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quinta-feira, dezembro 14, 2006

Conferência

Participam vários negacionistas da Shoah
Conferência no Irão sobre o Holocausto condenada de Paris a Washington
12.12.2006 - 12h45 Dulce Furtado
O chefe da diplomacia iraniana, Manoucher Motakki, inaugurou ontem, em Teerão, uma controversa conferência sobre o Holocausto que termina hoje.
O simpósio "científico, sem propósitos políticos" - insistiu Motakki, cujo ministério organiza o evento -, pretende dar resposta "às perguntas" feitas pelo Presidente da República Islâmica, Mahmoud Ahmadinejad, defensor de que o genocídio de judeus durante a II Guerra Mundial constitui um "mito" instrumentalizado para justificar a criação de Israel, Estado que Ahmadinejad quer ver "varrido do mapa".
Motakki asseverou que "o objectivo da conferência não é negar o Holocausto nem provar a sua existência, mas oferecer aos investigadores europeus a oportunidade de darem os seus pontos de vista sobre este fenómeno histórico", em referência aos revisionistas não iranianos convidados a participar no evento.
A conferência conta com 67 "peritos" oriundos de 30 países e que, na grande maioria, negam o Holocausto. Entre estes está o antigo líder do Ku Klux Klan e ex-congressista norte-americano David Duke e o ex-académico francês Robert Faurisson, este último condenado em várias ocasiões pela justiça francesa por negar o Holocausto - prática que constitui crime em 11 países incluindo a França, Alemanha, Áustria e Holanda. Em declarações ontem feitas à AFP, Faurisson explicou por que está a participar na conferência: "Aqui é possível discutir algo que não podemos debater no mundo ocidental."
Outro revisionista, o australiano Fredrick Toben, que passou vários meses preso na Alemanha, em 1999, pelo crime de "incitamento ao ódio racial", vai apresentar um estudo intitulado O Holocausto: Uma arma do crime, no qual defenderá a tese de que a morte de milhões de judeus nas câmaras de gás nazis constitui uma "mentira absoluta".
Na conferência participam também "peritos" iranianos, assim como membros de organizações judaicas anti-sionistas, como a Naturei Karta, que rejeitam a existência de Israel com o argumento de que a formação do Estado só pode acontecer depois do regresso do Messias, sob pena de violar a lei judaica.
Simpósio "nauseabundo"
O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, instou ontem toda a comunidade internacional a protestar contra a conferência de Teerão, que qualificou de "nauseabunda". Em simultâneo, o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, e vários líderes europeus manifestaram desagrado à iniciativa iraniana.
Paris exprimiu "inquietude", Washington qualificou o evento como "um gesto vergonhoso". Berlim condenou veementemente "aqueles que dão um fórum [de discussão] aos que desvalorizam e põem em causa o Holocausto".
Na Alemanha, aliás, um vasto grupo de investigadores de vários países denunciaram as teorias revisionistas e o anti-semitismo durante uma conferência - organizada em resposta à de Teerão - que teve por objectivo "fazer uma declaração" contra o Presidente iraniano, referiu ontem o académico norte-americano Raul Hilberg, historiador emérito do Holocausto, citado pela AFP. Os historiadores participantes reiteraram ali a ocorrência do genocídio de seis milhões de judeus durante o Holocausto e questionaram as intenções pelas quais o simpósio de Teerão foi feito.
"[Esta conferência] é uma piada doentia e espero que seja recebida com repugnância em todo o lado", disse o romancista israelita Amos Oz, renomado activista pela paz.
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Conferência sobre o Holocausto realizada em Teerão
Presidente do Irão afirma que Israel "vai desaparecer em breve"
12.12.2006 - 16h38
O Presidente iraniano afirmou hoje, à margem de uma conferência revisionista sobre o Holocausto nazi, que Israel "desaparecer em breve", tal como aconteceu com a extinta União Soviética.
“Quando disse que este regime vai desaparecer, exprimi aquilo que os povos têm no seu coração. As redes do regime sionista não pararam de me atacar. Mas tal como a URSS desapareceu, o regime sionista vai também desaparecer em breve”, declarou Mahmoud Ahmadinejad, citado pela agência iraniana Mehr.
Dirigindo-se aos participantes na conferência internacional, entre eles vários historiadores ocidentais revisionistas, o Presidente garantiu que o Irão “é o país de todos os livres-pensadores”.
A República Islâmica nunca reconheceu o Estado hebraico e apoia vários movimentos islamistas palestinianos, mas a hostilidade entre os dois países agravou-se desde a chegada ao poder do ultra-conservador iraniano, que, por várias vezes, negou a veracidade do genocídio cometido pelo regime nazi alemão defendeu que Israel “deve ser riscado do mapa”.
“Hoje o Holocausto tornou-se um ídolo para as grandes potências. Pouco importa que ele não tenha acontecido, que a sua dimensão tenha sido limitada, trata-se de um pretexto criado para lançar as bases da agressão e da ameaça aos países da região”, acrescentou Ahmadinejad, perante o aplauso dos conferencistas.
Para pôr fim ao que diz ser "um mito", o líder iraniano defendeu a criação de uma “comissão de verdade, formada por investigadores internacionais para investigar o Holocausto” e livre das pressões “das grandes potências”.
As declarações de Ahmadinejad foram já criticadas por vários países, os mesmos que ontem se manifestaram indignados com a conferência realizada por Teerão.
“Estas afirmações não são apenas chocantes, mas simplesmente inaceitáveis”, afirmou o chefe da diplomacia francesa, Philippe Douste-Blazy, para quem as sucessivas provocações do Presidente iraniano deverão ser analisadas pelo Conselho de Segurança da ONU.Para o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, as declarações do Presidente iraniano são “inacreditavelmente chocantes” e são um sinal de que Teerão representa um factor de instabilidade para a região.
in, PÚBLICO