\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos

sexta-feira, outubro 19, 2007

Desabafos

A pobreza em Portugal é uma realidade. Uma realidade sombria, mas indispensável para compreender o Portugal deste início do século XXI.
Quem “frequentar” os telejornais, noticiários das rádios ou ler os pasquins diários ou semanários, julgará crer que vive num País moderno, quiçá progressista, onde as causas mais fracturantes da Sociedade têm as terapias mais avançadas. Mas logo ao lado encontra a maior miséria!
Os parâmetros que medem o nível da pobreza são variados, uns mais adequados a uma determinada realidade que outros, mas todos correctos. Contudo, mais importante que números, é a própria essência da pobreza que deve ser analisada. Pensar-se-á que a pobreza é apenas a ausência de bens que permitam a vida no seu limiar de subsistência. O que não será verdade. É apenas uma parte dela.
Diferentes formas de pobreza pululam por todo o Portugal. Desde a maior opulência, ela própria uma pobreza de sentimentos, porque os que nela vivem esquecem os que nada têm, até à miséria extrema em que vivem milhares de portugueses que deambulam de dia à cata de alimentos nos lixos e à noite dormindo ao relento enrolados em velhos trapos, jornais e papelões nas duras noites de chuva e frio.
Opulência é a nova Igreja da Santíssima Trindade em Fátima, um lugar de penitência e oração, auto-apelidado de Altar do Mundo! Pobreza é ou são as mentalidades daqueles que imaginaram e construíram aquele monumento tão grandioso quanto desnecessário, que apenas visa perpetuar uma Igreja rica em bens materiais, esquecendo a escassez de Vocações, a perca da Fé dentro do Catolicismo, e os milhões de Crentes que deixam os seus óbolos, muitas das vezes fruto de muitas lágrimas e maior suor, em Prece ou em Agradecimento à Senhora Mais Brilhante que o Sol.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 19/10/07
Mário Casa Nova Martins