\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

terça-feira, novembro 13, 2007

Crónica de Nenhures

O nuclear espanhol
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A energia nuclear tem futuro? Enquanto for possível especular com o preço do petróleo, mais ainda que com o seu futuro esgotamento, não. Mas sendo, essa sim, uma fonte inesgotável, sem dúvida que o futuro da energia nuclear está assegurado.
Indústria e energia perigosa quer pelos resíduos que produz, quer pela perigosidade de um menor acidente que seja, o seu desenvolvimento e aproveitamento é inquestionável.
Vem esta prosa a propósito de uma notícia do semanário Expresso, que dava conta de um incidente na central nuclear espanhola de Almaraz, situado no rio Tejo e junto à auto-estrada Badajoz – Madrid.
Em primeiro lugar, convém recordar que as centrais nucleares espanholas se encontram junto à fronteira com Portugal e utilizam as águas dos rios Douro e Tejo, que depois atravessam este país de este para oeste e desaguam no mar português.
Em segundo lugar dizer-se que as autoridades competentes espanholas nada disseram do incidente às congéneres portuguesas, facto que as normas internacionais obrigam.
Em terceiro lugar, mesmo tendo sido um incidente que numa escala de 1 a 7 é de nível 1, o perigo não é menor.
Em quarto lugar, é público que a Espanha diz estar a desinvestir no nuclear, o que torna a situação mais grave tendo em conta futura desactivação desta unidades, quanto aos resíduos que ficam e à sua segurança.
Em quinto lugar, este denominado incidente menor, só foi publicamente conhecido através da comunicação social espanhola.
Por fim, como não dizer que “de Espanha nem bom vento, nem bom casamento”!
Todavia, esta conclusão nada tem de anti-espanhola, mas contém tudo de anti-iberista. A Espanha não tem conseguido ao longo da História lidar com a independência de Portugal face a Castela. A União Ibérica está sempre no espírito da centralidade castelhana, mas não da Galiza, País Basco, Catalunha, Andaluzia ou Canárias. Um espaço geográfico, vários Povos, diferentes Nações.
À União Ibérica, a Ibéria das Pátrias!
MM

in, Expresso, 40 - PRIMEIRO CADERNO – 10 de Novembro de 2007