\ A VOZ PORTALEGRENSE: João Tavares

segunda-feira, julho 20, 2009

João Tavares

De seu nome completo João Augusto da Silveira Tavares, nasceu em Portalegre em 22 de Setembro de 1908. De seu pai herdou o gosto pela matemática, pelo desenho, a ordenação comandada pela geometria e principalmente um sentido de grande observador e aguda crítica.
Frequentou o então Liceu Mouzinho da Silveira, em Portalegre, onde concluiria o curso em 1927. Formou-se em Lisboa, em 1929, no Curso do Magistério para professores liceais do 9º grupo. Depois de estagiar no Liceu Pedro Nunes, sendo simultaneamente professor no Colégio Francês, deu entrada em 6 de Outubro de 1932 no Liceu de Portalegre, como professor provisório.
Aqui fez toda a sua carreira, passando a professor agregado eventual em 23 de Agosto de 1934 e a agregado permanente pouco depois. Em 2 de Janeiro de 1935 foi nomeado professor efectivo do 9º grupo, sendo durante vários anos Director das Instalações de Geografia, Desenho e Trabalhos Manuais e Director de Ciclo. Em 19 de Outubro de 1963 foi nomeado Vice-Reitor.
A par da sua carreira de professor nunca deixou de ser o artista de alto sentido estético e em muitas e variadas ocasiões deu a sua colaboração à cidade de Portalegre.
Como aguarelista a sua obra é vasta e valiosa. Os seus temas preferidos foram sempre os aspectos típicos das cidades e vilas. O Porto, Portalegre e seus arredores captaram a atenção do pintor numa procura realista, quer na forma, no detalhe ou na cor, raramente caindo no «impressionismo». Reflectindo aquelas primeiras características, de grande mérito é também a colecção de interiores da casa do poeta José Régio.
Foi representante de Portugal na Exposição Internacional de Aguarelas em 1947; 1.ª medalha do Salão do Estoril; 1.ª medalha da Sociedade Nacional de Belas Artes; 1.º e 2º prémios Roque Gameiro.
A instalação da Manufactura de Tapeçarias de Portalegre fez com que o aguarelista se transformasse em poucos anos em puro cartonista. Diria então que «a disciplina requerida para a feitura de cartões para tapeçaria é antagónica à liberdade da aguarela».
João Tavares fez o primeiro cartão - «Diana» - que viria a ser interpretado, dando origem à primeira tapeçaria portuguesa no ano de 1948. Nos muitos cartões que depois se lhe seguiram João Tavares é sempre um figurativo, que sabe melhorar a sua expressão estética, adaptando-se progressivamente às exigências da tapeçaria e acabando por obter por simplificação de formas, perspectiva plana, o enquadramento para o emprego da sua paleta característica.