\ A VOZ PORTALEGRENSE: março 2016

terça-feira, março 29, 2016

Desabafos, 2015/2016 - XIII

O Mundo que os Portugueses criaram, remete para a Epopeia dos Descobrimentos.
Contudo, falar-se no tempo presente dessa gesta, os Descobrimentos, é, dir-se-á, famigeradamente politicamente incorrecto. Pobre Nação esta que as suas gentes mais do que perderem a Memória, cobardemente recusam o seu Passado Heroico, cantado pelo seu maior poeta, Luís Vaz de Camões.
Mas esse Mundo criado pelos Portugueses gerou Estados viáveis e Estados inviáveis. Dos Estados inviáveis, que o são por razões geográficas, demográficas ou económicas, reconhecidamente está o antigo Estado da Índia, e hoje Guiné Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, que são no fundo protectorados das Nações dominantes da região, tal como seriam os Açores e a Madeira se se tornassem independentes, e o é o actual Portugal, que outrora fora protectorado da Pérfida Albion e hoje é da União Europeia, e cada vez mais da Espanha.
Os Estados viáveis são Angola, Brasil e Moçambique.
Todavia, em Angola e Moçambique está no poder desde a Independência o mesmo partido político, concreta e respectiamente MPLA e FRELIMO. Ditos países democráticos, a verdade é que neles nunca aconteceu a alternância democrática.
O caso do Brasil é paradigmático. Nele a corrupção toma ciclicamente conta do poder central, chegando mesmo à primeira figura do Estado como aconteceu num passado recente com Fernando Collor de Melo, e hoje com a guerrilheira tornada presidente pelo voto do povo brasileiro, Dilma Rouceff.
Em comum, Collor de Melo e Dilma Rouceff têm o facto de serem de Esquerda, ele do Partido Trabalhista Brasileiro, ela do Partido dos Trabalhadores. O primeiro foi destituído por corrupção, a segunda tem em andamento um processo semelhante por corrupção.
O Brasil, com a Esquerda, mergulhou no mundo da corrupção. E em Portugal um ex-primeiro ministro de Esquerda está na barra dos tribunais indiciado por crimes de corrupção.
Mário Casa Nova Martins
Rádio Portalegre, 28 de Março de 2016

quarta-feira, março 16, 2016

Desabafos, 2015/2016 - XII

«Atrás de mim virá, quem bem de mim dirá». Este ditado popular assenta na perfeição, neste tempo presente, ao anterior presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Ao longo da sua longa vida política sempre fomos seus críticos, contando-se pelos dedos de uma mão as vezes em que com ele estivemos de acordo.
Sem ideologia política, tal como o partido a que pertence, o dizer-se social-democrata nada significa ao “albergue espanhol” que é o PPD-PSD, só no final do mandato presidencial é que tomou posições quanto a Princípios e a Valores, com os quais nos identificamos e que defendemos.
Mas, verdade se diga, que num Portugal de matriz socialista e socializante, saído da revolução pretoriana de Abril de 1974, não se pertencer a essa matriz faz com que se esteja do chamado “lado errado da História”, daí os ataques que são mais insultos do que outra forma de crítica, que Aníbal Cavaco Silva sofreu principalmente ao longo da segunda metade do seu segundo mandato.
Detestado pelas ditas elites do regime, Cavaco Silva teve que lutar contra os preconceitos de classe dessa gente que sempre o invejou e que sempre o tentou menorizar enquanto político.
Agora, o tempo é outro. Agora como que “o circo desceu à cidade”, com o novo e actual presidente da República, uma figura que veio da Segunda República, o Estado Novo onde era delfim do presidente do conselho, e que neste Terceira República se tornou o enterteiner do sistema, chegando, com o apoio tácito da Esquerda, a presidente da República.
Os tempos que aí virão serão tempos de conflitualidade, de baixa política, ainda pior que o tempo presente, no qual as notícias em destaque se referem à corrupção, estando nela envolvidos políticos de todos os quadrantes do sistema.
Mário Casa Nova Martins
Rádio Portalegre, 14 de Março de 2014

