Quem é o mentiroso?
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NUMA crónica do professor Marcelo Rebelo de Sousa há um relato da semana que passou em Moçambique. Seu pai foi lá governador-geral no tempo colonial.
Conheço mal o professor. Entrevistei-o nas autárquicas em Lisboa. Recordo-me do seu impressionante mergulho no Tejo e estas suas idas a Moçambique devem responder ao mesmo impulso que o levou à tóxica imersão entre as tágides.
Descrever Moçambique hoje com «três canais de televisão privados e semanários independentes» é absurdo.
Conheço mal o professor. Entrevistei-o nas autárquicas em Lisboa. Recordo-me do seu impressionante mergulho no Tejo e estas suas idas a Moçambique devem responder ao mesmo impulso que o levou à tóxica imersão entre as tágides.
Descrever Moçambique hoje com «três canais de televisão privados e semanários independentes» é absurdo.
É estranho discutir a Lei num jantar elegante no Polana a cem metros do sítio onde, em 2000, Carlos Cardoso foi morto com rajadas de Kalash quando o seu jornal (independente) investigava as ligações entre o filho do Presidente Chissano e a máfia moçambicana.
Dar como exemplos de abertura internacional a investida da China a Cabora Bassa sem referir que Moçambique ainda não encontrou maneira de saldar os 950 Milhões que deve pelos 85% do capital da barragem é distorcer uma realidade que vai penalizar Portugal no próximo défice.
Falar em «esperança forte» no futuro de um país sem uma palavra sobre a ausência de oposição política formal é tendencioso (dezenas de militantes da Renamo foram massacrados em 2002 numa prisão em Montepuez).
Sugerir progresso em Moçambique quando o Orçamento de Estado é viabilizado com dádivas da União Europeia é alterar a realidade para além do que as simpatias toleram.
Referir que se foi à noite a pé do Hotel Polana até um bar «frenético» ver o Chelsea jogar é escamotear a perigosíssima criminalidade que afecta um dos mais pobres países do mundo.
São trágicas estas viagens publicitadas aos parques temáticos de anacronismos e aos condomínios fechados protegidos por empresas de segurança guarnecidas por antigos guerrilheiros enquanto no exterior milhões morrem de tudo.
São trágicas estas viagens publicitadas aos parques temáticos de anacronismos e aos condomínios fechados protegidos por empresas de segurança guarnecidas por antigos guerrilheiros enquanto no exterior milhões morrem de tudo.
Se concordo com o que disse Jaime Gama quando era ministro dos Estrangeiros que não nos podíamos dar só com democracias, também acho útil reler um poema de Carlos Cardoso escrito dois anos antes de ser assassinado pelo poder em Moçambique.
«À noite quando me deito em Maputo,
«À noite quando me deito em Maputo,
Não preciso de rezar.
Já sou herói.»
Mário Crespo
in, 12 ÚNICA 12 MAIO 2007 EXPRESSO
in, 12 ÚNICA 12 MAIO 2007 EXPRESSO
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Quem diz a Verdade sobre Moçambique, Mário Crespo ou Marcelo Rebelo de Sousa?
Não é de forma alguma despiciendo formular esta questão.
Marcelo Rebelo de Sousa tem responsabilidades enquanto Académico, Político e Figura Pública. Mário Crespo tem responsabilidades enquanto Profissional de Jornalismo e Figura Pública.
Não é de forma alguma despiciendo formular esta questão.
Marcelo Rebelo de Sousa tem responsabilidades enquanto Académico, Político e Figura Pública. Mário Crespo tem responsabilidades enquanto Profissional de Jornalismo e Figura Pública.
As afirmações de Marcelo Rebelo de Sousa a que se refere Crespo foram produzidas no semanário Sol de 5 de Maio passado, estão publicadas, tal como texto do Jornalista que reproduzimos.
Quem mente?
Quem mente?
MM
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