\ A VOZ PORTALEGRENSE: Fernando Correia Pina

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Fernando Correia Pina

Dois poema de Alcácer Quibir
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Zénite

Que a minha espada cante no ar quente
o canto desta gente, tão vibrante,
que a minha espada ardente talhe e cante
e seja o canto ocaso do Crescente.

Que este canto a mil mais se acrescente
até se erguer estridente e cintilante,
que a maré de espadas suba e cante
e seja o canto ocaso do Crescente.

Que cegue o dia o encanto de tanto
brilhante canto sob o sol ardente
e que em nome de tudo quanto é santo
seja este canto ocaso do Crescente.
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Nadir
 
Entre estes corpos nus, ensanguentados,
cativo me trouxeram para achar
um rosto entre os rostos apagados,
um nome entre os nomes a calar.

Todo o dia entre os mortos mutilados
gastei fechando a boca e o olhar
aos irmãos e amigos condenados
à morte de um rei que os fez sonhar

Dele, porém, não achei rasto.
Do seu pendão vi restos e a espada,
sangrenta, vi ao lado da montada

ferida de morte em seu pescoço vasto.
Mas, do meu rei não vi outro sinal
e algo me diz que há-de tornar a Portugal.