Bandeira e Hino
Na verdade, apesar de todos os atropelos, esta ideia de Pátria, de Nação, de País está de novo caminhando. Não tanto, ainda, pelo que conseguimos fazer de bom na economia, na educação ou noutros campos (e é universalmente reconhecido pelos portugueses), mas pelo fenómeno de massas que é o futebol. Não, também, pelo culto positivo da nossa história, da nossa literatura, da nossa língua e da nossa cultura. Mas pela adopção democrática espontânea dos símbolos nacionais do Hino e da Bandeira, a propósito do "clube Portugal" em que se tornou a selecção de futebol.
Quantos milhares de portugueses aprenderam a cantar o Hino e a usar os símbolos nacionais com orgulho, por causa do Euro 2004 e agora do Mundial? Também aqui a ideia profunda de País e de Nação venceu a ideia rasca e anti-portuguesa do antinacionalismo - tão difundida pelos que viam num certo internacionalismo, filho de um dos grandes totalitarismos do século XX, o comunista, um subserviente substituto para a ideia de Nação.
Mesmo sendo o futebol o que é, no seu melhor e no seu pior, resulta magnífico ver tantos portugueses a cantar A Portuguesa e a fazer ondular ao vento a bandeira das quinas. E com que orgulho o fazem os milhares de emigrantes, os homens da moderna diáspora, nos dias que eles sentem como sendo sempre "de Portugal e das Comunidades".
Há dois conceitos de nacionalismo, hoje como ontem. Um conceito aberto, progressista, que não teme o mundo e não receia a afirmação dos valores nacionais, representado pela diáspora portuguesa e por aqueles que se revêem na história portuguesa; e outro conservador, que os antiglobalização tão bem representam e que quer parar o curso da História - neoproteccionista e chauvinista, envergonhado dos valores nacionais, laicista em vez de laico e para quem as Forças Armadas, Nação, Pátria são um empecilho. Os herdeiros da Guerra-Fria, pelo lado do velho internacionalismo proletário, refugiaram-se quase todos aqui, modernizando o discurso, mas conservando os conceitos. O Portugal moderno de hoje tem nestes novos velhos do Restelo, de discurso fácil e demagogia sedutora, os seus novos-velhos inimigos.
Se há algo que, nestes últimos trinta anos, se tornou evidente é que os herdeiros do velho progressismo são os verdadeiros conservadores, os que se opõem a todas as reformas - ou que só as querem para os outros - e que muitos dos ditos conservadores são os verdadeiros progressistas.
José Manuel Barroso
Jornalista
Diário de Notícias
Terça-feira, 20 de Junho de 2006
Quantos milhares de portugueses aprenderam a cantar o Hino e a usar os símbolos nacionais com orgulho, por causa do Euro 2004 e agora do Mundial? Também aqui a ideia profunda de País e de Nação venceu a ideia rasca e anti-portuguesa do antinacionalismo - tão difundida pelos que viam num certo internacionalismo, filho de um dos grandes totalitarismos do século XX, o comunista, um subserviente substituto para a ideia de Nação.
Mesmo sendo o futebol o que é, no seu melhor e no seu pior, resulta magnífico ver tantos portugueses a cantar A Portuguesa e a fazer ondular ao vento a bandeira das quinas. E com que orgulho o fazem os milhares de emigrantes, os homens da moderna diáspora, nos dias que eles sentem como sendo sempre "de Portugal e das Comunidades".
Há dois conceitos de nacionalismo, hoje como ontem. Um conceito aberto, progressista, que não teme o mundo e não receia a afirmação dos valores nacionais, representado pela diáspora portuguesa e por aqueles que se revêem na história portuguesa; e outro conservador, que os antiglobalização tão bem representam e que quer parar o curso da História - neoproteccionista e chauvinista, envergonhado dos valores nacionais, laicista em vez de laico e para quem as Forças Armadas, Nação, Pátria são um empecilho. Os herdeiros da Guerra-Fria, pelo lado do velho internacionalismo proletário, refugiaram-se quase todos aqui, modernizando o discurso, mas conservando os conceitos. O Portugal moderno de hoje tem nestes novos velhos do Restelo, de discurso fácil e demagogia sedutora, os seus novos-velhos inimigos.
Se há algo que, nestes últimos trinta anos, se tornou evidente é que os herdeiros do velho progressismo são os verdadeiros conservadores, os que se opõem a todas as reformas - ou que só as querem para os outros - e que muitos dos ditos conservadores são os verdadeiros progressistas.
José Manuel Barroso
Jornalista
Diário de Notícias
Terça-feira, 20 de Junho de 2006
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