Quarto Centenário do Nascimento
.
Sermão da Sexagésima (1)
.
Sermão da Sexagésima (1)
.
Pregado na Capela Real (2)
.
Este Sermão pregou o autor no ano de 1655, vindo da Missão do Maranhão, onde achou dificuldades que nele se apontam: as quais vencidas, com novas ordens, voltou logo para a mesma missão (3)
Sémen est verbum Dei (4)
LUC.8.
.
(…)
A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos; e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos. No céu ninguém há que não ame a Deus, nem que possa deixar de o amar. Na terra há tão poucos que o amem, todos o ofendem. Deus não é o mesmo, e tão digno de ser amado no céu como na terra? Pois, como no céu obriga e necessita a todos a o amarem, e na terra não? A razão é porque Deus no céu é Deus visto, Deus na terra é Deus ouvido. No céu entra o conhecimento de Deus à alma pelos olhos: Videbimus eum sicuti est (5); na terra entra-lhe o conhecimento de Deus pelos ouvidos: Fides ex auditu (6): e o que entra pelos ouvidos, crê-se; o que entra pelos olhos, necessita. Viram os ouvintes em nós o que nos ouvem a nós, e o abalo e os seus efeitos do sermão seriam muito outros.
(…)
(1) Sexagésima é a segunda Dominga antes da Quaresma, e a sexta antes da Dominga da Paixão ou de Lázaro.
(2) A capela real era no Paço da Ribeira, edificado por D. Manuel I. Este grandios0 palácio desapareceu com o terramoto de 1755, e estava situado no Terreiro do Paço, actualmente Praça do Comércio, no local onde estão hoje os Ministérios, lado ocidental.
(3) A chamada Missão do Maranhão compreendia as regiões do Maranhão e do Pará.
(4) A semente é a palavra de Deus. Luc. VIII, 11
(5) Nós o veremos como ele é. 1 Joan. III, 2
(6) A fé é pelo ouvido. Ad. Rom. X, 16
(…)
A razão disto é porque as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos; e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos. No céu ninguém há que não ame a Deus, nem que possa deixar de o amar. Na terra há tão poucos que o amem, todos o ofendem. Deus não é o mesmo, e tão digno de ser amado no céu como na terra? Pois, como no céu obriga e necessita a todos a o amarem, e na terra não? A razão é porque Deus no céu é Deus visto, Deus na terra é Deus ouvido. No céu entra o conhecimento de Deus à alma pelos olhos: Videbimus eum sicuti est (5); na terra entra-lhe o conhecimento de Deus pelos ouvidos: Fides ex auditu (6): e o que entra pelos ouvidos, crê-se; o que entra pelos olhos, necessita. Viram os ouvintes em nós o que nos ouvem a nós, e o abalo e os seus efeitos do sermão seriam muito outros.
(…)
(1) Sexagésima é a segunda Dominga antes da Quaresma, e a sexta antes da Dominga da Paixão ou de Lázaro.
(2) A capela real era no Paço da Ribeira, edificado por D. Manuel I. Este grandios0 palácio desapareceu com o terramoto de 1755, e estava situado no Terreiro do Paço, actualmente Praça do Comércio, no local onde estão hoje os Ministérios, lado ocidental.
(3) A chamada Missão do Maranhão compreendia as regiões do Maranhão e do Pará.
(4) A semente é a palavra de Deus. Luc. VIII, 11
(5) Nós o veremos como ele é. 1 Joan. III, 2
(6) A fé é pelo ouvido. Ad. Rom. X, 16
in, Sermões e Cartas do P. António Vieira, Livraria Cruz, Braga, 1944, p.11-31/32
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home