\ A VOZ PORTALEGRENSE: fevereiro 2009

sábado, fevereiro 28, 2009

Corto Maltese em Portalegre (I)

Durante este mês de Fevereiro de 2009, Corto Maltese esteve em Portalegre! Uma iniciativa levada a cabo pela Directora da Biblioteca Municipal de Portalegre, Dr.ª Olga Ribeiro, que hoje termina.
Ao longo do mês, foi possível constatar o interesse de quem passou pelo átrio da Biblioteca na Exposição que mostrava aguarelas de Hugo Pratt representando Corto Maltese e cujas tonalidades, da direita para a esquerda, corriam as cores do arco-íris. Também estavam expostos os álbuns, bem como revistas e outros objectos que fazem parte do universo de Corto Maltese.
Falar de Corto Maltese e de Hugo Pratt não é fácil. Mas foi possível abordar a riqueza desta BD, podendo-se dizer que valeu a pena o esforço por parte de Quem idealizou todo o Projecto. Portalegre tem que Lhe estar agradecida!
Mário Casa Nova Martins

Corto Maltese em Portalegre (II)

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Biblioteca Municipal de Portalegre

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Serviço Público

Serviço Público no Sexo dos Anjos
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É importante que fique um registo deste conjunto de entrevistas
Mário

Desabafos

Recentemente, o Procurador-Geral da República afirmou perante a comunicação social, quiçá com candura, que há tanta corrupção na Madeira como no Continente. Assim sendo, então tudo está bem, e pronto!
Mas esta “confidência” de Pinto Monteiro, de seu nome, foi dita, e pronto! Como diz o ditado popular, «tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”. Abençoado país este, que perante a afirmação de que há corrupção em Portugal, e dito por Alguém com fortíssimas responsabilidades no seu combate, tal não provoca nada mais do que uns sorrisos amarelos de quem sente que Portugal é hoje um país onde corrupção “rima” com impunidade.
Mas o mais curioso é que tanto se diz que há corrupção, para depois “a montanha parir um rato”. Escudados em leis que os protegem, os corruptores e os corruptos gozam uma impunidade inaudita! Os registos registam que apenas uma ínfima “arraia-miúda” é apanhada na “rede”, enquanto os “grandes chefes”, os “tubarões”, mantém o estatuto de “intocáveis”.
A Justiça em Portugal é hoje para os portugueses sinónimo quer de ineficácia, quer de não-Justiça. Ninguém acredita na celeridade da Justiça, quanto mais na própria justiça da Justiça.
Não há sector da sociedade portuguesa que não clame por uma Justiça justa. Mas, por exemplo, a morosidade e o não acreditar na punição dos verdadeiros culpados nos casos mediáticos em julgamento e que diariamente são capa de jornal e abertura de rádio ou telejornal, criam a sensação de impunidade perante o ilícito, fazendo com que o cidadão comum comece a acreditar que “o crime compensa”.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 27/02/09
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Biblioteca Municipal de Portalegre

SÁBADO 28 DE FEVEREIRO
Nome do Evento: “Corto Maltese, o último aventureiro?
Tipo: Conversa/debate
Texto descritivo: Filho natural de uma cigana andaluza e de um marinheiro inglês, leitor de Joseph Conrad, R. Louis Stevenson, Herman Melville, Jack London, Corto Maltese vive o seu mundo de aventuras pela criação de Hugo Pratt, poeta, contador, mágico, ou na expressão de Alberto Ongaro, o “Orson Welles da BD”.
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Para conversar um pouco sobre tudo isto, convidamos todos os fãs de Corto e não só…
Onde: Sala Polivalente/Biblioteca Municipal
Quando: 16.30h
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Biblioteca Municipal de Portalegre
Rua de Elvas
7370-147 Portalegre
Telef.: 245.307.520
Fax: 245.203.011

