\ A VOZ PORTALEGRENSE: junho 2006

quarta-feira, junho 28, 2006

O Cinzento da Liberdade

LIBERTY é o nome da estátua que os revolucionários franceses ofereceram aos revolucionários independentistas americanos, e que está à entrada do porto de New York, em Ellis Island.
Símbolo da Liberdade, esta sua fotografia é paradigmática.
Majestosa e bela, está envolvida por um céu cinzento, como cinzenta é a Liberdade que a América de George W. Bush quer impor ao Mundo!
A actual e única super-potência, faz dos Direitos Humanos atropelos em nome da luta contra o terrorismo.
Imperial e autista, em vez de contribuir para a Paz no Mundo, cria conflitos, como o do Iraque, por razões de interesse económico, neste caso o petróleo.
Ainda no Médio Oriente, cerceia a justa luta do Povo Palestiniano pela independência da Palestina, permitindo o seu extermínio às mãos do invasor.
A grande oportunidade que a História deu aos EUA para serem líderes mundiais, na Paz e no Desenvolvimento, após a queda do comunismo na Europa, está a ser esbanjado por um títere a soldo de interesses capitalistas-monopolístas.
Até ao final do seu mandato, que mais mal fará Bush à Humanidade? [mj]

Matando a sede nas fontes de Fátima

É a última obra publicada de Rodrigo Emílio.
Na descrição/sumário do seu conteúdo, escreve-se:
- O livro é uma admirável sequência poética mariana, e conta por epígrafe com um extraordinário Elóquio. O autor deste, António Manuel Couto Viana, assevera que os versos de Rodrigo Emílio "refervem de emoção sentida" e "evocam a prece de uma multidão anónima que, cada dia 13, a partir de Maio a Outubro, assiste à «cerimónia do adeus», quando, entre um agitar vibrante de lenços brancos, a imagem da Senhora de Fátima abandona a Basílica para recolher à capela das aparições".
No posfácio da obra, Silva Resende escreve: "Desde Moreira das Neves que nenhum outro escritor baptizava com tão filial delicadeza as suas musas na água lustral de Fátima".

Para encomendar directamente:
Antília Editora Lda.
Rua 15 de Novembro, 43 - 2.º
4100-421 Porto

Telef.: 226068828
Email: antiliaeditora@gmail.com

terça-feira, junho 27, 2006

Rodrigo Emílio (1944-2004) hoje

"Pequeno presépio de poemas de Natal"

Um poeta como Rodrigo Emílio transporta consigo uma linhagem que o tempo não ousa denegar. Filho do poeta e crítico Rodrigo de Mello, bisneto de Thomaz Ribeiro e familiar directo de um conjunto de escritores e artistas (Branca de Gonta Colaço, Thomaz Ribeiro Colaço, Jorge Colaço…), há nas palavras deslembradas de Rodrigo Emílio uma força poética que interessa reavaliar, agora já depois do tempo da morte, infelizmente depressa chegado.
Não cessa, no entanto, a forja do Poeta. E em boa hora vem a lume, na quadra indicada, este “Pequeno presépio de poemas de Natal”, editado pela Antília Editora do Porto. Abrindo com uma completíssima “Tábua bibliográfica” e um interessante “Elóquio” de António Manuel Couto Viana, a que se somam diversas dedicatórias e um ensaio do Autor sobre o tema da Natividade na poesia portuguesa, a colectânea emiliana convoca, desde o início, os arcanos do dizer lírico: é de desesperança, silêncio e solidão que se faz um trilho multímodo – celebrativo e fluidescente, saudoso e indagador, monárquico e admirativo, unitivo e exemplar, fiel e testemunhal, ultramarino e nacional, beirão e português, sebástico e humano.
Cumprindo uma rota poética natalícia iniciada em 1959 e interrompida em 2004, Rodrigo Emílio é um caso de persistência temática e de ligação à matriz beiroa. Também por aí deve o Poeta ser revisitado, até porque a simbólica da constância da Natividade é sempre um especial encontro com a sua querida Parada de Gonta, aqui tão da nossa circunstância.
Do interessante florilégio de Natal, que é convite directo à compra e à prenda, escolho para exemplo o mais antigo, do Natal de 1959, que afirma, aliás, que o mistério, vindo de longe, está bem perto:

REMINISCÊNCIA DE NATAL
Coaxaram rãs no charco velho…
Ramalhou o sinceiral…
- Que noite é esta noite, aos pés da qual me
ajoelho,

