\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Desabafos

Não se pode dizer que o ano bolsista esteja a começar bem para os investidores. E para acentuar esse pensamento, esta semana aconteceu um mini-crash por todo o mundo. Começou na segunda-feira passada e, por exemplo, a sua amplitude foi superior à verificada após o 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, só comparável ao ocorrido precisamente há dez anos, em 1998.
Houve praças financeiras que temporariamente fecharam. Os lucros obtidos em 2007 esfumaram-se num instante, por entre papéis de valor duvidoso. Mas as repercussões em Portugal foram diminutas, não porque a economia portuguesa esteva em alta, mas porque ela é tão fraca em termos mundiais que estes movimentos bolsistas apenas a afectam, seja em que sentido for, diminutamente. Sinal da importância portuguesa na economia globalizada.
O sector financeiro português é frágil. E exemplos de empresas cotadas na bolsa como o Banco Comercial Português, desacreditam este sector que tão importante é para a saúde de uma economia, sendo o barómetro indicador de oportunidades de investimento. E com uma bolsa fraca, menos vontade dos investidores em investir, dada a fraca hipótese de rentabilização desses mesmos investimentos.
O BCP continua a dar uma má imagem no mercado. Depois da luta pelo controlo do banco entre o Partido Socialista e o Partido Social-Democrata, entre a Maçonaria e o Opus Dei, agora conhecem-se as milionárias indemnizações aos administradores cessantes, enquanto na bolsa as suas acções se afundam.
O maior banco privado português continua uma via-sacra que parece não ter fim à vista. Se parece afastada a hipótese de falência, a crise está para durar.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 25/01/2008
Mário Casa Nova Martins

in, VISÃO, Nº 777 - 24 de Janeiro 2008