\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Crónica de Nenhures

PIALI, Stefano, ca. 1753-1835 [Matança dos inocentes]
[Visual gráfico / Raph. Sanctius inv et pinx. ; Steph Piale delin. ; Angelus Campanella sculp.. - [S.l. : s.n., entre 1780 e 1810]. - 1 gravura : buril e água-forte, p&b http://purl.pt/5235. - Data baseada no período de actividade do gravador. - Dim. da comp.: 42,8x27,8 cm
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A Igreja e o Estado
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A Europa atravessa uma crise social e moral de proporções talvez sem precedentes na história. Os alicerces em que o conceito actual de Europa se fundou estão a ruir. A nova entidade que o Futuro trará em nada se assemelhará ao presente. E as principais razões residem no facto de a Família como seu alicerce base e a sua tradição Cristã estarem em declínio.
Se é fácil destruir a Família através da generalização do divórcio, da permissão de casamentos de gente do mesmo sexo, da adopção de crianças por casais homossexuais, enfim, a permissão de todas as formas e normas que são a antítese do casamento e da constituição da Família, também é fácil eliminar os princípios cristãos quer da constituição do Estado, quer da vida dos cidadãos.
Mas, a destruição da Família tem muito a ver com a crise que o Cristianismo vive na Europa. Desde o Concílio Vaticano II que a Igreja Católica passa por uma quebra de vocações e de fiéis. Aquele Conclave, ao contrário dos seus anteriores, permitiu uma abertura religiosa que levou à destruição dos fundamentos em que a Cristandade se vinham construindo.
Hoje em Portugal, a igreja Católica perdeu a importância que tinha, fruto de duas situações, uma de ordem interna, sequelas do Vaticano II, e outra externa, as consequências de fortíssimo ataque das forças anti-clericais e laicas da sociedade portuguesa.
As segundas estão no seu direito, isto é, a luta entre laicismo e clericalismo repetem-se, como a história ao longo dos séculos o demonstra.
Agora, esta igreja de Policarpo será a de um Vaticano-tardio. As posições relativistas que tem tomado perante os desafios que lhe são lançados pela sociedade civil, esvaziaram as igrejas. O clero que se manifesta contra as posições policardianas é “aconselhado” a não tomar posição. Os movimentos de leigos estão em declínio. A igreja portuguesa preocupa-se mais por obras faraónicas como a nova Basílica de Fátima, a futura igreja da Santíssima Trindade, do que com a aplicação do Evangelho.
O actual Governo português encetou um ataque à igreja Católica em dois momentos, na questão do Protocolo do Estado e no Referendo de ontem. Em ambos ganhou, mais pela ausência do adversário do que por mérito próprio.
Mário Casa Nova Martins