\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quinta-feira, abril 19, 2007

Crónica de Nenhures

Os “suspeitos” do costume
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Ao contrário do que seria “exigível”, a comunicação social não deu grande importância à operação liderada pela Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB) da Polícia Judiciária, que visou gente definível como de extrema-direita.
Dessa operação resultou a detenção de cerca de três dezenas de indivíduos, que são acusados de terem em sua posse armas, munições e material propagandístico susceptível de configurar os crimes de discriminação racial e religiosa.
Das poucas imagens que as Televisões mostraram, o meio de comunicação mais fiável neste caso, do “material apreendido” nada há que não fosse conhecido de operações anteriores. Permita-se dizer, o folclore de sempre. Quanto aos nomes de detidos, também não há novidades, “os do costume”, fazendo lembrar uma cena famosa do “épico” «Casablanca», após o assassinato do “correio” alemão.
Também não se viu, ouviu ou leu grandes comentários de forças políticas indígenas, como que fazendo coro com a comunicação social nacional.
Portanto, a estafada frase, “a montanha pariu um rato”, é perfeita para definir o que ocorreu na madrugada de ontem.
Também seria de esperar que “algo acontecesse, para que tudo ficasse na mesma”, nas vésperas de uma acontecimento político ligado à Juventude Nacionalista (JN), órgão autónomo do partido Nacional Renovador (PNR).
Mas não se pense que estas situações são virgens, porque não passam de uma cópia do que acontece por essa Europa democrática, sempre que a denominada extrema-direita tem uma iniciativa de cariz político-cultural de alguma evidência social.
Agora, as boas consciências podem voltar a dormir descansadas, o mesmo acontecendo às forças repressivas do Estado de direito, enquanto os “extremistas” de direita podem voltar a exibirem os seus símbolos, até próxima oportunidade.

Lamentar-se-á é que tudo não passe de revivalismos, sem qualquer razão de ser ou futuro, e que fundamentalmente nada digam à memória histórica dos portugueses. Estes andam, e com toda a razão, preocupados com o Emprego, com a Saúde, com a Educação dos seus filhos, enfim, pela falência das promessas de Abril, em que acreditaram! Por quê, negá-lo? Desenvolver, democratizar, descolonizar, foram falácias que trouxeram “amanhãs que cantam” de angústia, de insegurança, de desespero.
A Europa acolheu Portugal, depois da Aventura Africana. Deu-lhe instrumentos para se adaptar à nova realidade, mas a partidocracia do centrão tudo fez ao contrário.
Será, ainda, Portugal um País com futuro? Sê-lo-á na medida em que os portugueses quiserem, mas para tal há que mudar mentalidades e, principalmente, substituir a actual classe política, do topo para a base, da base para o topo da pirâmide que é o Estado.

MM