\ A VOZ PORTALEGRENSE: "Isto" não é Política

terça-feira, dezembro 05, 2006

"Isto" não é Política

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3. Em Portugal, e a vários níveis, a corrupção é o pão-nosso de cada dia. A coisa está de tal modo entranhada, que quem ousa chamar a atenção ou procura fazer o contrário de certas práticas depressa percebe ser personna non grata. E por falar nisso: não acham estranho que apesar de tantos dizerem mal da OTA, ninguém tente investigar a propriedade dos terrenos, bem como a data da respectiva aquisição? Já alguém percebeu o que impede Sousa Tavares de o fazer? E o PSD? E os jornais? Eu ainda não o percebi, mas desconfio….
Manuel Monteiro
Lisboa, 4 de Dezembro de 2006
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Manuel Monteiro publicou uma crónica no Jornal da Nova Democracia, de onde retirámos, na íntegra, o ponto três.
Neste ponto três, totalmente distinto dos anteriores dois, o líder do Partido da Nova Democracia começa por fazer a denúncia do flagelo da corrupção em Portugal, e reconhece ser-se “personna non grata” aquele que em praça pública faz aquela denúncia.
Tem toda a razão no que afirma. Na realidade, no actual Portugal, o corrupto parece ter se não o aplauso, pelo menos a complacência ou condescendência, para não se dizer desculpabilidade dos actos ilícitos que praticou em benefício próprio. Mas isso tem a ver com o estado em que se encontra a sociedade portuguesa, a começar pelos seus Órgão principais, Estado, Tribunais e Igreja…
Mas, onde Manuel Monteiro “perde a razão” é quando lança uma suspeita de corrupção, sem apresentar dados, querendo que outros, os leitores do seu texto, “descubram” o que há de irregular ou de incorrecto no processo do futuro aeroporto da Ota, onde estão em jogo milhões de euros.
Compreendem-se os motivos, compra de terrenos, inferem-se os alvos, e acusa-se um indivíduo, um partido político e os média escritos de conivência ou cumplicidade no processo de ocultação da verdade.
Ora, este tipo de atitude não tem que ser a de um líder político. Não cabe nas funções ou atribuições do líder de um Partido político este tipo de acusações/insinuações, por muito verdadeiras que sejam. A ele cabe-lhe, sem dúvida, a denúncia de este caso do aeroporto da Ota e de todos os outros que conhece ou conheça, mas com dados, com provas, e não entrado pelo campo da suspeição.
É também por isso, se bem que nada tenhamos a ver com este ou outro Partido político português, que concordámos publicamente com a proposta de Diogo Pacheco de Amorim apresentada no último Congresso, segundo a qual o PND, devia “parar para pensar”, mas dito por outras palavras.
Agindo assim, Manuel Monteiro não está a contribuir para credibilizar a Direita de Portugal.
Mário CNM