Anti-semitismo
NAZIS. VÍTIMA DE JOSEF MENGELE
Fugiu dos médicos durante 64 anos, ninguém sabia porquê. Agora Yitzchak Ganon revelou que em Auschwitz foi operado sem anestesia e passou uma noite em água gelada
Yitzchak Ganon passou os últimos 64 anos a inventar desculpas para não ir ao médico. De cada vez que se constipava, tinha febre ou sofria uma infecção, o judeu, hoje com 85 anos, desvalorizava o problema e automedicava-se sem dizer a ninguém. Os familiares e amigos nunca perceberam esta aversão a hospitais e médicos, até que um ataque cardíaco, em Outubro passado, o enviou de urgência para uma mesa de operações. Depois de uma delicada cirurgia ao coração, num hospital próximo de Telavive, em Israel, Eli Lev, médico responsável pelo caso, disse-lhe: "Pensámos que não sobreviveria. Não sei se sabe, mas tem apenas um rim." Yitzchak respondeu-lhe: "Eu sei. A última vez que o vi estava na mão de um homem chamado Josef Mengele, médico de Auschwitz."
A REVELAÇÃO SURPREENDEU toda a gente. Yitzchak Ganon nunca tinha dado detalhes sobre o que viveu no campo de concentração de Auschwitz, onde esteve preso quase um ano. Vítima de Josef Mengele, médico das SS conhecido como Anjo da Morte, Yitzchak foi torturado pelo alemão durante vários meses. Mas o pior foi quando lhe tiraram o rim. "Cortou-mo sem anestesia. Foi uma dor indescritível. Senti cada um dos cortes do bisturi. Depois, vi o meu rim na mão dele. Chorei como um louco. Pedi a Deus para morrer. Não queria continuar a sofrer aquela agonia."
Yitzchak Ganon, judeu nascido no Norte da Grécia, foi deportado para Auschwitz, na Polónia, em Março de 1944. O pai morreu durante a viagem, a mãe e os cinco irmãos foram enviados para as câmaras de gás assim que chegaram. A Yitzchak coube ir para o hospital dirigido pelo Anjo da Morte, onde além de servir de cobaia, tinha de fazer limpezas.
Horas depois de ter perdido o rim, e sem ter tomado qualquer analgésico, Yitzach regressou ao trabalho. "Fui limpar instrumentos cirúrgicos", conta o judeu, recordando as dores horríveis que sentiu. Depois desta tortura, Mengele ainda o obrigou a passar uma noite numa banheira com água gelada para testar as funções dos seus pulmões. E quando lhe pareceu que o judeu não tinha mais utilidade, mandou-o para as câmaras de gás. Havia espaço para 200 pessoas. Yitzchak era o número 201 e escapou. Poucos meses depois, a 27 de Janeiro de 1945, Auschwitz foi ocupado pelas tropas soviéticas e Yitzchak voltou a casa com uma certeza: nunca mais iria ao médico.
"Foi uma dor indescritível, senti cada corte do bisturi. Vi o rim na mão dele. Pedi para morrer"
"Foi uma dor indescritível, senti cada corte do bisturi. Vi o rim na mão dele. Pedi para morrer"
in, SÁBADO, Nº 299 - 21 A 27 DE JANEIRO DE 2010 - PG. 82
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Quem ler 'em diagonal' este artigo da revista SÁBADO, por certo não questionará se é possível a um homem ser amputado um rim a sangue frio. E sem desmaiar.
Com mais atenção, torna-se inverosímil que tal tenha acontecido como é descrito pela vítima. Mas não se duvidará que a vítima não tenha um rim.
Diz a autora do texto, Ana Catarina André, que “horas depois de ter perdido o rim, e sem tomar qualquer analgésico, Yitzach regressou ao trabalho.” Ora, este facto mostra qualidades sobre-humanas da vítima, a qual de seguida foi limpar instrumentos cirúrgicos.
E, escreve Ana Catarina André, “depois desta tortura, Mengele ainda o obrigou a passar a noite numa banheira com água gelada para testar as funções dos seus pulmões”. A vítima mostrou ser avessa à hipotermia, mostrando uma vez mais as suas qualidades super-humanas.
Contudo, o drama não fica por aqui: _ “E quando lhe pareceu [a Mengele] que o judeu não tinha mais utilidade, mandou-o para as câmaras de gás.”
Todavia, há um final feliz: _ “Havia espaço [na câmara de gás] para 200 pessoas. Ytzchak era o número 201 e escapou”.
É um facto que Itzchak Ganon é uma pessoa real, e que não tem um rim. Agora as circunstâncias em que tal aconteceu é que parecem mais uma história de anti-semitismo primário, dado ser humana e clinicamente impossível os factos se terem passado como são descritos por Ana Catarina André.
Sem a menor dúvida, o texto de Ana Catarina André fornece ‘argumentação’ para as teses revisionistas..
Mário Casa Nova Martins
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