\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Crónica de Nenhures

Fidel Castro em silicone, de tamanho real, transformado em zombie.
Do espanhol Eugenio Merino, exposto na 27.ª edição da
Feira Internacional de Arte Contemporânea Arco, em Madrid.
in, SÁBADO, N.º 199 – 21 a 27 de FEVEREIRO DE 2008, p.21
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Evolução na Continuidade
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Recentemente, quando a comunicação social perguntava aos exilados cubanos, em Miami, o que iria acontecer no pós-Fidel Castro, a resposta era invariável, “mais do mesmo”. De facto, em Cuba mudou a “mosca” Fidel para a “mosca” Raul. É que nem os apelidos mudaram!
Como é curiosa a mentalidade humana, perante situações idênticas, mas com protagonistas diferentes ideologicamente.
O Chile caminhava para uma ditadura comunista e os militares tomam o poder para o impedir. A esquerda mundial nunca “perdoou”. Passados anos, os mesmos militares entregam aos civis o poder, com um país politicamente estável, economicamente rico e socialmente pacífico à excepção de uma minoria esquerdista vingativa. O Chile vive desde então uma democracia estabilizada, em que as instituições funcionam, a começar pela Justiça, a qual julgou e condenou os excessos cometidos pelos militares durante a sua vigência no poder.
Cuba era uma República como tantas outras da América Central e do Sul, governada por um militar, o general Fulgencio Batista. Nada a distinguia de outras suas vizinhas. A economia era saudável para a região em que se inseria, sendo inclusive considerada a melhor das Caraíbas. As liberdades cívicas não eram plenas, como acontece em regimes militares de excepção, mas ainda assim o povo era livre de se movimentar, sendo importante referir que quando tomou o poder, Batista contou com o apoio do Partido Socialista Popular (Partido Comunista Cubano).
O Internacionalismo Comunista levou à conquista de Cuba por um grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Alejandro Castro Ruz, que prometendo “o sol na terra”, conduziu Cuba é miséria económica, à maior ditadura de todo o Continente Americano, com milhares de presos políticos, mortos e desaparecidos no seu “currículo”, e a uma crise económica e social sem precedentes. E esta situação dura há quase meio século!
O curioso desta situação prende-se com o facto de à esquerda, Cuba e Fidel são “santos”, enquanto que à direita há muitos “tolos úteis” que sentem, não por Cuba, mas pelo ditador uma “sincera admiração”. A comunicação social portuguesa está nos últimos tempos cheia de “testemunhos” destes “direitistas” “fascinados” de e por Fidel, sempre dizendo que não há liberdades em Cuba, mas que Fidel sempre fez frente aos americanos, como se tal fosse “cartão de visita”!...
Mas não é só a estes que Fidel “fascinou”. Também as mulheres se prostam perante “el comandante”, que exerce nelas um fascínio sensual, lascivo, que só ditadores sanguinários conseguem. Aliás, o mesmo acontece ainda com o defunto Ernesto che Guevara, um guerrilheiro perito em fuzilamentos, sem Pátria, que lutou na América Central e do Sul e em África, a soldo do imperialismo comunista, vindo a morrer traído, segundo os seus seguidores pelo mesmo homem que depois lhe recolhe os ossos e lhe faz um enterro de Estado em país estrangeiro, Fidel Castro e Cuba.
As duas maiores acusações que se faziam ao Regime de Fulgencio Batista eram a corrupção e ter transformado o país num bordel. Hoje é público que em Cuba há corrupção a todos os níveis. Da alimentação ao vestuário, passando pelos medicamentos, não se consegue nada sem pagamentos “por debaixo da mesa”. O País está corrompido em todos os seus estratos sociais. E as estâncias balneares, que muitos portugueses visitam a custos baixos explorando o Povo e o País, têm da mais sofisticada prostituição, enquanto que nas outras zonas da ilha essa mesma prostituição, mais barata, é “tolerada”. Como a economia está de rastos, a verdade é que Cuba e os Cubanos estão piores com Fidel Castro & Irmão Raul, do que com Fulgencio Batista!
Pois é, não parecia!...
MM