\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quarta-feira, setembro 19, 2007

Crónica de Nenhures

O Segundo Regicídio
.
ou
.
Quando os lobos uivam
.
Uma Nação tem o dever de honrar os seus Mortos Ilustres. E uma forma de o fazer é colocá-los num Monumento que perpetue a sua Memória. Em Portugal, na vigência da Terceira República, foi criado um espaço para que nele repousassem para a Eternidade os restos mortais de Portugueses “que por obras valerosas se vão da lei da Morte libertando”.
Mas a miséria humana é sempre mais forte que a Honra. E quando as Elites de uma Nação são fracas, tornam fraco o Povo que lideram.
Um escritor que no seu tempo era conhecido porque os manuais de língua portuguesa, “livro único” como então se dizia por ser obrigatório na escola pública, do Estado Novo traziam textos seus de leitura obrigatória, é hoje falado como se um grande vulto da literatura portuguesa do século XX se tratasse.
Hoje o seu nome passaria despercebido dos portugueses, porque a sua obra literária não conseguiu passar o tempo em que foi editada. Mas a Maçonaria ligada ao Grande Oriente Lusitano entendeu que o homem fosse levado à estatura de “imortal”. Com a conivência do Parlamento, onde a proposta apresentada para o efeito foi facilmente aprovada por unanimidade, o facto tem hoje o seu epílogo.
Aquilino Ribeiro, a história o demonstrou, foi bombista assumido, foi detido em 1907, estando também implicado no Regicídio, como escreveu, assumindo-o, num livro memorialista.
Homem da Carbonária, colega de Manuel Buiça e Alfredo Costa, os autores materiais do Regicídio, quiçá em breve tê-los-á por companhia no Panteão Nacional na Igreja de Santa Engrácia. E por que não, também se lhes juntará José Júlio da Costa, o assassino confesso de Sidónio Pais, este ficando junto ao Presidente-Rei.

A decadência de uma Nação “mede-se” pelos actos ignóbeis que vai praticando. Hoje, 19 de Setembro de 2007 fica para os vindouros como um dia negro para Portugal, porque se homenageou a figura do assassino, transformando-o em “herói nacional”.
Mário Casa Nova Martins