Opinião
António Tadeia
Jornalista
O Benfica está condenado a viver as últimas semanas da época a torcer para que o Sporting escorregue, de forma a pelo menos chegar à qualificação directa para a Liga dos Campeões como prelúdio de um defeso que, esse sim, será rentável em excursões por um mundo sequioso de lhe consumir a marca. O título parece inacessível, não só porque para lá chegar era preciso ganhar todos os jogos e ter a sorte de o FC Porto perder um e empatar outro - em três - mas também porque seria imperioso tirar do caminho igualmente a equipa do Sporting, segundo classificado. Por isso, chegados a Maio, há que procurar responsáveis para aquilo que está bem mais perto do fracasso que do sucesso.
E o mínimo que pode dizer-se é que houve uma série de factores a puxar para o mesmo lado - e não era o do sucesso. Facto primeiro: o plantel do Benfica é curto. No grupo de jogadores há elementos que nem um suplente têm - caso de Nelson, por exemplo. Depois, além do 11 ao qual Fernando Santos mais vezes recorreu, apenas se viram três ou quatro boas alternativas: David Luiz, Rui Costa, Mantorras, os guarda-redes... E é aqui que entra o facto segundo: do princípio para o fim do ano, o plantel ficou ainda mais curto. Nele couberam jogadores que têm nome mas nunca mostraram serviço (caso evidente de Derlei, caro demais mesmo que marcasse golos decisivos) e outros que, mesmo jogando razoavelmente bem nunca foram aposta regular do treinador (Coimbra, Manu, Paulo Jorge). Além foi de que pouco ou nada serviram os homens experientes como Beto, o internacional Marco Ferreira ou Miguelito, acerca dos quais não deveria sequer haver dúvidas: ou são jogadores para o Benfica e têm de acumular mais minutos ou não são, mas não era aos 30 anos (ou 26 no caso do esquerdino) que vão descobri-lo.
Ora pelo que aqui se conclui já se vê que o plantel é curto, sim senhor, mas a sua gestão não foi brilhante. Longe disso. E nem precisava da “ajuda” que, ao longo da época lhe foi sendo dada pelo departamento médico, que deve ser co-responsabilizado pelo agravamento das situações de Rui Costa e Luisão. Ambos jogaram cedo demais e foram forçados a ausências demasiado longas para o que a equipa esperava deles. Aliás, só assim se percebe que Simão seja dado como apto para defrontar o Sporting numa sexta-feira, se negue a jogar ao domingo - foi Santos quem o revelou - e se descubra no dia seguinte que, afinal, tinha de ser operado. Será por isso que, mesmo proibidos, há jogadores que continuam a recorrer a António Gaspar?
Ora é na gestão destes pequenos segredos que entra o facto terceiro: goste-se ou não de Veiga, a sua ausência (ou de alguém por ele) prejudicou o esforço global, na medida em que qualquer equipa precisa de um dirigente que a proteja, nem que seja de uma forma tão ilusória como um placebo cura um hipocondríaco. E apesar do seu voluntarismo. Vieira não pode, ao mesmo tempo, ser eficaz como presidente e director do futebol.
Jornalista
O Benfica está condenado a viver as últimas semanas da época a torcer para que o Sporting escorregue, de forma a pelo menos chegar à qualificação directa para a Liga dos Campeões como prelúdio de um defeso que, esse sim, será rentável em excursões por um mundo sequioso de lhe consumir a marca. O título parece inacessível, não só porque para lá chegar era preciso ganhar todos os jogos e ter a sorte de o FC Porto perder um e empatar outro - em três - mas também porque seria imperioso tirar do caminho igualmente a equipa do Sporting, segundo classificado. Por isso, chegados a Maio, há que procurar responsáveis para aquilo que está bem mais perto do fracasso que do sucesso.
E o mínimo que pode dizer-se é que houve uma série de factores a puxar para o mesmo lado - e não era o do sucesso. Facto primeiro: o plantel do Benfica é curto. No grupo de jogadores há elementos que nem um suplente têm - caso de Nelson, por exemplo. Depois, além do 11 ao qual Fernando Santos mais vezes recorreu, apenas se viram três ou quatro boas alternativas: David Luiz, Rui Costa, Mantorras, os guarda-redes... E é aqui que entra o facto segundo: do princípio para o fim do ano, o plantel ficou ainda mais curto. Nele couberam jogadores que têm nome mas nunca mostraram serviço (caso evidente de Derlei, caro demais mesmo que marcasse golos decisivos) e outros que, mesmo jogando razoavelmente bem nunca foram aposta regular do treinador (Coimbra, Manu, Paulo Jorge). Além foi de que pouco ou nada serviram os homens experientes como Beto, o internacional Marco Ferreira ou Miguelito, acerca dos quais não deveria sequer haver dúvidas: ou são jogadores para o Benfica e têm de acumular mais minutos ou não são, mas não era aos 30 anos (ou 26 no caso do esquerdino) que vão descobri-lo.
Ora pelo que aqui se conclui já se vê que o plantel é curto, sim senhor, mas a sua gestão não foi brilhante. Longe disso. E nem precisava da “ajuda” que, ao longo da época lhe foi sendo dada pelo departamento médico, que deve ser co-responsabilizado pelo agravamento das situações de Rui Costa e Luisão. Ambos jogaram cedo demais e foram forçados a ausências demasiado longas para o que a equipa esperava deles. Aliás, só assim se percebe que Simão seja dado como apto para defrontar o Sporting numa sexta-feira, se negue a jogar ao domingo - foi Santos quem o revelou - e se descubra no dia seguinte que, afinal, tinha de ser operado. Será por isso que, mesmo proibidos, há jogadores que continuam a recorrer a António Gaspar?
Ora é na gestão destes pequenos segredos que entra o facto terceiro: goste-se ou não de Veiga, a sua ausência (ou de alguém por ele) prejudicou o esforço global, na medida em que qualquer equipa precisa de um dirigente que a proteja, nem que seja de uma forma tão ilusória como um placebo cura um hipocondríaco. E apesar do seu voluntarismo. Vieira não pode, ao mesmo tempo, ser eficaz como presidente e director do futebol.
in, SÁBADO - Nº 157 - 3 A 9 DE MAIO DE 2007 - p.123
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