\ A VOZ PORTALEGRENSE: outubro 2014

quinta-feira, outubro 30, 2014

Fernando Correia Pina

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PORTALEGRE VISTO POR ESTRANGEIROS
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Duas memórias de Portalegre nos escritos de sir John Kincaid, oficial do duque de Wellington
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Our third march from Castello Branco brought us to Portalegre, where we halted for some days.
In a former chapter, I have given the Portuguese national character, such as I found it generally, but in nature there are few scenes so blank as to have no sunny side, and throughout that kingdom, the romantic little town of Portalegre still dwells the greenest spot on memory's waste.
Unlike most other places in that devoted land, it had escaped the vengeful visit of their ruthless foe, and having, therefore, no fatal remembrance to cast its shade over the future, the inhabitants received us as if we had been beings of a superior order, to whom they were indebted for all the blessings they enjoyed, and showered their sweets upon us accordingly.
In three out of four of my sojourns there, a friend and I had the good fortune to be quartered in the same house. The family consisted of a mother and two daughters, who were very good-looking and remarkably kind. Our return was ever watched for with intense interest, and when they could not command sufficient influence with the local authorities to have the house reserved, they nevertheless contrived to squeeze us in; for when people are in a humour to be pleased with each other, small space suffices for their accommodation.
Such uniform kindness on their part, it is unnecessary to say, did not fail to meet a suitable return on ours. We had few opportunities of falling in with things that were rich and rare, (if I except such jewels as those just mentioned,) yet were we always stumbling over something or other, which was carefully preserved for our next happy meeting; and whether they were gems or gew-gaws, they were alike valued for the sake of the donors.
The kindness shown by one family to two particular individuals goes, of course, for nothing beyond its value; but the feeling there seemed to be universal.
Our usual morning's amusement was to visit one or other of the convents, and having ascertained the names of the different pretty nuns, we had only to ring the bell, and request the pleasure of half-an-hour's conversation with one of the prettiest amongst them, to have it indulged; and it is curious enough that I never yet asked a nun, or an attendant of a nunnery, if she would elope with me, that she did not immediately consent, — and that, too, unconditionally.
My invitations to that effect were not general, but, on the contrary, remarkably particular; and to show that in accepting it they meant no joke, they invariably pointed out the means, by telling me that they were strictly watched at that time, but if I returned privately, a week or two after the army had passed, they could very easily arrange the manner of their escape.
I take no credit to myself for any preference shewn, for if there be any truth in my looking-glass—and it was one of the most flattering I could find — their discriminating powers would entitle them to small credit for any partiality shewn to me individually; and while it was no compliment, therefore, to me, or to the nunnery, it must necessarily be due to nature, as showing that the good souls were overflowing with the milk of human kindness, and could not say nay while they possessed the powers of pleasing: for, as far as I have compared notes with my companions, the feeling seemed to have been general.

_ Extraído de Random Shots from a Rifleman
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April 13th, 1812.--Quartered at Portalegré.
DEAR PORTALEGRÉ!
I cannot quit thee, for the fourth and last time, without a parting tribute to the remembrance of thy wild romantic scenery, and to the kindness and hospitality of thy worthy citizens! May thy gates continue shut to thine enemies as heretofore, and, as heretofore, may they ever prove those of happiness to thy friends! Dear nuns of Santa Clara! I thank thee for the enjoyment of many an hour of nothingness; and thine, Santa Barbara, for many of a more intellectual cast! May the voice of thy chapel-organ continue unrivalled but by the voices of thy lovely choristers! and may the piano in thy refectory be replaced by a better, in which the harmony of strings may supersede the clattering of ivories! May the sweets which thou hast lavished on us be showered upon thee ten thousand fold! And may those accursed iron bars divide thee as effectually from death as they did from us!!!