Tribuna

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Resposta a um Amigo

A morte de Viriato
(José Madrazo)
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Pergunta-me João Marchante, a propósito de um texto meu que acompanhava a efeméride dos trinta e cinco anos da edição de «Portugal e o Futuro»:
_Não considera o ganancioso apetite pelo último Império Ultramarino, por parte dos E. U. A. e da U. R. S. S., como a principal causa para o coup d'État de 1974?...
Vou responder, dando a minha interpretação dos factos, não deixando de dizer quanto me sinto honrado por ter sido interpelado por Alguém que muito admiro e respeito.
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Hoje, a leitura atenta dos arquivos da época, parece não oferecer dúvida que o primeiro momento do denominado Movimento dos Capitães teve razões de ordem corporativa. A insatisfação dos oficiais do quadro face aos oficiais milicianos era real, e de origem monetária motivada pelo processo de progressão na carreira. Num momento seguinte, há a apropriação das reivindicações corporativas para razões de outra ordem, militar e política.
Se bem que quem fizesse a guerra, no teatro das operações, fossem os milicianos, os oficiais do quadro, nos gabinetes, estavam fartos das comissões fora da Metrópole. Sentiam que não podiam ganhar a guerra, mas também sabiam que não a tinham perdido. Na Guiné, e por razões de ordem geográfica mais do que por razões do armamento militar dos guerrilheiros, a situação era diferente. Devido à geografia, havia zonas “abandonadas”, que o PAIGC controlava e onde nas vésperas de Abril de 1974 declarou a independência. Mas esse consentido vazio de controlo por parte do exército português era de ordem táctico-militar.
Por outro lado, há o aproveitamento político por parte de militares ligados ao clandestino PCP, e não só, que vão aproveitar a situação para, no momento certo, transformarem o descontentamento de classe em revolução político-ideológica.
O golpe-de-estado, em 25 de Abril de 1974, é inevitável. Se o livro de Spínola o “acelera”, é uma questão que não tem consenso. É um facto que os militares spinolistas “saem” em 16 de Março de 1974, uma “antecipação” do que ocorreria um mês depois, mas é discutível dizer-se que o livro “deu” a componente ideológica ao MFA. O “Golpe das Caldas” poderia tentar implementar a tese de «Portugal e o Futuro», a Revolução dos Cravos queria a Descolonização, com a entrega do poder aos guerrilheiros que combatiam Portugal e que eram apoiados por diferentes quanto distintos países, que iam da Suécia a Israel, da China à então URSS, e tantos outros como os do denominado Movimento dos Não-alinhados. A posição dos EUA foi clara no tempo de Kennedy, apoio à guerrilha, e ambígua nos tempos de Nixon e Kissinger.
Há um claro “apetite” das duas superpotências de então sobre o Império Colonial Português. A URSS há muito que apostava em termos geopolíticos em África, e os EUA com Kennedy tentaram “recuperar” o tempo perdido. Enquanto a URRS e o seu capitalismo de estado não tinha interesses económicos nas colónias portuguesas, já empresas europeias e americanas estavam presentes.
Contudo, essas empresas americanas e europeias não tinham a liberdade e as oportunidades de negócios no Ultramar português, como em outros novos países africanos, que enquanto recebiam ajuda militar da URSS, viam as suas riquezas naturais serem selvaticamente exploradas por europeus e americanos. Novas formas de colonialismo, que se mantém.
Segundo os arquivos americanos, o governo dos EUA foi apanhado desprevenido. Os serviços secretos americanos não conseguiram prever o que se iria passar, porventura mais preocupados com a Guerra-Fria e com o Chile de Augusto Pinochet. A URSS tinha em Álvaro Cunhal e o PCP a “chave” da fechadura que iria abrir as colónias portuguesas aos seus interesses. É um facto que após a Descolonização o PCP “aceita” o jogo democrático, o seu “tempo” acabara.
Interesses de toda a ordem surgiram após a madrugada de 25 de Abril de 1974. No rescaldo, Portugal “regressou” à Europa, e passou a ser nela um “ponto” ultraperiférico. A URSS implodiu. Os EUA caminham para o seu ocaso, que culminará com a sua fragmentação em Estados independentes.
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Caro João
O Império acabou. A miríade da Europa acompanhou os sonhos dos vencedores em 25 de Novembro de 1975. Antes, os vencedores de Abril queriam a Ditadura marxista para o Povo Português. Hoje, estamos desesperadamente sós, neste canto da Europa.
Abraço.
Mário

João Caraça

Não pensemos que é na reforma das instituições europeias que está a solução. É na sua refundação

