\ A VOZ PORTALEGRENSE: Azulejos "escondidos" de São Bernardo

quinta-feira, junho 25, 2009

Azulejos "escondidos" de São Bernardo

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Azulejos “escondidos” em São Bernardo
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Portalegre é uma cidade com Mosteiros. De entre eles sobressai o Mosteiro de São Bernardo, melhor, o Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição de Monjas da Ordem de Cister. Analisado arquitectonicamente, em Tese de Mestrado, por Domingos Almeida Bucho (1), tem por Teresa Saporiti a sua azulejaria estudada e esse estudo publicado (2).
Em artigo escrito no jornal Alto Alentejo (3), Teresa Saporiti denuncia o crime de lesa Património que é a ocultação por detrás de tabiques de vários painéis de azulejos, e, gravíssimo, «todos eles continuam sem qualquer protecção.» (4). Teresa Saporiti é hoje das pessoas que mais sabe de Azulejaria em Portugal, e considera o conjunto dos painéis de azulejos de São Bernardo uma “obra-prima da Azulejaria Portuguesa do séc. XVIII”. (5)
Se dúvida houvesse acerca da afirmação de Teresa Saporiti, ela desvanecer-se-ia “recorrendo” a uma sumidade na área da História da Ordem de Cister, principalmente na História desta Ordem Monástica em Portugal e Espanha. Por exemplo, Domingos Bucho a ela recorre abundantemente e a cita na Bibliografia.
Os trabalhos sobre Cister de Dom Frei Maur de Cocheril são ainda hoje incontornáveis. «Cister em Portugal» é editado em 1965 pelas Edições Panorama, e pela escrita bela e sedutora do seu Autor prova-se a dado passo a Tese de Teresa Saporiti.
Na primeira referência que faz aos azulejos de São Bernardo, define-os como «os esplêndidos azulejos da igreja.» (6) E, reproduzindo-se as palavras de Frei Maur de Cocheril, fica-se a saber (7):
_ «É tão bela a igreja de São Bernardo de Portalegre! Aí se encontra o túmulo de Monsenhor Jorge de Melo, um belíssimo túmulo digno do faustoso e altivo prelado que a mandou construir.
Prefiro no entanto os azulejos que contam a vida de São Bernardo e a de São Bento.
Vi muitos azulejos em Portugal, e nas nossas abadias, quase em todas, encontrei pintadas nos ladrilhos de faiança as vidas dos dois grandes monges. Em parte alguma admirei tão belos como em São Bernardo de Portalegre.
Em parte alguma, também, encontrei uma entrada tão original como o grande pórtico do mosteiro com os seus arcos de pedra abatidos, muito ousados. Abrigam outros azulejos tão belos como os da igreja e uma porta de batentes admiráveis.»
Razão dada a Teresa Saporiti, que quanto antes este Tesouro de Portalegre fique de novo protegido e visível!

Mário Casa Nova Martins

Notas
(1) Bucho, Domingos Almeida – Mosteiro de São Bernardo de Portalegre, Estudo histórico-arquitectónico. Propostas de recuperação e valorização do património edificado, Universidade de Évora, Junho de 1994
(2) Saporiti Teresa – Azulejos do Mosteiro de São Bernardo em Portalegre, Lisboa 2008
(3) Saporiti, Teresa – Estão “escondidos” os azulejos de S. Bernardo, Alto Alentejo 17 de Junho de 2009, pg. 21
(4) Saporiti, Teresa – ob. cit., cl. 2, ls.19 e 20
(5) Saporiti, Teresa – ob. cit., cl. 2, ls.3 e 4
(6) Cocheril, Maur de – Cister em Portugal, Edições Panorama, 1965 pg.85, l.29
(7) Cocheril, Maur de – ob. cit., pg.86, ls.3 a 18

in, Alto Alentejo, 24 de Junho de 2009, Opinião, 25