Notícia
Costa Gomes através do filho
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A revelação vem numa biografia, que cita telegramas do embaixador Frank Carlucci
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A chantagem do PCP, através do próprio filho do então Presidente da República, é descrita na biografia “Marechal Costa Gomes — No Centro da Tempestade”, da autoria do historiador Luís Nuno Rodrigues. Editado pela Esfera dos Livros, o trabalho será lançado em Abril.
A avaliar pelo livro, a hipótese de Costa Gomes estar a ser chantageado terá sido levantada pela primeira vez no decorrer de um “jantar privado” de Carlucci com os dirigentes socialistas Mário Soares e Salgado Zenha, a 9 de Agosto de 1975. Dias antes, o Presidente havia dado posse ao V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves e apoiado apenas pelos comunistas.
Alarmado com o cenário admitido pelo PS, Washington instruiu o seu embaixador para investigar o caso. O resultado das pesquisas feitas pelos serviços norte-americanos foi transmitido a 15 de Agosto. Um telegrama então expedido relatava dois episódios ocorridos em Angola, quando Costa Gomes era o comandante militar, mas que a embaixada desvalorizava. Avançava, em contrapartida, uma outra explicação, vista como mais verosímil: “É necessário ter em conta que ele e Vasco Gonçalves têm uma longa relação de amizade pessoal, que o filho único do presidente viveu com a família Gonçalves (...) e que o filho do presidente e a filha de Gonçalves, segundo se diz, são namorados e, alegadamente, ambos membros do PCP”. O mesmo documento lembrava que o PCP se havia apoderado de numerosos dossiês da PIDE/DGS, o que permitiria “terreno amplo” para chantagens pessoais e políticas.
Cinco dias antes da tentativa de golpe de Estado de 25 de Novembro, a embaixada dos EUA deu informações mais precisas, assim descritas por Luís Nuno Rodrigues: “Grande parte da capacidade de influência do PCP sobre o PR era proveniente do seu próprio filho, membro da ‘juventude comunista’ que, inclusivamente, teria já ameaçado com ‘greve de fome’ caso o pai não assumisse uma determinada posição favorável ao PCP”.
Zita Seabra confirma nas suas memórias (“Foi Assim”, ed. Alêtheia) que o filho de Costa Gomes era militante da UEC, a organização estudantil do PCP, bem como a filha de Vasco Gonçalves e um sobrinho de Melo Antunes. “Nos momentos críticos eu falava directamente com o Chico e transmitia-lhe o que me mandavam dizer-lhe. Momentos houve em que este contacto foi decisivo para as decisões do general”. Depois do 25 de Novembro de 1975, o filho do general foi estudar para Cuba. De regresso a Portugal, viria a suicidar-se. Zita Seabra fala de “uma morte muito triste de solidão profunda por um desgosto de amor”.
A avaliar pelo livro, a hipótese de Costa Gomes estar a ser chantageado terá sido levantada pela primeira vez no decorrer de um “jantar privado” de Carlucci com os dirigentes socialistas Mário Soares e Salgado Zenha, a 9 de Agosto de 1975. Dias antes, o Presidente havia dado posse ao V Governo Provisório, chefiado por Vasco Gonçalves e apoiado apenas pelos comunistas.
Alarmado com o cenário admitido pelo PS, Washington instruiu o seu embaixador para investigar o caso. O resultado das pesquisas feitas pelos serviços norte-americanos foi transmitido a 15 de Agosto. Um telegrama então expedido relatava dois episódios ocorridos em Angola, quando Costa Gomes era o comandante militar, mas que a embaixada desvalorizava. Avançava, em contrapartida, uma outra explicação, vista como mais verosímil: “É necessário ter em conta que ele e Vasco Gonçalves têm uma longa relação de amizade pessoal, que o filho único do presidente viveu com a família Gonçalves (...) e que o filho do presidente e a filha de Gonçalves, segundo se diz, são namorados e, alegadamente, ambos membros do PCP”. O mesmo documento lembrava que o PCP se havia apoderado de numerosos dossiês da PIDE/DGS, o que permitiria “terreno amplo” para chantagens pessoais e políticas.
Cinco dias antes da tentativa de golpe de Estado de 25 de Novembro, a embaixada dos EUA deu informações mais precisas, assim descritas por Luís Nuno Rodrigues: “Grande parte da capacidade de influência do PCP sobre o PR era proveniente do seu próprio filho, membro da ‘juventude comunista’ que, inclusivamente, teria já ameaçado com ‘greve de fome’ caso o pai não assumisse uma determinada posição favorável ao PCP”.
Zita Seabra confirma nas suas memórias (“Foi Assim”, ed. Alêtheia) que o filho de Costa Gomes era militante da UEC, a organização estudantil do PCP, bem como a filha de Vasco Gonçalves e um sobrinho de Melo Antunes. “Nos momentos críticos eu falava directamente com o Chico e transmitia-lhe o que me mandavam dizer-lhe. Momentos houve em que este contacto foi decisivo para as decisões do general”. Depois do 25 de Novembro de 1975, o filho do general foi estudar para Cuba. De regresso a Portugal, viria a suicidar-se. Zita Seabra fala de “uma morte muito triste de solidão profunda por um desgosto de amor”.
in, EXPRESSO, Primeiro Caderno, p.48, 29-03-08
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