Senão a nítida Noite de Natal,
que destaca da distância
todo o coral
d’ uma infância?
MARTIM DE GOUVEIA E SOUSA
[também no Jornal do Centro, de finais de 2005, e em www.rodrigoemilio.com]

Da necessidade de Ver

Intitulada 'Da necessidade de Ver', é a Exposição de Fotografia de João António Fazenda, que vai estar patente na Biblioteca Municipal de Portalegre, nos claustros do antigo Convento de Santa Clara, a partir de 15 de Julho próximo.
A ver. [mj]

sábado, junho 24, 2006

Camiliano(s)

Primeira edição de 'O Bico de Gaz', cujo preço, na 'Descrição Bibliográfica Camiliana' de Miguel de Carvalho, livreiro antiquário de Coimbra, é de 13 mil €.

Nova edição de 'O Bico de Gaz', da 'Barca Nova - Editor', Colecção 'Curiosidades & Velharias', Lisboa, datada de 1985, e com prefácio de Maria de Santa Cruz, localizado e datado de 'Lisboa, 13 de Maio de 1985'. [mj]

Camiliano(s)

Capa de uma edição de 'A Infanta Capelista, sem data, mas cujo prefácio de Viale Moutinho está localizado e datado de 'Porto, Maio de 1984'.
Pertence à 'Colecção REAVER' da Editorial LABIRINTO, LDA.
Segundo a 'Descrição Bibliográfica Camiliana', o valor da primeira edição desta obra é de 9500 €.

Capa da 'Descrição Bibliográfica Camiliana', elaborada em volume por Miguel de Carvalho.

http://www.livro-antigo.com/site/index.php

[mj]

Livros de Camilo são disputados

Camilo Castelo Branco no topo do mercado do livro antigo
Caso único na literatura portuguesa, Camilo assistiu ao longo da vida, à multiplicação dos coleccionadores da sua obra. Embora este culto atingisse o auge, no fim do século XIX e primeira metade do XX, continuam a ser elevadas, em leilões e alfarrabistas, as cotações dos seus livros e opúsculos. Exemplos significativos deparam-se na enumeração dos preços da Descrição Bibliográfica Camiliana, elaborada em volume por Miguel de Carvalho, livreiro antiquário de Coimbra, Não se trata, apenas, das primeiras edições de vários romances e novelas célebres, há muito classificadas como invulgares e a que Miguel de Carvalho atribuiu valores sujeitos, como é habitual, a reajustamentos: Amor de Perdição, Typographia de Sebastião José Pereira, Porto, 1862 (1200 €); Horas de Lucta, Typographia de Freitas Fortuna, Porto, l889 (3750 €); Carlota Angela, Typographia da Aurora do Lima, 1858 (500 €); Anathema, F. Q. da Fonseca editor, Porto, 1851 (400 €); e Scenas Contemporaneas, Typographia de Faria Guimarães, Porto, 1865 (850 €). Nem se trata da 1ª edição da primeira peça de teatro, Agostinho de Ceuta, Typographia de Bragança, 1847 (350 €), ou do primeiro livro que publicou, Pudonores Desagravados, versos, Typographia da Revista, Porto, 1845 (280 €).
O interesse dos camilianistas mais exigentes incide porém, fundamentalmente, sobre O Bico de Gaz, Typographia de Freitas Fortuna, Porto, 1854 (13 mil €); O Caleche, Typographia de J. Lourenço de Souza, Porto, 1849 (230 €); O Folhetim do Nacional, Revista do Porto, 1850 (2450 €); A Infanta Capelista, Typographia de António José da Silva Teixeira, Porto, 1872 (9500 €); Maria Não Me Mates Que Sou Tua Mãe, Typographia do Ecco, Porto, 1848 (1650 €). Qualquer destas últimas espécies, de extrema raridade, é sempre motivo de grandes disputas, mantendo Camilo no topo dos preços do mercado bibliográfico.
ANTÓNIO VALDEMAR

Texto e Gravura:
EXPRESSO / ACTUAL / 24 JUNHO 2006 / PÁGINA 7

quinta-feira, junho 22, 2006

Anos de Ouro do Futebol em Portalegre

Os Anos de Ouro do Futebol em Portalegre estão, indubitavelmente, ligados ao Campo da Fontedeira! [mj]

Falência do Futebol Regional (2.ª parte)