A Perestroika americana

João Caraça

O velho ditado “o pior cego é aquele que não quer ver” continua válido. Não quisemos ver. Foi preciso toda esta intoxicação que nos trouxe a presente crise para começarmos a compreender.
O capitalismo do século XX construiu-se tendo como figura central a grande empresa industrial, verticalmente hierarquizada e integrada. Duas poderosas organizações territoriais imperiais constituíram-se seguindo este modelo: a soviética, a partir da revolução de 1917 (sob a forma de um capitalismo de Estado), e a norte-americana, com o impulso e os programas do New Deal após a depressão de 1929-1933 (desenvolvendo-se como uma economia capitalista de mercado). Foi o esgotamento da dinâmica da sociedade industrial, com as crises do petróleo e as novas tecnologias da informação, que naturalmente provocou a implosão de ambas - por incapacidade de antecipação por parte das respectivas elites dirigentes, que promoveram perestroikas em vez de verdadeiras refundações.
Os dois impérios duraram o mesmo tempo: 75 anos, o intervalo de três gerações (1917-1991 para a URSS; 1933-2008 para os EUA na sua fase imperial) e terminaram de modo semelhante - contracção da produção e crise financeira. Apenas mudaram as circunstâncias. O intervalo de três gerações corresponde a um período recorrente na história das organizações. Essas três gerações têm características e funções diferentes - a primeira, dos fundadores ou dos conquistadores; a segunda, dos seguidores ou dos continuadores; a terceira, dos reformadores ou dos dissipadores. Esta última geração é a que tem a função mais ingrata, pois, não tendo tido contacto físico directo com os comportamentos e a ética das origens fundacionais (ao contrário das outras duas), procura na reformulação dos princípios e na reforma das instituições a manutenção dos privilégios de aquisição da riqueza.
Perto do final do período imperial, consoante o estado e o peso das forças exteriores ao império, assim se assiste à sua refundação ou à sua implosão. Nós, ocidentais, vimos a perestroika soviética como o estertor do velho urso moribundo. E não quisemos ver na “globalização das finanças”, na “deslocalizaçâo”, na “inovação aberta” e na “gestão do conhecimento” o tombo abissal da águia cansada de bater as asas. Embarcámos na propaganda. Quisemos ver nos casos de sucesso da perestroika americana a liderança da transformação dos anos 1990 e do século XXI. Quando eles apenas ocultavam a enorme ineficiência e desperdício da economia do centro do império. Que levou o endividamento total (público mais privado) da nação americana ao extraordinário valor de 330% do respectivo PIB! É que era preciso um consumo galopante para alimentar a máquina e, por isso expandiu-se o crédito como nunca se viu; ora, não havendo poupança interna, alguém teria de poupar para os americanos poderem investir. Foi-se buscar a poupança naturalmente aos domínios do império e mesmo à sua periferia, graças à perestroika nas finanças: os países da Europa, da América Latina, a China e outras dependências asiáticas contribuíram assim para o peditório - iludidas como o “génio”, o “conhecimento” e a “audiência” dos financeiros imperiais durante os reinados dos Presidentes Bush, Clinton e Bush. Como velhos aliados, só podemos desejar boa sorte ao Presidente Obama.
Mas uma grande oportunidade abriu-se também para a Europa. E que é preciso saber aproveitar. Não pensamos, porém, que é na reforma das instituições europeias que está a solução. É, antes, na sua refundação. É no estímulo à criação de novas organizações que saibam inovar de forma sustentada nesta sociedade em rede, que vai enxameando o globo, que devemos centrar a nossa capacidade colectiva. O que restar do passado desaparecerá sem glória na voragem dos anos 2020. É bom que o antecipemos para que essa eliminação seja mais tranquila do que violenta.
Professor universitário. Director do serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian
in, 34 . Público . Sábado 21 Fevereiro 2009

terça-feira, fevereiro 24, 2009

Desafio

Desafio
A Minucha colocou-me um Desafio. Tenho que “dizer seis coisas que vejo ou digo, todos os dias ao espelho”, pela manhã, acrescento eu. Não vais ser fácil, porque de facto nunca me "preocupei" com o espelho, nunca cultivei nenhum narcisismo.
Mas vou-me “inspirar” no filme de Bob Fosse «All That Jazz», quando, já na parte final do filme o protagonista Joe Gideon (Roy Scheider) olha para o espelho e diz, fazendo um gesto com as mãos: _ “O Espectáculo deve continuar!”.
Obrigado, Minucha.
Mário
1 – Estou vivo!
2 – Como o tempo passou rápido!
3 – As notícias (que ouço na Antena1) são tão parciais!
4 – O Mundo está perigoso!
5 – Como me vai correr o dia?
6 – THE SHOW MUST GO ON!

