\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quinta-feira, setembro 25, 2008

Crónica de Nenhures

A actualidade de Tintin
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O Mundo vive uma crise económico-financeira de proporções ainda não quantificáveis, porque está para ficar e durar. Começou nos Estados Unidos da América, rapidamente chegou à Europa, e neste momento não há Continente ou País que já não sinta os seus efeitos. Sete anos de Capitalismo Selvagem, selvática e criminosamente fomentado e protegido pela Administração liderada por George W. Bush, são os responsáveis por tudo o que se está a passar. E a impunidade da Plutocracia é evidente em todo o processo!
Wall Street é o símbolo da usura, tão bem definida por Ezra Pound. A ela se devem as maiores crises, desde o Crash de 1929. Com o fim de Primeira Guerra Mundial, o centro económico-financeiro passou de Londres para Nova Iorque, da City para Wall Street, e nunca a instabilidade dos mercados foi tantas vezes posta à prova. E tudo por culpa da Oligarquia Financeira Transnacional!

Em 1942, o repórter Tintin envolve-se em mais uma aventura. Naquela noite fazia um calor insuportável. Passeando com Milu, Tintin percebe que uma enorme estrela brilhava na constelação da Ursa Maior. A estrela misteriosa aumentava a cada instante, tornando mais forte o calor.
No Observatório, Tintim descobre que se tratava de um gigantesco meteorito vindo em direcção à Terra. A colisão acarretaria o fim do mundo! Contudo, o mundo não termina, porque o meteorito passa a raspar a Terra. Mas um pedaço dele cai no oceano Árctico, originando um pequeno terramoto.
Um astrónomo descobre no meteorito um metal desconhecido - o calystène. Então, uma expedição científica, comandada pelo capitão Haddock, vai atrás do precioso meteorito.
Mas o interesse pela exploração económica do calystène leva também uns aventureiros sem escrúpulos a tentar apossar-se dele. Tintin e seus amigos terão de enfrentá-los nessa corrida, em que seus inimigos usam de toda sorte de golpes baixos para chegar na frente.

Os inimigos da expedição organizada pelos Fonds Européen de Recherches Scientifiques, F.E.R.S., da qual faz parte o Físico e Professor da Universidade de Coimbra Pedro João dos Santos, estão representados, originalmente, pelo Banco Blumenstein, do banqueiro Blumenstein que financia e dirige à distância a expedição do PEARY.
E quando o Kentucky Star se aproxima do meteorito, desce um escaler, no qual, originalmente, é bem visível a bandeira dos EUA! Mas do Aurore já tinha sido um hidroavião com Tintin a bordo que vai descer em pára-quedas no solo do meteorito em primeiro lugar, ficando a posse do dito nas mãos da F.E.R.S..
Nada de mais simbólico e actual. Hergé, ao escrever esta aventura, em plena Segunda Guerra Mundial, como que antecipa o futuro. O Capitalismo é o vencedor da contenda, quer o Capitalismo de Mercado simbolizado pelos EUA, quer o Capitalismo de Estado simbolizado pela então URSS.
Nesta batalha pela posse do meteorito não são os EUA e a sua Banca que ganham. Aqui a lei do mais forte não venceu!
E agora, como será?
Mário Casa Nova Martins