_ Extraído de Adventures in the Rifle Brigade, in the Peninsula, France, and The Nederlands, from 1809 to 1815
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O dia três de março trouxe-nos de Castelo Branco para Portalegre, onde ficámos alguns dias.
Num capítulo anterior, falei do caráter nacional português, tal como eu o achei, em geral, mas na natureza há poucas cenas tão brancas que não têm um lado ensolarado e naquele reinado, a pequena cidade romântica de Portalegre ainda permanece o lugar mais verde nos resíduos da memória .
Contrariamente à maior parte dos lugares naquela terra devota, escapou à visita vingativa dos seus inimigos impiedosos e, não tendo, por isso, nenhuma lembrança para lançar a sua sombra sobre o futuro, os habitantes receberam-nos como se fôssemos seres de uma condição superior, a quem eles estavam em dívida por todas as bênçãos recebidas e cobriram-nos de atenções.
Em três das quatro estadias lá, eu e um amigo tivemos a sorte de estarmos hospedados na mesma casa. A família era constituída por mãe e duas filhas, que eram  muito bonitas e extraordinariamente simpáticas. O nosso regresso era sempre visto com imenso interesse, e quando não conseguiam exercer a influência necessária junto das autoridades locais para reservarem a casa, elas conseguiam encaixar-nos, porque quando as pessoas querem agradar umas às outras, um pequeno espaço é suficiente para se alojarem.
Tal simpatia constante da sua parte, é desnecessário dizer, não falhou na retribuição da nossa parte. Nós tivemos poucas oportunidades de oferecer coisas que eram caras e raras, (se eu excluir tais jóias como as agora mencionadas), no entanto nós estávamos sempre a encontrar uma coisa ou outra, que era cuidadosamente conservada para o nosso próximo feliz encontro, e quer fossem pedras preciosas ou bijuteria, eram valorizadas igualmente em consideração aos seus dadores.
A simpatia de uma família por dois indivíduos particulares não vai além do seu valor, mas o sentimento ali parecia ser universal.
O nosso divertimento matinal era visitar um ou outro convento e tendo averiguado o nome de diferentes freiras bonitas, nós só tínhamos de tocar a campainha e requisitar o prazer de meia hora de conversa com uma das mais bonitas, para ser concedido. E é curioso que eu nunca pedi a uma freira ou uma frequentadora do convento se ela fugir comigo que ela não concedesse imediatamente e isso, também, incondicionalmente.
Os meus convites para esse efeito não eram gerais, pelo contrário, eram extraordinariamente particulares, e para mostrarem que ao aceitaram não era brincadeira, elas invariavelmente referiam a maneira, dizendo-me que estavam a ser rigidamente vigiadas naquela altura, mas se eu voltasse, em privado, uma semana ou duas depois do exército ter passado, elas podiam muito facilmente arranjar maneira de fugir.
Eu não me dou nenhum crédito por nenhuma preferência demonstrada, pois se há alguma verdade no meu espelho, e foi um dos mais lisonjeiros que consegui arranjar, os seus poderes discriminatórios dar-lhes-iam direito a pouco crédito por qualquer parcialidade mostrada a mim individualmente; e se não era nenhum elogio, por isso, para mim, ou para o convento, deve ser necessariamente devido à natureza, como para mostrar que as almas boas estavam a transbordar de leite da bondade humana e não podiam dizer não enquanto possuíssem os poderes de agradar: porque, tendo comparado com comentários dos meus companheiros, o sentimento parecia ser geral.
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Abril, 13, 1812 – Aquartelado em Portalegre
Querida Portalegre! 
Eu não posso deixar-te, pela quarta e última vez, sem uma homenagem de despedida à memória do teu cenário romântico selvagem e à simpatia e hospitalidade dos teus dignos cidadãos! Possam os teus portões continuar fechados para os teus inimigos como até agora e, como dantes, possam eles mostrar felicidade aos teus amigos! Queridas freiras de Santa Clara! Eu agradeço-vos por usufruir uma hora de nada; e a ti, Santa Bárbara, por muitas de índole intelectual! Possa a voz do teu órgão da capela continuar sem rival exceto pelas vozes das tuas encantadoras coristas! E possa o piano no teu refeitório ser substituído por um melhor, no qual a harmonia das cordas possa substituir o barulho de marfins! Possa a bondade que nos deste ser derramada sobre vós dez mil vezes! E possam aquelas barras de ferro malditas separar-vos eficazmente da morte como elas fizeram de nós!

quarta-feira, outubro 29, 2014

Cinema na Biblioteca

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HOJE

domingo, outubro 26, 2014

O Diabo - Alpoim Calvão

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terça-feira, outubro 21, 2014