Bye Bye Life - “All That Jazz” (1979)

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Crónica de Nenhures

A imprensa católica de Portalegre
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Em artigo publicado na revista Sábado da passada quinta-feira (SÁBADO – Nº 257 – 19 a 25 de Fevereiro de 2009 – pgs. 52 a 56), fica-se a saber que a igreja católica portuguesa tem três programas na televisão (70X7, Caminhos e A Fé dos Homens), que controla o grupo Renascença (a Rádio Renascença, a RFM, a Mega FM e a Rádio Sim), tem a Agência Ecclesia (dá notícias da igreja em Portugal), e que tem cerca de 800 jornais de inspiração cristã (com 12 a 36 páginas e uma tiragem mensal de 2,4 milhões de exemplares).
É sem dúvida um universo na área da comunicação social de grande monta, abarcando a internet, a componente escrita, televisiva e da rádio. É o denominado Quarto Poder, em grande força e vigor.
Mas se o Quarto Poder é forte em termos de quantidade, pode questionar-se muita da sua qualidade e principalmente de influência. O magistério da influência da comunicação social da igreja católica portuguesa não corresponde ao número de “veículos” que a igreja detém.
Esse “desequilíbrio” é fundamentalmente em termos da comunicação social escrita. A maioria dos jornais ditos de inspiração cristã são meros órgãos paroquiais, que não exercem a menor influência na comunidade em que se situam. Desta forma, a quantidade não é sinónimo de qualidade.
Hoje, a sociedade não está motivada para ler a imprensa cristã, fazendo com que os casos de sucesso de jornais ligados à igreja católica sejam uma pequeníssima minoria. Por exemplo, na diocese de Portalegre – Castelo Branco, o semanário de Castelo Branco «
Reconquista» é um projecto de sucesso, porventura porque a vertente eclesial se dilua pelo jornal, nunca dando o aspecto de jornal da Fábrica da Paróquia.
Recentemente, o semanário de inspiração cristã «
O Distrito de Portalegre» sofreu alterações gráficas e em termos de direcção. Quanto à primeira, deu-se uma mudança que tornou o jornal mais atractivo. Quanto à última, mais importante, o segundo número da sua nova direcção mostrou que dificilmente “algo mudou para que tudo ficasse na mesma”. Alterações de vária ordem, que o novo director levou a cabo, mostraram que os tempos são outros.
Quiçá, um dos problemas do jornal seria o facto de nas últimas duas décadas existirem órgãos ou funções que “diminuíam” o estatuto da figura do director. A existência de um conselho de redacção, que se mostrou sempre ineficaz em termos de participação na feitura do jornal e na definição e escolha de conteúdos, e a delegação de funções, mais do que poderes, em figuras que tanto podiam ter a designação de “chefe de redacção”, “director executivo”, ou outra, num jornal com a dimensão de «O Distrito de Portalegre», não resultaram. É fundamental que o jornal tenha um director “forte”, que defina uma linha de acção e que por ela possa ser responsabilizado. E que responda perante quem de direito, neste caso o bispo da diocese.
Outra questão importante para o jornal tem a ver com a comunidade em que se insere. Não é possível, em termos práticos, que o jornal abarque toda a diocese. Existem nas cidades da diocese jornais de prestígio, como por exemplo o «
Ecos do Sor», ou o «Reconquista». Não faria grande sentido entrar em “guerra” com estas instituições.
«O Distrito de Portalegre» terá que ser, como sempre foi, um jornal local. Mas hoje tem campo de manobra para se “estender” aos concelhos limítrofes, onde, curiosamente, não há jornais, sendo que a aposta nestes concelhos, Arronches, Marvão, Castelo de Vide, Nisa, Crato, Alter do Chão e Monforte, é exequível.
Contudo, toda esta vasta região em termos de área, mas de fraca densidade populacional e pobre em termos de tecido empresarial e comercial, tem um denominador comum, a sua fraca religiosidade. Tal facto dificulta a aceitação de um jornal que dê grande ênfase à religião, em desfavor da vida cívica. É, pois, necessário saber conciliar todos os factores, para que num futuro próximo seja alcançado o antes enunciado objectivo da viabilidade económica do novo projecto para o jornal.
“Espectador” que somos, não tendo qualquer pretensão à “qualidade” de colaborador, ou outra, fazemos esta “análise” como leitor do jornal. Que assim se diga
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Mário Casa Nova Martins



domingo, fevereiro 22, 2009

Carlos Canário

Carlos Canário na Selecção Nacional, no excelente

ANTIGAS GLÓRIAS DO FUTEBOL ALGARVIO E ALENTEJANO

Livro "Portugal e o Futuro"

