os procuravam, a conversa entre os três em roda de uma mesa quadrada interrogava a forma de Portugal e o conhecimento que lhe dá sentido. Escutava com Francisco Moraes Sarmento, a palavra de João Camossa, de quem ouvimos que nesta porta do Atlântico existem três tipos de portugueses.
Os Fuzeteiros, são marinheiros, velejadores e caracterizam-se pelos excelentes barcos à vela que possuem, rapidíssimos, os mais rápidos do mundo. Guardam os segredos das velas. Encontram-se em toda a costa algarvia e costa alentejana, até Sesimbra. Na Ericeira e em Paço de Arcos há uma variante deles que são os Jagotes.
Os Aveiros, são os que fazem a ligação dos homens do mar com os almocreves, são os armadores da pesca ao atum e da pesca ao bacalhau. São oriundos de Ílhavo e distribuem-se por toda a costa a norte de Lisboa (Peniche, Nazaré, Figueira, Aveiro, etc). O último núcleo deles é em Portugalete, perto de Bilbao, no Golfo da Biscaia. As suas embarcações não têm vela, são aguçadas nas pontas, deslocam-se a remos e são puxadas por animais em terra. No Algarve há dois núcleos deles, um em Olhão e outro em Lagos; geralmente consideram-se gente fina e não se misturam com os Fuzeteiros que são pescadores e gente do mar, pois eles não são pescadores, nem marinheiros, são armadores e capitães.
Os Poveiros, oriundos da Póvoa do Varzim, não têm embarcações mas são embarcados que auxiliam na pesca e há muitos para o norte...
Cruz-que-Brada
Às terças-feiras jantávamos na “Mimosa do Camões”, onde por vezes João Camossa se juntava a nós. Ao fim do jantar levávamos Henrique Ruas a casa, na Parede. Antes, deixávamos Camossa em Linda-a-Velha. Uma dessas noites, no caminho da Marginal, foi ele quem nos alertou para o facto de não se tratar de Cruz Quebrada, mas sim: Cruz-que-Brada