Desabafos, 2014/2015 - III

A notícia veiculada pelo jornal Público* na sua edição do passado dia 5 de outubro é uma verdadeira ‘pedrada no charco’!
Intitulada «Quase um terço dos emigrantes portugueses em Paris vivem no limiar da pobreza», choca pela brutalidade da temática, que há muito é conhecida, mas só recentemente se tornou motivo de notícia.
O artigo refere-se à região de Paris, mas certamente o mesmo fenómeno grassa nas outras regiões de França, e poder-se-á dizer que o mesmo acontece por toda a Europa, onde vivem Portugueses.
No caso de Paris, o papel da Santa Casa de Misericórdia tem sido relevante. Contudo, quanto às situações fora deste círculo, nada é dito.
Esta situação começou a agravar-se nos últimos quatro anos, período que coincide com o também agravar da situação económica e consequentemente social na Europa.
“Aproximadamente 30% da nossa comunidade [está] a viver no limiar da pobreza ou abaixo do limiar da pobreza”, como se pode ler, é muito grave, e a situação em França tenderá a piorar, fruto da falência do próprio Estado francês.
Mais adiante é descrita a situação: _ “Todos os casos são marcantes porque encontramos pessoas que estão numa situação de grande necessidade. Trata-se de uma crise de subsistência que coloca em causa a própria subsistência da pessoa por não ter onde viver, não ter onde dormir, não ter o que comer, não ter onde trabalhar”.
As ‘boas consciências’ continuarão a ‘olhar para o lado’.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 20/10/2014
Mário Casa Nova Martins
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quarta-feira, outubro 15, 2014

Boletim Evoliano

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sexta-feira, outubro 10, 2014

OPEL CITY - 38 Anos

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Segundo os dados da Inspeção Técnica Periódica, o Opel City está em perfeito estado!
E, queremos, que assim continue
Mário Casa Nova Martins
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quinta-feira, outubro 09, 2014

PLÁTANO - revista de arte crítica de portalegre

A página no Facebook da «PLÁTANO - revista de arte e crítica de portalegre» ultrapassou os 600 ‘gostos’.
O êxito que é este número deve-se ao seu Administrador,
Luis Filipe Marques Meira.
Mário Casa Nova Martins
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Página no Facebook:

terça-feira, outubro 07, 2014

Desabafos, 2014/2015 - II


“Quando chegar a hora decisiva,…
Procurem-me nas dunas, dividido
Entre o mar e a terra.”
Miguel Torga
 
Houve um tempo, não há muito tempo, que Portugal começava no Minho e estendia-se até Timor, atravessando oceanos e continentes. Foi o tempo do Império, tempo que então os Portugueses viviam e admiravam a ponto de se sacrificarem e lutarem por ele.
Ao longo do tempo uma plêiada administrou-o, e com a sua competência e patriotismo o Império manteve-se forte e coeso
Como todos os Impérios, gerou Santos, Mártires e Heróis. Também pariu cobardes, traidores e desertores.
Quando, num outro tempo, na Escola se estudava, se ensinava e se aprendia, a História falava desses Heróis, dando-os com exemplo para os Jovens que formava.
D. João de Castro, Mouzinho de Albuquerque, Roberto Ivens, Brito Capelo, João de Azevedo Coutinho, Luiz Vaz de Camões, Garcia da Orta, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, e tantos outros que a Memória guarda, mostram como houve Portugueses que honravam a Pátria que os viu nascer.
Para Thomas Carlyle, a história pode ser interpretada através da vida dos heróis e dos chefes e reconhece a íntima relação entre heroísmo e mito. Na sua obra «Os Heróis», a partir da lenda de Odin, deus supremo da mitologia nórdica, Carlyle descreve as diversas formas que o heroísmo pode adoptar, seja através de deuses, poetas, guerreiros, sacerdotes, profetas ou reis.
Faleceu no passado dia 30 de setembro o Comandante Guilherme Almor de Alpoim Calvão - Fuzileiro Especial.
Homem de Causas, de Valores e de Princípios, nasceu no Império e dele foi fiel combatente, tornando-se herói e lenda.
No tempo presente não é fácil louvar a Memória de quem esteve num determinado tempo do lado errado da História. Do lado dos Vencidos.
Quando a verdade vencer a mentira, tempo virá em que a História voltará a honrar os Heróis, e nesse dia Alpoim Calvão será lembrado como o Militar e o Patriota, que sempre foi.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 06/10/2014
Mário Casa Nova Martins
Guilherme Almor de Alpoim Calvão
(6 de janeiro de 1937- 30 de setembro de 2014)
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sexta-feira, outubro 03, 2014

Pelo Direito a Nascer!

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Toda a informação em: http://www.caminhadapelavida.org/
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quinta-feira, outubro 02, 2014

Portalegre n'O Diabo

Portalegre na última edição de O Diabo, de 30 de setembro de 2014.
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quarta-feira, outubro 01, 2014

PLÁTANO número 8


Hoje, dia 1 de outubro de 2014, o número 8 da «PLÁTANO – Revista de Arte e Crítica de Portalegre» está concluído.
Com 72 páginas, formato A4, a «PLÁTANO» será apresentada no próximo mês de dezembro.
Mário Casa Nova Martins