Desabafos

Quem lucrou com este crime político? Parece fácil dizer que foram os republicanos, uma vez que passados pouco mais de dois anos, em 5 de Outubro de 1910, era implantada a República em Portugal. E de facto assim foi.
Hoje, tal como na altura, sabe-se que uns foram os mandantes e outros os executores. Dos primeiros há que referir em primeiro lugar os denominados Monárquicos Progressistas, e quanto aos segundos a Carbonária. Foram monárquicos quem colocou as armas nas mãos dos carbonários, que diligentemente fizeram o seu papel na sórdida conspiração.
O objectivo era aniquilar a Família Real, se bem que tempo houve em que se afirmava que o alvo a abater seria João Franco, e que houvera uma falha no sistema de comunicações. E tudo porque no dia seguinte seguiriam para o exílio um conjunto de políticos suspeitos de tentativa de insurreição armada contra o Regime.
Diga-se que em 1908 o Partido Republicano, que governava a Câmara da cidade de Lisboa, não tinha nem força política nem estruturas para sozinho desencadear o processo do atentado. A própria Carbonária, o seu braço armado, não tinha condições de logística para a envergadura que os assassinos vieram a demonstrar no acto. Tudo requereu e obedeceu à mais minuciosa das preparações. Nada foi deixado ao acaso.
E enquanto os restos mortais de D. Carlos I e de D. Luís Filipe caminhavam para a sua última Morada, faziam-se romarias à campa dos assassinos! Que eram aclamados como heróis!
João Franco Castelo-Branco foi demitido. Os mandantes regressaram ao Paço e governaram até ao fim da Monarquia. Depois, disseram-se Republicanos de toda a vida.
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