Tendo ficado em segundo lugar no Campeonato Distrital de Futebol da época de 2005/2006, em Séniores, promovido pela Associação de Futebol de Portalegre, o Clube Desportivo Portalegrense 1925, foi formalmente convidado, pelas instâncias competentes, a ocupar o lugar da Sociedade Recreativa Benavilense.
A sua Direcção tomou a decisão de recusar tal convite.
Com esta posição, o continuador do bi-Campeão Nacional Grupo Desportivo Portalegrense, mostrou que não quer hipotecar o futuro, participando numa competição que só lhe traria despesas, sem qualquer retorno desportivo.
Honra a quem tomou esta Decisão! [mj]

Falência do Futebol Regional (1.ª parte)

Brilhantemente, a Sociedade Recreativa Benavilense venceu o Campeonato Distrital de Futebol da época de 2005/2006, em Séniores, promovido pela Associação de Futebol de Portalegre.
Sem apoios financeiros que lhe permitissem ocupar o lugar que lhe competia no III.ª Divisão Nacional de Futebol, decidiu desistir de tal participação, deixando aquele lugar vago.
Saúda-se a coragem dos seus Dirigentes, ao tomarem tal atitude. [mj]

quarta-feira, junho 21, 2006

Bandeira e Hino

Na verdade, apesar de todos os atropelos, esta ideia de Pátria, de Nação, de País está de novo caminhando. Não tanto, ainda, pelo que conseguimos fazer de bom na economia, na educação ou noutros campos (e é universalmente reconhecido pelos portugueses), mas pelo fenómeno de massas que é o futebol. Não, também, pelo culto positivo da nossa história, da nossa literatura, da nossa língua e da nossa cultura. Mas pela adopção democrática espontânea dos símbolos nacionais do Hino e da Bandeira, a propósito do "clube Portugal" em que se tornou a selecção de futebol.
Quantos milhares de portugueses aprenderam a cantar o Hino e a usar os símbolos nacionais com orgulho, por causa do Euro 2004 e agora do Mundial? Também aqui a ideia profunda de País e de Nação venceu a ideia rasca e anti-portuguesa do antinacionalismo - tão difundida pelos que viam num certo internacionalismo, filho de um dos grandes totalitarismos do século XX, o comunista, um subserviente substituto para a ideia de Nação.
Mesmo sendo o futebol o que é, no seu melhor e no seu pior, resulta magnífico ver tantos portugueses a cantar A Portuguesa e a fazer ondular ao vento a bandeira das quinas. E com que orgulho o fazem os milhares de emigrantes, os homens da moderna diáspora, nos dias que eles sentem como sendo sempre "de Portugal e das Comunidades".
Há dois conceitos de nacionalismo, hoje como ontem. Um conceito aberto, progressista, que não teme o mundo e não receia a afirmação dos valores nacionais, representado pela diáspora portuguesa e por aqueles que se revêem na história portuguesa; e outro conservador, que os antiglobalização tão bem representam e que quer parar o curso da História - neoproteccionista e chauvinista, envergonhado dos valores nacionais, laicista em vez de laico e para quem as Forças Armadas, Nação, Pátria são um empecilho. Os herdeiros da Guerra-Fria, pelo lado do velho internacionalismo proletário, refugiaram-se quase todos aqui, modernizando o discurso, mas conservando os conceitos. O Portugal moderno de hoje tem nestes novos velhos do Restelo, de discurso fácil e demagogia sedutora, os seus novos-velhos inimigos.
Se há algo que, nestes últimos trinta anos, se tornou evidente é que os herdeiros do velho progressismo são os verdadeiros conservadores, os que se opõem a todas as reformas - ou que só as querem para os outros - e que muitos dos ditos conservadores são os verdadeiros progressistas.

José Manuel Barroso
Jornalista
Diário de Notícias
Terça-feira, 20 de Junho de 2006

terça-feira, junho 20, 2006

Paralelismos

A igreja da Sagrada Família, de Gaudi, um galego, simboliza a Nação Catalã. Uma construção em Construção.
Os catalães apoiaram expressivamente o novo Estatuto da Catalunha.
Este documento não é aquele que concede a independência a este Povo ibérico, mas é mais um passo nesse sentido, irreversível. [mj]