Pode um livro mudar o curso da História?
A resposta a esta questão parece ser afirmativa, tendo em conta o que a versão oficial da História da Revolução dos Cravos, em 25 de Abril de 1974, e o livro sobre o qual passam hoje precisamente trinta e cinco anos que foi posto à venda, o «Portugal e o Futuro» de António Sebastião Ribeiro de Spínola.
Todavia, pomos em dúvida que «Portugal e o Futuro» fosse decisivo para a revolução abrilina de 1974. O descontentamento, por razões corporativas, que grassava nas Forças Armadas, de uma maneira ou outra, conduziria inexoravelmente à queda de Caetano e Thomaz.
«Portugal e o Futuro» serviu a corporação, no sentido de lhe outorgar uma “legitimação” teórica-política. Não mais. As teses que defende, há muito que eram conhecidas, tendo, inclusive, sido em tempos defendidas por Marcello Caetano.
Hoje também se sabe que a DGS e Caetano sabiam em pormenor o que se passava nas denominadas reuniões dos capitães, tal como as cumplicidades de Costa Gomes, Kaúlza e Spínola. Tudo não passava de um “segredo de polichinelo”…
As teses do livro não puderam ser aplicadas. Aliás, nunca poderiam ser, quer antes de 25 de Abril de 1974, nem depois. O tempo dos Federalismos há muito que passara.
Mário

sábado, fevereiro 21, 2009

Nun'Álvares (I)

Consistório para canonização de D. Nuno Álvares Pereira
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A canonização do Beato Nuno de Santa Maria, D. Nuno Álvares Pereira, avança de forma “decisiva” hoje, com a realização de um Consistório público ordinário para a votação de dez causas de canonização, na presença do Papa.

Nun'Álvares (II)

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Nun'Álvares (III)

GALAAZ ?
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D. Nuno tem 16 anos. O pai veio à Corte e chamou-o de parte.
- «Nuno, tu, embora sejas moço, parece-me que é bem e serviço de Deus e tua honra que venhas a casar. E como há entre Douro e Minho uma mui nobre dona, nova e de muitas virtudes, é minha vontade, se isso agradar a Deus que cases com ela. E agora quero que me digas o que te parece disto».
D. Nuno apanhou no ar a palavra «dona». Uma dona que vai casar é porque é viúva. Mas isso ao faz impressão ao moço cavaleiro. A sua ideia muito bem assente era não casar, nem com dona nem com donzela. Quanto lhe custava dizer isto ao pai!... Por nada deste mundo queria desgostá-lo. E dizer-lhe assim, redondamente, sem mais rodeios, que não queria, o que ele bem mostrava querer, não era para o feitio de Nuno Álvares.
Respondeu então com grande respeito:
- «Senhor, vós me falaste em casamento, coisa para que eu não estava preparado. E, por isso, peco-vos muito que me deis tempo para nisso cuidar. E então vos poderei responder com segurança o que me parecer deste assunto».
O pai ficou tão espantado que só pôde dizer que achava bem. Mas, mal o filho saiu começou a matutar, intrigado. Por que é que o filho queria tempo para pensar?! Era uma coisa tão simples e tão natural o que ele lhe dissera... Se nunca mostrara intenção de professar na Ordem, é porque queria casar. Mas, se queria casar, como é que hesitava quando o pai lhe encontrava uma noiva ideal?! O velho Prior não percebia nada. Ainda se Nuno fosse caprichoso como tantos rapazes da sua idade... Mas não. De todos os seus filhos era este o mais obediente, desde pequeno o mais ajuizado... Que vinha a ser aquilo?! D. Álvaro não chegava a entender. Foi falar com Iria. A mãe, que nos últimos três anos o acompanhara sempre - e que era mãe! - é que havia de tirar de Nuno o seu estranho segredo...
...Pois não tirou! O filho, mais à vontade com a mãe do que com o pai, logo lhe disse que de modo nenhum se queria casar. Mas não deu a razão.
Que razão havia ele de dar?
Para ser franco diria à mãe e ao pai: não caso porque Galaaz também não casou. Quero ser como ele. Mas, se usasse desta franqueza ingénua, a mãe nem talvez o entendesse, e o pai havia de se rir às gargalhadas...
Galaaz!...
Porque fora sempre virginal, é que o Cavaleiro Incomparável tinha sido incomparável. Nuno Álvares bem sabia que Galaaz era uma figura de romance. Mas, por detrás desse nome havia uma ideia: só o homem perfeitamente puro pode ser invencível. Esta ideia pairava... E, por vezes, aparecia com um ar levemente extravagante e perigoso. Dizia-se que o melhor não era entrar numa Ordem aprovada pela Igreja e aí guardar castidade, segundos os votos. O melhor seria que, cada qual à sua maneira, sem obedecer a uma regra comum, mas conforme a regra do próprio coração, se conservasse virgem no meio do mundo.D. Nuno estava conquistado por estas ideias, muito belas sem dúvida, mas um nadinha... escorregadias. Por esse caminho não era difícil chegar a dizer que o casamento era obra do Demónio... E havia quem o pensasse!
Quando o pai recebeu a resposta do filho ficou ainda mais admirado do que já estava. E resolveu meter na conspiração dois dos melhores amigos de Nuno: Álvaro Pereira, seu primo, e Álvaro Gil de Carvalho, seu cunhado. Acima de todas as razões havia uma que os dois amigos lhe martelavam: a vontade paterna. Nós já sabemos que D. Nuno sofria muito por contrariar o pai. Mas a sua consciência não se calava com motivos sentimentais. Estava convencido de que o seu dever era seguir os passos de Galaaz.
Então os amigos lembraram-lhe uma palavra que um dia todos três tinham ouvido a um frade muito sabedor da Sagrada Teologia: «melhor coisa é a obediência que o sacrifício». A estas palavras, Nuno Álvares não replicou. Pelo contrário, ficou em longo silêncio, a meditar.
Para alguns rapazes puros e sonhadores daquele tempo Galaaz era tudo.
Para Nuno Álvares, acima de Galaaz estava Jesus Cristo, e só com Jesus Cristo é que Galaaz podia ser o ideal do cavaleiro.
A obediência vale mais que o sacrifício. Se sou eu que escolho o sacrifício e me resolvo a ele, pode ser que me aproxime de Cristo, mas com certeza não me afasto de mim mesmo... Se obedeço, afasto-me de mim e fico a ser totalmente de Cristo. Se faço um sacrifício à minha escolha, só me desprendo dum pedacinho de mim, e é esse pedacinho que ofereço a Deus. Se obedeço, ofereço a Deus tudo quanto sou.Mas a obediência pode levar ao prazer... Pois pode! E que mal tem isso, desde que o prazer seja permitido ou ordenado por Deus?
Nuno estava decidido. Mandou dizer ao pai que casaria com D. Leonor de Alvim..
Henrique Barrilaro Ruas
in, Vida do Santo Condestável Dom Nuno Álvares Pereira,
pgs. 55 a 559, Ministério da Educação Nacional, 3.ª edição, 1969

