Fernando Correia Pina
Dois poema de Alcácer Quibir
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Zénite
Que
a minha espada cante no ar quente
o
canto desta gente, tão vibrante,que a minha espada ardente talhe e cante
e seja o canto ocaso do Crescente.
Que este canto a mil mais se acrescente
até se erguer estridente e cintilante,
que a maré de espadas suba e cante
e seja o canto ocaso do Crescente.
Que cegue o dia o encanto de tanto
brilhante canto sob o sol ardente
e que em nome de tudo quanto é santo
seja este canto ocaso do Crescente.
.
Nadir
Entre estes corpos nus, ensanguentados,
cativo me trouxeram para acharum rosto entre os rostos apagados,
um nome entre os nomes a calar.
Todo o dia entre os mortos mutilados
gastei fechando a boca e o olhar
aos irmãos e amigos condenados
à morte de um rei que os fez sonhar
Dele, porém, não achei rasto.
Do seu pendão vi restos e a espada,
sangrenta, vi ao lado da montada
ferida de morte em seu pescoço vasto.
Mas, do meu rei não vi outro sinal
e algo me diz que há-de tornar a Portugal.
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