Símbolos da Nação Catalã

Escudo

Bandeira

Distintivo da Generalitat

Estatuto da Catalunha

Resultados finais do Referendo ao novo Estatuto da Catalunha
.
Censo 5.202.291
Censo escrutado 5.202.291 (100%)
Abstención 2.631.813 (50,59%)
Total votantes 2.570.478 (49,41%)
Votos nulos 23.046 (0,90%)
Votos válidos 2.547.432 (99,10%)
'Sí' 1.882.650 (73,90%)
'No' 528.721 (20,76%)
'en blanco' 136.061 (5,34%)


¿Aprueba el proyecto del Estatuto de autonomía de Cataluña?
Sí 73,90%
No 20,76%

Dados: Generalitat de Catalunya www.gencat.cat

domingo, junho 18, 2006

Homenagem

Faleceu Joaquim Miranda da Silva.
Ideologicamente em campos opostos.
Equidistantes do centro politicamente correcto.
Honramos a Memória de um Adversário Político que sempre mereceu o nosso respeito.
Mário

sábado, junho 17, 2006

Homenageando o Amigo de Olivença

Morreu ontem, aos 70 anos, um grande escritor português.
Nos seus escritos e em várias intervenções públicas, designadamente em iniciativas do GAO, manifestou compreender bem a dimensão e o relevo da Questão de Olivença, especialmente o processo de colonização em curso no território, que bem retratou na sua "Geografia da Saudade" e no romance "Vida e Morte dos Santiagos", cuja acção decorre por vezes em Olivença.
Aliás, já em 1994, no "Diário de Notícias", denunciara o modo como o litígio era tratado na imprensa espanhola.
[GAO - Grupo dos Amigos de Olivença]

Como a Fénix

Abu Hamza al-Muhajir é, segundo os EUA de George W. Bush, o nome do novo líder da al-Qaeda no Iraque.
E, como seria de esperar, o luto e a morte continuam activas no Iraque. [mj]

IN MEMORIAM - Abu Musab al-Zarqawi

Guerra(s)

Há dois conceitos que não podem ser confundidos, a guerra preventiva e a guerra preemptiva. Esta é uma acção por antecipação que, na iminência de um ataque inimigo, é desencadeada para o neutralizar. É identificável com uma acção de legítima defesa. Já a guerra preventiva é levada a cabo na mera presunção de que um outro pode vir a constituir uma ameaça ou vir a dispor de capacidade e vontade para desencadear uma agressão. É uma acção ofensiva não enquadrável no contexto da legítima defesa.*
O ataque germânico, na Segunda Grande Guerra Mundial, à URSS de Estaline, foi considerado pelo Tribunal de Nuremberga uma agressão. De acordo com a teoria do general Pezarat Correia, foi um ataque preventivo. Hoje, com a abertura dos documentos soviéticos, discute-se se Estaline não estava a preparar um ataque à Alemanha, destruindo o Pacto Molotov-Ribbentrop, e esta desconfiada pela contínua chegada de efectivos militares soviéticos à fronteira dos dois países, ataca o exército vermelho num acto de preempção.
Como enquadrar o belicismo dos EUA, de George W. Bush, em relação ao Iraque numa destas duas acepções?
Por outro lado, os "falcões" americanos consideram a ONU um fórum para esquerdistas, anti-sionistas e anti-imperialistas.**
Então, como acreditar que vão aceitar as suas resoluções? [mj]
_______
*Pedro Pezarat Correia, Le Monde Diplomatique - Edição Portuguesa, n.º 47, Fevereiro 2003, pg. 2, cl. 2, ls. 3 a 13
**Eric Rouleau, idem, pg. 15, cl. 4, ls. 31 e 32

Portalegre e os seus Conventos

Esta brochura turística, datada de 2005, foi editada pelo Departamento de Assuntos Sociais, Cultura, Educação, Desporto e Turismo da CMP.
Com o título ‘Portalegre - Turismo’, e subintitulada ‘Cidade dos Sete Conventos - Coração Espiritual do Alentejo’, é um útil roteiro destes monumentos da capital do Distrito. [mj]

quarta-feira, junho 14, 2006

O Ensino Secundário em Portalegre


Página da reportagem sobre o Ensino Secundário, referente ao distrito de Portalegre. [mj]

A Escola que temos


A revista 'Focus' desta semana tem como tema principal uma reportagem sobre o Ensino Secundário em Portugal.
Em relação ao distrito de Portalegre, a escola em destaque é a Escola Secundária de São Lourenço, de Portalegre. [mj]

terça-feira, junho 13, 2006

Os Heróis também se abatem


Abu Musab al-Zarqawi foi ‘traído pelos companheiros, que denunciaram o seu paradeiro, perseguido numa operação que juntou forças iraquianas, americanas, jordanas e até iranianas’.
*
Tal facto vem lembrar o assassínio de Jonas Malheiro Savimbi às mãos da cleptocracia angolana.
Savimbi foi traído ‘pelos seus’.
Em política ‘está tudo inventado’, e a história, ciclicamente, repete-se…
Os Heróis também se abatem, … principalmente pela traição! [mj]

