\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

terça-feira, janeiro 16, 2007

Crónica de Nenhures

As crises na Direita
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Por mais voltas que se dê, a Direita em Portugal continua desavinda, desunida e em contínuo processo autófago.
Do Partido da Nova Democracia, não se vê iniciativa que mobilize. No Partido Nacional Renovador, a saída do seu secretário-geral, não motivou qualquer movimentação interna quanto mais externa. O Partido do Centro Democrático e Social - Partido Popular, não intervém na sociedade civil, limitando-se a prolongar conflitos internos que desgastam a sua já má imagem pública.
Que é feito do PND, que tão “boa” imprensa tem tido ao longo da sua curta existência? O seu líder, transformou aquela força política num deserto de ideias, como que dando razão a Paulo Portas, na célebre charla da “criatura” e do “criador”. Sem futuro quanto a votações que lhe permitam desempenhar qualquer papel na sociedade portuguesa, o caminho que se aponta vai no sentido da dissolução, seguindo os militantes, um de dois caminhos: ou a criação de um grupo de Estudos, onde possam intervir, mas a nível cultural, exercendo o chamado magistério de influência, ou a dispersão pelos dois partidos desta mesma área política, PNR e CDS-PP.
Humberto Nuno de Oliveira deixou, de uma forma discreta, de exercer as funções de secretário-geral do PNR. Não quis com o seu pedido de demissão criar fracturas dentro do partido, limitando-se a enunciar um conjunto de factores que o levaram àquela decisão. Terá sido a sua escolha para aquele cargo um erro de casting? Certamente que não, dadas as condições que apresentou para o poder aceitar. Porém, há que dizer que Humberto Nuno é um intelectual, e o cargo que desempenhava tem as características para que nele esteja um homem de acção e com uma disponibilidade temporal quase ilimitada. Mas este caso é dos raros em que o “funcionário” está acima da “função”, isto é a passagem de Humberto Nuno de Oliveira pela secretaria-geral do PNR honrou a função e não foi a função que honrou o seu titular.
Diferente é o que se passa no CDS-PP. O líder parlamentar e o presidente do partido mantêm uma disputa que há muito ultrapassou o prazo de validade. As afirmações de Nuno Melo de ataque à liderança de José Ribeiro e Castro tinham que ter consequência no imediato. Ao não ter sido assim, a posição do “desafiador” é cada dia que passa mais forte, enquanto o “desafiado” vê o seu campo de acção diminuir. As condições de Ribeiro e Castro para se manter à frente do CDS são mínimas, e só o visado parece não perceber. O futuro próximo do CDS-PP passa por uma clarificação que só pode ser feita em assembleia magna. O Congresso, inevitável, tem que eleger novo líder, mas esse novo líder terá sempre os “dias contados”. Paulo Portas quer regressar à liderança, não percebendo que “as águas não passam duas vezes pelo mesmo lugar”. Mas o seu regresso será providencial ao partido, porque vai marcar-lhe o futuro: ou acaba ou é um sucesso. Desejamos o segundo, mas acreditamos no primeiro.
MM