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Rodrigo Emílio / Campos e Sousa

Desabafos

A primeira vista oficial da secretária de Estado norte-americana Hillary Cliton foi à Ásia. E este facto político reveste-se da maior importância em termos de geoestratégia política e económica.
Longe vai o tempo em que a diplomacia dos EUA “começava” as suas funções protocolares pela Europa. Em primeiro lugar, seria a Rússia a “privilegiada” pela primeira visita, sendo também de “paragem obrigatória” nas capitais Londres, Paris, Roma e Berlim.
Agora Hillary Clinton começou por Tóquio, passou a Jacarta, depois a Seul e terminou a viagem em Pequim. Japão, Indonésia, Coreia do Sul e China, são para a Administração Obama prioritários, o que prova que hoje para os EUA o Pacífico é mais importante que o Atlântico.
A Europa está a perder importância no conceito geopolítico mundial. E se a União Europeia não se tivesse constituído, mais difícil seria para a Europa o confronto, principalmente económico, com novas potências como a China, mas também o Brasil e a Índia. A Rússia está numa fase transitória. O colapso da URSS em 1991 ainda não foi ultrapassado. A economia da URSS era tão frágil, que passadas quase duas décadas a Rússia ainda não se conseguiu recompor, e ocupar o lugar de grande potência no concerto das nações.
A área do Pacífico é fundamental para os EUA. É para os países desta região que vão maioritariamente as exportações americanas, e é de lá que chegam os capitais para investir.
A Europa, envelhecida em termos demográficos e em termos de legislação política e laboral, deixou de ser competitiva. E se dúvida houvesse, agora Hillary Cliton desfê-la.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 20/02/09
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Do Alfarrabista