Iraque sem emenda


Segundo o “Expresso” (10/6/2006, p.28), Abu Musab al-Zarqawi foi ‘traído pelos companheiros, que denunciaram o seu paradeiro, perseguido numa operação que juntou forças iraquianas, americanas, jordanas e até iranianas’.
Tal facto só demonstra que tinha terminado o seu ‘prazo de validade política'.
Os seus ‘excessos’, ou, melhor, o seu ‘zelo’, já não serviam à estratégia dos novos senhores do Iraque.
A rapidez com foi substituído também quer dizer que tudo já estava planeado.
Como escrevia no seu site a Aljazeera, “the shura (consultative) council and Al-Qaeda in the Land of Two Rivers have both agreed to appoint Shaikh Abu Hamza al-Muhajer to succeed Abu Musab al-Zarqawi in the leadership of the organisation," said the statement on the al-Hesba website, where al-Qaeda's official statements usually appear”.
Em política, ‘não há coincidências’!
Os tempos próximos não serão ‘melhores’ para o Iraque. [mj]

segunda-feira, junho 12, 2006

A Nova Ibéria

Este mapa está na edição da revista ‘SÁBADO’, n.º 109, 1 a 7 de Junho de 2006, pg. 90.
O trabalho (A Europa aos bocados) é da autoria de Ferreira Fernandes.
Em relação ao texto ‘O Futuro do Ibéria’, considera-se a Andaluzia como independentista
Sem razões históricas, culturais e linguísticas tão fortes como na Catalunha, Galiza e País Basco, as gentes andaluzas, defendem a alteração do seu actual regime autonómico, tornando-o, pelo menos e para já, idêntico ao catalão.
Defendemos uma nova Ibéria política, onde convivam os Povos andaluz, basco, castelhano, catalão, galego e português, e coexistam as Nações portuguesa, galega, catalã, castelhana, basca e andaluza.
No fundo, Andaluzia, País Basco, Castela, Catalunha, Galiza e Portugal! [mj]
_______

Partidos Independentistas

Andaluzia
Partido Andalucista
http://www.partidoandalucista.org/

Catalunha
Convergència i Unió
http://www.ciu.info/

Galiza
Bloque Nacionalista Galego
http://www.bng-galiza.org/

País Basco
Partido Nacionalista Vasco
http://www.eaj-pnv.com/home.asp
Eusko Alkartasuna
http://www.euskoalkartasuna.org/
Euskal Herritarrok
http://es.wikipedia.org/wiki/EH

quarta-feira, junho 07, 2006

Poder Local a 'Vaca Sagrada' de 'Abril'