quarta-feira, março 02, 2016

De pernas para o ar

O establishment está em pânico! As cabeças bem-pensantes não conseguem pensar! Os EUA estão de pernas-para-o-ar! Os reacionários ganham terreno! O medo, o pânico cresce!
A Europa não consegue explicar o que se passa nas primárias americanas. O seu candidato está bem posicionado para vencer as eleições presidenciais, como sempre, aliás. Mas não consegue entender porque os adversários votam num candidato que é nem mais nem menos que o Diabo em pessoa. O líder em termos de delegados na corrida à nomeação Republicana incarna o mal! Todos os piores receios quanto ao futuro dos EUA são expectáveis.
Lembramo-nos bem do processo de candidatura e posterior eleição presidencial de Ronald Reagan. Muito do que hoje se diz e acusa Donald Trump, é a mesma retórica então utilizada contra Reagan. Pena é que, à Direita, a memória seja tão curta.
É que a Direita do sistema em Portugal apoia a candidata à nomeação e eleição presidencial Democrata, e ‘cola-se’ à Esquerda do sistema nos ataques a Trump, os mesmos que fez a Reagan. A Esquerda radical apoia o judeu americano Bernie Sanders.
Mas, se se perguntar aos apoiantes portugueses, e europeus, direitistas de Hillary Clinton, qual o programa de Donald Trump, não o conhecem, e de imediato começarão a vomitar os chavões anti-Trump.
Ganhe quem ganhar as presidenciais americanas, o declínio da potência americana continuará.
E a Europa acompanhá-la-á nesse declínio.

Duarte Branquinho

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Quero aqui, neste momento, deixar o meu público agradecimento ao Duarte Branquinho, pelo facto de ele, na qualidade de Director do semanário «O Diabo», ter aceite publicar um vasto conjunto de textos meus, com a maior abertura e tolerância.
Muito me honrou ter estado com o Duarte.
Os anos que o Duarte esteve à frente de «O Diabo» foram exemplares. O jornal estava como que moribundo, e foi com um trabalho árduo, com uma dedicação plena, que foi possível tornar «O Diabo» uma referência no panorama jornalístico português.
O Duarte, como que fez renascer, um começar de novo, este semanário com mais de quatro décadas de existência.
O jornal que o Duarte construiu foi um jornal plural, não era um jornal de facção fosse ela política, religiosa ou outra.
Neste tempo de saída, Duarte Branquinho tem a certeza do dever cumprido. O Duarte fez o Bom Combate.
Por tudo, estou-lhe agradecido.
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Capa do último número da responsabilidade de Duarte Branquinho
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terça-feira, março 01, 2016

Desabafos, 2015/2016 - XI

Na segunda-feira dia 15 de Fevereiro deste ano de 2016, o Presidente da República Aníbal Cavaco Silva condecorou pela primeira vez uma vítima das Forças Populares 25 d Abril (FP25).
Hoje como que é tabu falar dessa associação criminosa e assassina. Talvez por isso a cerimónia de entrega da condecoração a título póstumo, a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, teve lugar numa cerimónia privada a pedido da família, quiçá temendo-se represálias.
Precisamente no dia do trigésimo aniversário do assassinato de Gaspar Castelo Branco, a sua Memória foi lembrada.
Director dos Serviços Prisionais, Gaspar Castelo Branco era um alto funcionário do Estado que, de acordo com a explicação sobre as ordens honoríficas portuguesas disponível na página da Presidência da República, prestou “serviços relevantes a Portugal, no país ou no estrangeiro, assim como serviços de expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua história e dos seus valores”.
Gaspar Castelo Branco foi morto ao fim da tarde de 15 de Fevereiro de 1986 à porta de casa, na Lapa, com um tiro na nuca, num ataque reivindicado poucas horas depois pelas Forças Populares 25 de Abril.
Cavaco Silva, neste seu final de segundo mandato, mostra uma coragem cívica que muito o honra.
As FP25 surgiram em 1980 e operaram até 1987. Os assassinos que a formaram nunca reconheceram os crimes que praticaram, e hoje passeiam-se com o maior à vontade, sendo ídolos dos radicais de Esquerda que estão na Assembleia de República.
Mas que fique claro o alerta que estes assassinos continuam a manter as mesmas ideias e posições, pelo que o mais que certo fracasso desta coligação de Governo, que une as extremas-esquerdas, os fará sair da clandestinidade e regressar ao banditismo e terrorismo de Esquerda.
Mário Casa Nova Martins
Rádio Portalegre, 29 de Fevereiro de 2016