\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Crónica de Nenhures

Monumento erigido aos regicidas na I República
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Rosa Casaco Herói Nacional?
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Esta pergunta aparentemente provocadora, tornou-se de um momento para o outro não só oportuna como necessária.
A razão de uma autarquia comunista, Castro Verde, “homenagear” um assassino, Alfredo Luís da Costa, permite neste Portugal democrático todo o tipo de interrogações.
É facto histórico que Buiça e Costa foram autores materiais do assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe da Beira em 1 de Fevereiro de 1908. Outros terão existido, mas a História apenas retém estes dois nomes.
Alfredo Costa era natural de Casével, obscuríssima freguesia de um não menos obscuro concelho, Castro Verde. Nada de importante distingue este concelho e muito menos aquela freguesia. Quiçá, apenas o facto de por lá ter nascido um assassino. Que passados cem anos do seu acto hediondo tem “honras” de placa evocativa no largo, talvez o único que por lá existe, de Casével! E à “solenidade” actuará a Banda Filarmónica 1º de Janeiro.
Convém deixar para a posteridade o nome dos políticos que decidiram esta “festividade”:
Câmara Municipal de Castro Verde: Presidente, Fernando Sousa Caeiros (CDU). Vereadores, Francisco José Caldeira Duarte (CDU), António João Fernandes Colaço (CDU), João Alberto Lança Fragoso (PS), Paulo Jorge Maria do Nascimento (CDU).
Junta de Freguesia de Casével: Presidente, Fernanda Guerreiro dos Santos Felício (CDU). Secretário, José Pinto Jorge (CDU). Tesoureiro, Manuel Jacinto Custódio Guerreiro (CDU).
Assembleia de Freguesia de Casével: Presidente, António Francisco da Silva Ribeiro (CDU). 1º Secretário, Andreia Isabel Santos Guerreiro Pedro (CDU). 2º Secretário, Rosa Maria de Brito Revés dos Santos (CDU). Vogais, João Francisco Inácio (CDU), Maria de Lurdes dos Prazeres Jorge (CDU), Mário Jorge Pontes (PS), Joaquim Dias Felisberto (BE).
Para bom entendedor, meia palavra basta…
Enquanto que o Regicídio foi uma conspiração para assassinar a Família Real, a morte do General Humberto Delgado foi um acidente. Buiça e Costa não agiram sozinhos. Havia uma ordem para matar. Tudo foi premeditado.
Humberto Delgado foi a uma reunião, enganado, junto à fronteira de Portugal com Espanha. Julgava ir-se encontrar com opositores ao Estado Novo, e ao chegar ao local pré-estabelecido para o encontro depara-se com uma figura conhecida pertencente à polícia política do Regime, a PIDE. Reage sacando da arma que levava consigo, e é morto no curto combate que se estabelece. Porém, não havia a ideia de assassinar o General, apenas conduzi-lo sob prisão para o país. As “coisas” não correram como o previsto. Aliás, seria relevante para a História da época saber-se quem foram os “intermediários” que conduziram o General ao logro.
Para essa gentalha de Castro Verde e Casével, socialistas, comunistas e bloquistas, o assassinato do Rei e do Príncipe da Beira é, na teoria e na praxis leninista, justificável, um “assassinato de classe”. Daí não se estranhar as ditas “festividades” em “honra” do assassino Costa.
Ora mesmo não tendo havido premeditação na morte de Humberto Delgado, a verdade é que ele era um político que advogava a luta armada contra o Regime, logo um elemento subversivo da sociedade, sendo então 'justificável' a sua morte. Sendo Rosa Casaco o chefe da Brigada da PIDE, será Herói Nacional!
Uma denominada Associação Promotora do Livre Pensamento levou a efeito no dia 31 de Janeiro uma “romagem” ao cemitério do Alto de São João para “
homenagear os carbonários mártires da liberdade”. Estão no seu direito. Que a consciência, se é que a têm, nunca lhes venha a pesar.
Mas uma autarquia devia ter outro sentido de responsabilidade. “Honrar” a “memória” de assassinos é abrir uma caixa de Pandora. De agora em diante, tudo é permitido.
Viva a Irresponsabilidade! Viva o Relativismo!
Mário Casa Nova Martins