Escrevia Vasco Pulido Valente [Público, 12/3/2006, pg. 64] que ‘os códigos administrativos descentralizadores – o de 1836 (Passos Manuel), o de 1878 (Rodrigues Sampaio), o de 1886 (José Luciano de Castro) – duraram pouco tempo e deram invariavelmente muito mau resultado: aumento da corrupção, endividamento descontrolado das câmaras, domínio do caciquismo’. E, mais adiante, afirmava que ‘depois do “25 de Abril”, o poder local, ressuscitado e livre, gozou durante anos de grande prestígio. Mais recentemente começaram a aparecer dúvidas. Por aqui e por ali, voltaram as velhas taras do passado: os caciques, claro, os negócios de favor, o tráfico de influência, o dinheiro mal gasto e, como de costume, as dívidas. Pior ainda, há Câmaras que são o maior empregador do concelho e que exercem uma verdadeira tirania sobre uma população inerte e dependente’.
Algum tempo antes, o Expresso [4/3/2006, pg. 14], num texto de Graça Rosendo, escrevia em título ‘Nas mãos do Estado’ e em subtítulo ‘o concelho de Lamego tem menos de 30 mil habitantes e cerca de 80% trabalham na administração pública ou em instituições que vivem de subsídios do Estado. O hospital e a Câmara são os maiores empregadores, a dependência do Estado é quase total’.
Estes dois parágrafos encerram o grande tema que o regime saído da ‘Revolução dos Cravos’ tem que debater no curto prazo. De facto, o apelidado ‘Poder Local’, certamente instituído com a melhor das intenções, tem-se tornado ao longo das últimas três décadas no maior problema com que se debate o país.
O endividamento autárquico, muitas das vezes ligado a mais do que discutíveis investimentos que, se por um lado são improdutivos, por outro transformam-se em verdadeiros ‘elefantes brancos’ que consomem os cada vez mais parcos recursos das autarquias, cresce desordenadamente, e sem que o Estado central tenha coragem política para intervir.
A incapacidade das autarquias em atraírem investimento privado, verdadeiro gerador de riqueza, faz com que elas se tornem as maiores empregadoras do concelho, tornando dependentes em termos de trabalho famílias inteiras, e criando uma mão-de-obra não reivindicativa, submissa, o que propicia o nepotismo.
O distrito de Portalegre, com um envelhecimento populacional muito acima da média do país, com uma mão-de-obra pouco qualificada, longe dos principais centros decisórios económicos e políticos, é campo fértil para frutificar o que de mais negativo tem o dito ‘Poder Local’.
Sem se chegar a casos como os de Felgueiras, Gondomar ou Oeiras, até ver!, os denominados representantes eleitos do ‘Poder Local’ estão cada vez mais desfasados da realidade do próprio país, em termos de políticas de desenvolvimento e crescimento económico local ou regional. Vivendo em pequenos ‘condados’, ‘comprando’ consciências, rodeados de ‘cortesãos’ que os adulam cinicamente, são eles próprios ‘pequenos’ na pequenez dos seus actos, que, quer queiram, quer não, os vindouros julgarão, impiedosamente!
Por sua vez, o Estado tem que tomar medidas, e com urgência, para que o que de bom tem o ‘Poder Local’ não fique definitivamente subvertido pelo que de mal se tem feito, em nome dos sãos princípios que os seus primitivos legisladores o nortearam. A impopularidade que trará ao governo a moralização do ‘Poder Local’ por parte dos que o subvertem será largamente compensada pelo agradecimento do povo! [mj]

terça-feira, junho 06, 2006

Karol Josef Hubert Wojtyla (1920-2005)

Morreu o Homem, fica a Obra. Karol Wojtyla marcou o último quartel de uma maneira indelével. Ao longo da história da Igreja poucos pontífices tiveram um papel tão importante para a época em que viveram, como João Paulo II. E que se repercutirá no futuro.
Os vindouros recordarão este pontificado não pelas obras materiais que o papa deixou, como os papas da Renascença, mas sim pela Palavra. Os textos que produziu são o legado que João Paulo II deixa. As posições que tomou ao longo de vinte e seis anos à frente dos destinos da Igreja Universal, em caso algum, mesmo para os católicos, poderiam ser consensuais. Não era, aliás, isso que se pedia ao Vigário de Cristo, num tempo de aceleradas mutações políticas, económicas, sociais e culturais.
Todavia, o Homem que veio do Leste esteve sempre à frente da Igreja que governava…
As posições em defesa da Vida e o Ecumenismo representam os pontos mais altos da sua Doutrina. Por que João Paulo II fez Doutrina! O conhecimento, vivido, dos totalitarismos deu-lhe os artefactos para lutar primeiro contra o nacional-socialismo, depois contra aquele que Raymond Aron definiu como “o regime totalitário perfeito”, o estalinismo, e já na Cadeira de Pedro, junto com Ronald Reagan, contra o comunismo.
João Paulo II teve um carinho especial por Portugal, fruto da sua crença no Mistério de Fátima. Papa mariano, encontrou em Fátima as respostas para a razão do seu apostolado. Acreditando que a Virgem o salvou do atentado e que a terceira parte do Segredo a ele se referia, tudo fez para que os Pedidos de Nossa Senhora contidos na Mensagem se concretizassem.
Num Mundo em que os conflitos civilizacionais têm muito de religioso, numa Europa pós-cristã, de que é exemplo as premissas da sua Constituição, João Paulo II foi o papa defensor da ortodoxia no que respeita ao catolicismo, da independência da Igreja Católica em relação aos poderes políticos e económicos, e também o papa da globalização com as suas viagens apostólicas.
Estivemos em 1982 junto de João Paulo II, em Coimbra, aquando da sua primeira visita a Portugal. Voltámos a estar com ele, em Fátima, em 1991. Estaremos sempre em pensamento com este Homem admirável. [mj]