“Chegado” da Livraria Olisipo, chegou «Olivença a Marvão». É um opúsculo de 31 páginas, mas do maior interesse. Aliás, tudo o que tenha a ver com a afirmação de que Olivença é Portuguesa, tem interesse!
Ventura Ledesma Abrantes foi figura cimeira na defesa da Causa de Olivença, de qual o
Grupo dos Amigos de Olivença é hoje a face mais visível, assim como Carlos Eduardo da Cruz Luna o seu maior defensor publico.
Neste pequeno/grande livro, lê-se o discurso de Ventura Ladesma Abrantes na Sessão Solene que teve lugar na Câmara Municipal de Marvão, ao tempo presidida por José Domingos de Oliveira.
Ventura Ledesma Abrantes recebeu a Honra de ser “Munícipe Marvanense” em 8 de Setembro de 1934. E fica para a História o que então foi dito.
Mário
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Ventura Ledesma Abrantes (Olivença, 1883 - Estoril, 1956) foi um líder nacionalista português, fundador do grupo irredentista Grupo dos Amigos de Olivença.
Neto de uma portuguesa de Ponte de Sor e de um espanhol de Badajoz, fixados em Olivença, Ventura Abrantes nasceu no seio de uma família oliventina pró-portuguesa. A família acabou por decidir fixar-se em Portugal, segundo os seus biógrafos por ser mal vista pelas autoridades espanholas.
Em Portugal, Ventura Abrantes estabeleceu-se como livreiro, representando o país nas exposições livreiras de Sevilha, Barcelona e Florença.
Em 1938 fundou uma organização que daria origem, em 1945, ao Grupo dos Amigos de Olivença. Um de seus feitos mais notáveis na Questão de Olivença foi ter convencido o ministro da Justiça português, Manuel Gonçalves Cavaleiro de Ferreira, a conceder automaticamente a nacionalidade portuguesa a todos os oliventinos que o solicitassem.O seu livro O Património da Sereníssima Casa de Bragança em Olivença, publicado em Lisboa por Álvaro Pinto em 1954, continua a ser um dos livros mais importantes sobre a história da Olivença

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

Os Veencidos da Vida

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Parabéns, Caro Lory Boy
Mário

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Crónica de Nenhures

“A Rabeca” Vermelha
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ou
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A Banalidade do Mal
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Todas as Revoluções cometem os seus excessos. O 5 de Outubro teve-os, também o 5 de Dezembro de 1917, idem para o 28 de Maio de 1926, tal como o 25 de Abril de 1974, só para lembrar quatro momentos da História de Portugal do século XX.
Em Portalegre viveram-se no seguimento destes momentos revolucionários tempos bastante conturbados, raiando instantes de pré-guerra civil. Os vencedores queriam vingar-se dos “senhores” do anterior regime, a quem chamavam de opressores, utilizando as terminologias em voga.
Em 24 de Abril de 1974 “todos” eram salazaristas e anticomunistas, e em 25 de Abril de 1974 “todos” “acordaram” democratas e antifascistas. São assim sempre as Revoluções, que além de em seguida “comerem” os seus chefes, passados os excessos, se tornam reaccionárias, tentando preservar as “conquistas” que com a mudança de paradigma obtiveram.
Nos inícios de 1974 em Portalegre, como em todo o país, havia a imprensa situacionista e a imprensa oposicionista. Se «O Distrito de Portalegre», pertença da igreja diocesana cujo bispo era D. Agostinho Lopes de Moura, seria o jornal do regime, «A Rabeca» era o jornal da oposição.
João Diogo Casaca era uma figura respeitada, Republicano e Democrata, que sempre exercera a oposição ao Estado Novo, mantendo simultaneamente boas relações com os seus dirigentes locais. «A Rabeca» era indiscutivelmente um jornal sério, que tinha uma linha editorial coerente. Todavia, a idade avançado do seu ‘Director, Editor e Proprietário’, fez com que desde o princípio da década de setenta «A Rabeca» viesse a perder fulgor, a ponto de ser alienada a um grupo de gente, também da oposição, ligada às estruturas, primeiro clandestinas e depois da Revolução dos Cravos legais, do Partido Comunista Português, o PCP.
A partir de então, «A Rabeca» deixou de ser um jornal para ser um pasquim que não respeitava nada nem ninguém. Com a III República, «A Rabeca» transformou-se no órgão oficioso do PCP, e a sua radicalização atingiu foros de criminalidade. Ninguém escapava à sanha persecutória, fossem as Instituições que o novo regime queria implantar, fossem partidos políticos como o PS, PPD, MFP-PP, PDC, CDS, MRPP, AOC, enfim, tudo o que o PCP não conseguia controlar, não escapando a Igreja Católica.
«A Rabeca», de forma ameaçadora, publicava nomes de pessoas que tiveram cargos no Estado Novo, insultava quem tomasse a menor posição pública que contrariasse os propósitos antidemocráticos do PCP, em suma, pessoas e bens não estavam seguros perante a criminosa acção de «A Rabeca».
Quando em «O Distrito de Portalegre», jornal que se define de inspiração cristã, da passada quinta-feira dia 12 de Fevereiro de 2009, se lê o paragrafo escrito e que acima reproduzimos de José Manuel Basso, conhecido ex-presidente da Câmara de Nisa, um ex-autarca do PCP, toda esta Memória negativa de «A Rabeca» voltou.
A visão que José Manuel Basso dá daquele tempo e do jornal que muito justamente apelida de “Rabeca “Vermelha””, é exactamente a oposta da nossa. O que para José Manuel Basso é “indiscutivelmente o período (curto) de maior prestígio para o jornalismo portalegrense, na segunda metade do século XX”, para nós é um dos períodos mais negros da História de Portalegre. E a prova que «A Rabeca» não tinha o menor prestígio é que veio a acabar ingloriamente, falida. Apenas o famigerado Verão Quente a “alimentou, e a veio a destruir.
«De grande influência nos meios universitários e em todo o campo progressista de ideais democráticos», afirma José Manuel Basso. Porventura em relação ao meio da então UEC, a juventude universitária do PCP, porque «A Rabeca» não produzia textos doutrinários, mas sim panfletos de ódio. E se “ombreava na opção de leitura de quem queria alimentar consciência de resistência e amadurecimento na luta antifascista”, era porque os seus “congéneres” eram semelhantes no controlo pelo PCP e no fervor sectário.
«A Rabeca» foi, com toda a verdade, um órgão impar na História da Imprensa em Portalegre, mas com João Diogo Casaca, nunca no seu estertor, a soldo e mando do PCP.
Muito pouca “inspiração cristã” neste texto de José Manuel Basso, escrito no
semanário de inspiração cristã «O Distrito de Portalegre».
Mário Casa Nova Martins

