Eduardo Bilé - Exposição - Lisboa
*
*
Como referiu em tempos – em tempo adequado –
um dos maiores fotógrafos do século transacto, Albert Thibaudet, a arte da
fotografia é sempre a arte da escolha.
Com efeito, seja amador ou profissional
(sendo um artista ou, pelo menos, um ser com sensibilidade artística
reconhecível) o fotógrafo escolhe o seu tema de forma referenciável, uma vez
que o seu utensílio operativo é uma máquina:
através dela é que o operador se posiciona, observa e finalmente
decide mediante a ponderação de
sombras, efeitos, ângulos e enquadramentos.
E não devemos esquecer que, ao contrário do
pintor, que pode optar matericamente in loco, o fotógrafo está dependente do resultado
que em aparelhos clássicos ou convencionais lhe dá a revelação final.
Eduardo Bilé, fotógrafo por devoção interior
a esta arte, no caso vertente escolheu um aspecto característico, quase diria
fundacional, da nossa vivência regional,
bem típica de uma lavoura que vem dos ancestros e no quotidiano rural
alentejano tem permanecido: o descortiçamento.
Em fotografias que buscam dar uma imagem
adequada deste trabalho, numa sequência própria que une o homem e o elemento
vegetal num solo específico (o montado) – E.B. cria um documento que não só
informa e exemplifica como faculta ao visitante o conhecimento perdurável de
uma actividade que, afinal, prolongada através dos tempos, acaba por ser também
uma arte sustentada pelos bons (antigos e modernos) profissionais que com pundonor a executam.
Setembro de 2013
Nicolau Saião
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home