Crónica de Nenhures
Numa terra pequena e de “fim-do-mundo”, comenta-se a “ordem do dia”, mas em surdina. Não há coragem para em voz alta se dizer o que se pensa. Cometem-se os maiores atentados contra o património, a cultura, e todos se calam! Há corrupção, tráfico de influências, conhecem-se os "actores", mas tudo parece estar em ordem! Fundações surgem do “nada”, “nadando” em dinheiro ou dinheiros, com salários milionários para administradores e distribuição de subsídios pela a clientela, e quando alguém questiona, é logo “posto na ordem”, das coisas! O silêncio da comunicação social é “comprado” através da publicidade institucional, e as consciências consentem!
Évora tem novo arcebispo. Chegou de Portalegre, sem que por esta cidade se tivesse dado conta da sua passagem. E o mesmo aconteceu em toda a diocese de Portalegre e Castelo Branco. Na despedida desta cidade, no passado domingo 10 de Fevereiro, apenas houve missa na Sé, para que “enchesse” na despedida do bispo. Mas estava literalmente cheia, como se comprova pelas fotografias que os jornais locais inseriram nas edições seguintes!
Em Castelo Branco, em Abrantes e por onde se despediu, o bispo não conseguiu movimentar os católicos. Não deixou qualquer marca, nenhuma referência. Mas, também se diga que com a entourage que tinha, pouco se havia a esperar!...
Um dos maiores, se não o maior problema de um bispo que venha para esta diocese é a “qualidade” do clero, ou a falta dela. Mais grave que a idade, factor que é comum a todas as dioceses de Portugal, é a fraca aceitação que a maioria dos padres tem por parte dos seus paroquianos. Desfasados do tempo presente, tornam-se factores de retrocesso social, afastando o povo da prática religiosa.
Por outro lado, a constituição geográfica da diocese de Portalegre e Castelo Branco não corresponde à geografia política da área por onde se estende, a qual entra no Ribatejo, tem a parte norte do distrito de Portalegre e o distrito de Castelo Branco. Realidades muito distintas, que em vez de unirem, desunem.
Há uma luta para que Castelo Branco volte a ter bispo residente. Em Portalegre, este é assunto tabu. Mas Castelo Branco tem toda a razão. Tal como não é lógico que Abrantes faça parte da diocese de Portalegre e Castelo Branco! Ou, nos limites, não faz sentido que o Alentejo esteja dividido em dioceses, justificando-se apenas a existência de um bispo.
MM
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