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Desabafos

O Inverno de 2008/2009 pode, desde já, definir-se como o Inverno do Grande Descontentamento. Tudo parece correr mal. Um frio e uma chuva como há anos não se sentia e via, fruto da crise económica mundial uma economia gélida, um Futuro sem futuro para Portalegre, um quase sem futuro para Portugal.
Nenhuma medida parece dar certo, face ao aumento do desemprego, às falências de empresas, à insolvência das famílias, à insatisfação dos grupos corporativos, enfim, vive-se o ‘hoje’ sem saber o que o ‘amanhã’ reserva. As certezas estão banidas por tempo indeterminado.
Este ano é ano de eleições. Vota-se para a Europa, para a Assembleia da República e para a Autarquia.
A Europa está cada vez mais “longe” de Portugal. A Assembleia da República é vista pela maioria dos Portugueses como um lugar de menos respeito. A Autarquia, com a sua Assembleia Municipal e as suas Freguesias, há muito que deixou de ser a Polis, para ser um lugar de mediocridade cívica, onde mérito e competência se viram substituídos pela partidocracia.
O desencanto está estampado no rosto dos Portugueses. Ninguém acredita que nos próximos tempos a vida melhore, que as dificuldades de toda a ordem serão atenuadas, que ‘Esperança’ seja uma palavra que volte rapidamente a ser pronunciada.
E o Inverno do Grande Descontentamento dará lugar à Primavera dos Sonhos Perdidos, esta ao Verão do Inferno na Terra, chegado depois o Outono das Desilusões. No Outono terão lugar Eleições Autárquicas, e Portalegre vai “perder”!
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 13/02/09
Mário Casa Nova Martins

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Charles Darwin

Charles Robert Darwin
(Shrewsbury, 12 de Fevereiro de 1809 — Downe, Kent, 19 de Abril de 1882)
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No Dia do Bicentenário do seu Nascimento.

Charles Darwin

No Bicentenário do Nascimento de Darwin
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Edição da Lello & Irmão - Editores,
com tradução de Joaquim Dá Mesquita Paul, Médico e Professor, sem data.
Índice
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Este livro da Editorial “Inquérito” tem a data de 21 de Agosto de 1939,
Tradução e notas de Lobo Vilela,
e corresponde aos dois primeiros capítulos da «Origem das Espécies».
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Tem a data de 1981, e é um conjunto de entrevistas.
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terça-feira, fevereiro 10, 2009

Odisseia

Um Lugar que está vazio.
Caro Atrida, um Até Breve. Que seja apenas um “interregno” na Viagem.
Abraço.
Mário

Leilão

Demos conta do 1.º Leilão, também do 2.º Leilão, e agora falamos do terceiro, com a primeira sessão a 17 de Fevereiro às 21h30 e segunda a 18 de Fevereiro às 21h30, na Rua Agostinho Lourenço (ao Areeiro), n.º 20 - C, Lisboa.
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