O 'português' Jorge Luís Borges
Jorge Luís Borges nasceu em Buenos Aires a 24 de Agosto de 1899, e faleceu em Genebra em 14 de Junho de 1986, cidade onde ficou sepultado, por opção pessoal.
Segundo um estudo de António Andrade, Jorge Luís Borges tem ascendência portuguesa. O bisavô de Borges, Francisco, terá nascido em Portugal em 1770, e vivido na localidade de Torre de Moncorvo, situada no norte de Portugal, antes de emigrar para Argentina onde terá casado com Cármen Lafinur.
Segundo um estudo de António Andrade, Jorge Luís Borges tem ascendência portuguesa. O bisavô de Borges, Francisco, terá nascido em Portugal em 1770, e vivido na localidade de Torre de Moncorvo, situada no norte de Portugal, antes de emigrar para Argentina onde terá casado com Cármen Lafinur.
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OS BORGES
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Bem pouco ou nada sei dos meus maiores
Portugueses, os Borges: vaga gente
Que prossegue em minha carne obscuramente,
Seus hábitos, rigores e temores.
Ténues como se não tivessem sido
E alheios aos trâmites da arte,
Indecifravelmente formam parte
Do tempo e da terra e do olvido.
Melhor assim. Cumprida a sua faina
São Portugal, são a famosa gente
Que forçou as muralhas do Oriente
E deu-se ao mar e ao outro mar de areia.
São o rei que no místico deserto
Se perdeu e o que jura que não está morto.
Portugueses, os Borges: vaga gente
Que prossegue em minha carne obscuramente,
Seus hábitos, rigores e temores.
Ténues como se não tivessem sido
E alheios aos trâmites da arte,
Indecifravelmente formam parte
Do tempo e da terra e do olvido.
Melhor assim. Cumprida a sua faina
São Portugal, são a famosa gente
Que forçou as muralhas do Oriente
E deu-se ao mar e ao outro mar de areia.
São o rei que no místico deserto
Se perdeu e o que jura que não está morto.
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A LUÍS DE CAMÕES
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Sem lástima e sem ira o tempo arromba
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.
As heróicas espadas. Pobre e triste
À tua pátria nostálgica voltaste,
Ó capitão, para nela morrer
E com ela. No mágico deserto
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da ribeira
Última compreendeste humildemente
Que tudo o perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mutação) na tua Eneida lusitana.
Tradução de Miguel Tamen,
revista por Luísa Costa Gomes e Juan Carlos Vazquez
in, O FAZEDOR, Difel, pgs. 99 e 101
in, O FAZEDOR, Difel, pgs. 99 e 101
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