Feira do Livro
“Barraquinhas a vender livros não mobilizam gente nem dinamizam o sector”,
diz o vereador da cultura [FOTO ANTÓNIO PEDRO FERREIRA]
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CULTURA
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CML automatiza Feira do Livro
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O novo evento para promover a leitura, Lisboa Cidade dos Livros, substitui um modelo que já estava ‘caduco’
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A APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) e a UEP (União de Editores Portugueses) vão, pela primeira vez na história da Feira do Livro de Lisboa, gerir e programar o evento. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) assume que vai deixar de ser "o executor directo" da Feira, mantendo apenas um apoio financeiro (100 mil euros a cada uma das associações), assegurando também a logística e segurança do recinto de 26 de Maio a 10 de Junho.
"A Feira do Livro não estava a atingir os objectivos a que se propunha, ou seja, já não conseguiadinamizar o sector nem vender livros. Os próprios editores e livreiros se queixavam frequentemente dos resultados fracos que obtinham", explica José Amaral Lopes, vereador da Cultura da CML. Amaral Lopes assume ainda que considera o modelo da Feira "caduco" e diz-se certo de que a sua opção de abandonar a organização do evento vai de encontro às reivindicações tanto da APEL como da UEP, que nos últimos anos vinham cada vez mais exigindo poder decisório na programação da Feira. "Além disso, vamos deixar de gastar o dinheiro dos contribuintescom iniciativas vazias de gente num pavilhão caríssimo que nunca conseguiu melhorar a concretização dos objectivos da Feira do Livro", continua o vereador.
Esta tomada de posição, que levou quase três meses a ser negociada, junta pela primeira veznum protocolo as duas associações de editores e livreiros, com processos em tribunal uma contra a outra há mais de sete anos. Tanto a APEL como a UEP concordam com a autonomia de que agora podem gozar e prometem empenhar-se no lançamento de iniciativas e opções programáticas que vão de encontro aosseus interesses comerciais e financeiros, ao mesmo tempo que esperam tirar maiores vantagens a todos os níveis como pensadores de um negócio que é seu por direito.
A opção de Amaral Lopes, que é também política, não nasce, porém, isolada. Em "substituição" da Feira, mas tentando "valorizá-la", a CML cria um novo programa de apoio e dinamização ao livro e à leitura, idealizado pelo director da Casa Fernando Pessoa, Francisco José Viegas. A nova iniciativa camarária chama-se 'Lisboa Cidade dos Livros' e é inaugurada às zero horas de 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, culminando no último da Feira do Livro.
"Este novo projecto permite à Câmara alargar a sua acção na área do livro e da leitura por mais tempo, com mais iniciativas e com uma perspectiva de resultados concretos muito mais aliciante", afirma Amaral Lopes. Para o vereador da Cultura, o novo evento "é muito mais interessante do que um conjunto de barraquinhas a vender livros".
Com uma programação vasta e diversificada, a 'Lisboa Cidade dos Livros' viverá espalhada pela cidade, com um leque substancial de acções de rua, e terá lugar em todos os equipamentos culturais da cidade, estendendo-se mesmo aos Paços do Concelho. Em destaque estarão uma megafeira de Banda Desenhada, no Jardim da Estrela,por exemplo, ou uma maratona de leitura. Um dos pontos altos será a 28 de Maio, com a organização de uma gala televisiva para entrega de prémios de edição. Mas a festa do livro da capital contará com semanas dedicadas a saldos, alfarrabistas e policiais, ciclos de cinema ligados à literatura, homenagens várias a escritores da cidade, como Cesariny, Cesário Verde, Condessa de Gouvarinho, José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Álvaro de Campos, José Rodrigues Migueis, Fernando Assis Pacheco, Nuno Bragança, António Gedeão e Al Berto. Com direito a referência também as conferências e eventos (concertos incluídos) dedicados à literatura africana e de viagens ou ainda a comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a 3 de Maio.
Momentos mediáticos, muitos. A começar pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a declamarem poesia.
