\ A VOZ PORTALEGRENSE: Ronald Reagan

quarta-feira, agosto 22, 2007

Ronald Reagan

FÉRIAS REAGANIANAS
.
João Carlos Espada
jcespada@netcabo.pt
.
Ronald Reagan continua a ser visto na Europa como um político superficial, ainda que dotado de grande talento comunicativo, que teve a sorte de liderar os EUA nos anos finais do império soviético. Essa visão foi também comum na América, mas desapareceu inteiramente. Críticos e admiradores reconhecem hoje que Reagan possuía uma sólida visão política inspiradora e que foi graças a ela que foi capaz de alterar o panorama político americano - bem como contribuir para alterar o do planeta. Cinco livros recentes testemunham este reconhecimento.
‘Ronald Reagan: Fate, freedom and the making of history’, de John Patrick Diggins, e ‘Ronald Reagan: The triumph of imagination’, de Richard Reeves, são escritos por dois críticos de Reagan. O primeiro porque considera que ele não era realmente um conservador, mas um liberal que se aliou aos conservadores. O segundo porque se apresenta como um liberal, crítico do conservadorismo de Reagan. Ambos, todavia, reconhecem e põem em destaque as ideias políticas do velho «cowboy», atribuindo-lhes primazia.
‘The Education of Ronald Reagan: The General Electric years and the untold story of his conversion to conservatism’, de Thomas W. Evans, descreve precisamente a formação das ideias políticas de Reagan. Segundo o autor, os oito anos passados como porta-voz da General Electric terão sido decisivos no seu abandono do liberalismo inicial dos anos de Hollywood.
Mas a verdadeira solidez da visão política de Reagan é claramente revelada pelos seus diários da Casa Branca, agora editados por Douglas Brinkley (‘The Reagan Diaries’). Aí testemunhamos não só as ideias como a sua firme liderança política da equipa que escolheu. Ao contrário das fábulas que o descreviam como leitor de fichas que os colaboradores lhe preparavam - ou como um simples contador de anedotas anti-soviéticas, quando já não tinha fichas - estes diários revelam um líder com ideias claras ao leme de um vasto navio.
Esta é precisamente a imagem transmitida pelo nosso amigo John O’Sullivan, ex-conselheiro de Margaret Thatcher, no seu excelente livro ‘The President, the Pope and the Prime Minister: Three who changed the world’ - prometido entre nós para Outubro pela editora Aletheia. 0’Sullivan acredita que o que unia Reagan. João Paulo II e Margaret Thatcher era sobretudo de natureza espiritual. Todos viam ideias e princípios como pelo menos tão importante como as convencionais esferas económica, militar e territorial. É uma lição interessante para recordar durante as férias.
in, Expresso, 18 de Agosto de 2007 PRIMEIRO CADERNO 29