ALEXANDRA CARITA
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O novo evento para promover a leitura, Lisboa Cidade dos Livros, substitui um modelo que já estava ‘caduco’
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A APEL (Associação Portuguesa de Editores e Livreiros) e a UEP (União de Editores Portugueses) vão, pela primeira vez na história da Feira do Livro de Lisboa, gerir e programar o evento. A Câmara Municipal de Lisboa (CML) assume que vai deixar de ser "o executor directo" da Feira, mantendo apenas um apoio financeiro (100 mil euros a cada uma das associações), assegurando também a logística e segurança do recinto de 26 de Maio a 10 de Junho.
"A Feira do Livro não estava a atingir os objectivos a que se propunha, ou seja, já não conseguiadinamizar o sector nem vender livros. Os próprios editores e livreiros se queixavam frequentemente dos resultados fracos que obtinham", explica José Amaral Lopes, vereador da Cultura da CML. Amaral Lopes assume ainda que considera o modelo da Feira "caduco" e diz-se certo de que a sua opção de abandonar a organização do evento vai de encontro às reivindicações tanto da APEL como da UEP, que nos últimos anos vinham cada vez mais exigindo poder decisório na programação da Feira. "Além disso, vamos deixar de gastar o dinheiro dos contribuintescom iniciativas vazias de gente num pavilhão caríssimo que nunca conseguiu melhorar a concretização dos objectivos da Feira do Livro", continua o vereador.
Esta tomada de posição, que levou quase três meses a ser negociada, junta pela primeira veznum protocolo as duas associações de editores e livreiros, com processos em tribunal uma contra a outra há mais de sete anos. Tanto a APEL como a UEP concordam com a autonomia de que agora podem gozar e prometem empenhar-se no lançamento de iniciativas e opções programáticas que vão de encontro aosseus interesses comerciais e financeiros, ao mesmo tempo que esperam tirar maiores vantagens a todos os níveis como pensadores de um negócio que é seu por direito.
A opção de Amaral Lopes, que é também política, não nasce, porém, isolada. Em "substituição" da Feira, mas tentando "valorizá-la", a CML cria um novo programa de apoio e dinamização ao livro e à leitura, idealizado pelo director da Casa Fernando Pessoa, Francisco José Viegas. A nova iniciativa camarária chama-se 'Lisboa Cidade dos Livros' e é inaugurada às zero horas de 23 de Abril, Dia Mundial do Livro, culminando no último da Feira do Livro.
"Este novo projecto permite à Câmara alargar a sua acção na área do livro e da leitura por mais tempo, com mais iniciativas e com uma perspectiva de resultados concretos muito mais aliciante", afirma Amaral Lopes. Para o vereador da Cultura, o novo evento "é muito mais interessante do que um conjunto de barraquinhas a vender livros".
Com uma programação vasta e diversificada, a 'Lisboa Cidade dos Livros' viverá espalhada pela cidade, com um leque substancial de acções de rua, e terá lugar em todos os equipamentos culturais da cidade, estendendo-se mesmo aos Paços do Concelho. Em destaque estarão uma megafeira de Banda Desenhada, no Jardim da Estrela,por exemplo, ou uma maratona de leitura. Um dos pontos altos será a 28 de Maio, com a organização de uma gala televisiva para entrega de prémios de edição. Mas a festa do livro da capital contará com semanas dedicadas a saldos, alfarrabistas e policiais, ciclos de cinema ligados à literatura, homenagens várias a escritores da cidade, como Cesariny, Cesário Verde, Condessa de Gouvarinho, José Cardoso Pires, David Mourão-Ferreira, Álvaro de Campos, José Rodrigues Migueis, Fernando Assis Pacheco, Nuno Bragança, António Gedeão e Al Berto. Com direito a referência também as conferências e eventos (concertos incluídos) dedicados à literatura africana e de viagens ou ainda a comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a 3 de Maio.
Momentos mediáticos, muitos. A começar pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e pelo primeiro-ministro, José Sócrates, a declamarem poesia.
ALEXANDRA CARITA
in, PRIMEIRO CADERNO – Expresso, 9 de Fevereiro de 2007, p. 30
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